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Bolsa de Valores

Sinal de alerta? Apostas contra bancos crescem; Banco do Brasil (BBAS3) lidera

30 set 2025, 14:37 - atualizado em 30 set 2025, 14:42
Banco do Brasil
Segundo levantamento da Elos Ayta de 28 de setembro de 2025, o setor bancário lidera o ranking: quatro ações entre as 20 mais alugadas (Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Há um termômetro secreto na Bolsa que vai muito além dos preços ou balanços: o mercado de aluguel de ações.

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Quando investidores pagam caro para alugar papéis e vendê-los no mercado, o recado é claro: eles acreditam que os preços vão cair.

Em setembro de 2025, esse indicador ganhou ainda mais relevância.

Dados da Elos Ayta mostram que o volume financeiro alugado na B3 (B3SA3) atingiu níveis próximos aos recordes históricos em várias companhias, revelando uma combinação de forte expectativa de queda, concentração setorial e pressão vendedora em algumas das maiores empresas do país.

Como funciona o BTC?

O aluguel de ações, conhecido no jargão como BTC (Banco de Títulos CBLC), funciona de forma simples: o cedente (quem possui os papéis) empresta as ações ao tomador, que geralmente vende esses papéis apostando em recomprá-los mais baratos depois, lucrando com a diferença.

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Em troca, o cedente recebe uma taxa de aluguel. Quanto maior a demanda por aluguel, maior a aposta na queda do papel ou o uso como proteção (hedge) em outras estratégias.

Setores mais pressionados

Segundo levantamento da Elos Ayta de 28 de setembro de 2025, o setor bancário lidera o ranking: quatro ações entre as 20 mais alugadas — Banco do Brasil (BBAS3), Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e BTG Pactual (BPAC11).

Na sequência aparece o setor de petróleo (exploração, refino e distribuição), com três representantes, e o de energia elétrica, com duas ações. Outros 11 setores surgem com um papel cada, mostrando que as apostas em queda estão concentradas em segmentos estratégicos da economia.

Oito ações operam acima de 90% de seus recordes de aluguel dos últimos 12 meses, indicando pressão vendedora intensa.

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A Marfrig lidera no critério de proporção do free float alugado: impressionantes 36,92% de suas ações disponíveis estão emprestadas. Em seguida vêm o Banco do Brasil, com 14,96%, e a PetroRio, com 13,53%.

Veja a tabela

Empresa Setor Código Estoque alugado (R$ mi) Máximo 12M (R$ mi) Data Máximo % 29set25 vs Máximo % Free float alugado Taxa média aluguel (%)
Itaú Unibanco Bancos ITUB4 9.559 10.477 23/06/2025 91,24 4,68 0,13
Vale Minerais metálicos VALE3 9.525 15.350 05/03/2025 62,05 3,91 0,05
Banco do Brasil Bancos BBAS3 9.365 9.579 24/09/2025 97,77 14,96 0,13
Petrobras Exploração refino e distribuição PETR4 7.583 12.171 28/02/2025 62,31 5,38 0,05
Bradesco Bancos BBDC4 5.837 6.265 19/09/2025 93,17 2,11 0,03
Ambev Cervejas e refrigerantes ABEV3 4.016 4.666 20/08/2025 86,07 1,53 0,15
PetroRio Exploração refino e distribuição PRIO3 3.971 4.471 05/03/2025 88,87 13,53 0,13
Localiza Aluguel de carros RENT3 3.744 4.746 21/05/2025 78,89 7,14 0,23
Eletrobras Energia elétrica ELET3 2.807 6.064 07/04/2025 46,30 1,84 0,09
Weg Motores compressores e outros WEGE3 2.683 3.684 18/12/2024 72,82 2,95 0,09
Embraer Material aeronáutico EMBR3 2.551 2.803 03/09/2025 91,00 8,43 0,23
B3 Serviços financeiros diversos B3SA3 2.533 3.083 16/09/2025 82,15 4,04 0,10
Rede D’Or Serviços médico-hospitalares RDOR3 2.384 3.061 24/06/2025 77,88 4,30 0,14
Marfrig Carnes e derivados MRFG3 2.332 2.766 30/05/2025 84,29 36,92 29,06
Equatorial Energia elétrica EQTL3 2.116 2.534 24/06/2025 83,52 1,60 0,04
BTG Pactual Bancos BPAC11 2.113 2.635 26/09/2025 80,21 4,88 0,03
Suzano Papel e celulose SUZB3 2.068 2.434 20/05/2025 84,96 1,28 0,04
Itaúsa Holdings diversificadas ITSA4 1.877 2.287 12/09/2025 82,04 2,28 0,03
Sabesp Água e saneamento SBSP3 1.841 3.827 13/05/2025 48,08 1,43 0,06
Consolidado 20 maiores 80.583 106.938 75,35 4,84 0,68
Consolidado mercado 103.106 137.808 74,81 3,56 1,11

Taxa de aluguel como termômetro

A taxa média de aluguel também indica expectativa e escassez.

  • Marfrig (MRFG3): 29,2% ao ano, refletindo altíssima demanda por operações vendidas e baixa oferta de papéis;
  • Ambev (ABEV3): 5,09%;
  • Rede D’Or (RDOR3): 1,16%.

Nas demais ações, a taxa está abaixo de 1%, sugerindo maior equilíbrio entre oferta e demanda.

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Em 28 de setembro, o estoque consolidado das 20 ações mais alugadas somou R$ 80,7 bilhões, equivalente a 74,31% do recorde conjunto dos últimos 12 meses. No mercado total, o volume chegou a R$ 135,8 bilhões, cerca de 28,47% do pico histórico.

Esses números mostram que, embora o aluguel de ações seja prática comum, atingiu níveis que podem antecipar movimentos relevantes no mercado à vista.

Janela para o comportamento do investidor

Analisar o mercado de aluguel não é mera curiosidade técnica: trata-se de uma janela para o sentimento real dos investidores.

Altos volumes alugados, taxas elevadas e concentração em determinados papéis revelam não apenas onde estão as maiores apostas de queda, mas também potenciais focos de volatilidade acima do normal e até de short squeeze.

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Para o investidor atento, acompanhar esse termômetro pode ser a diferença entre seguir a maré ou antecipar seus movimentos.

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Einar Rivero é CEO da Elos Ayta Consultoria e especialista de dados financeiros de mercado. Formado em Engenharia, tornou-se referência para o mercado financeiro por trazer levantamentos e insights inéditos a partir do cruzamento de dados econômicos. Durante 25 anos, atuou como líder e gerente de relacionamento institucional de plataformas de informação financeira, como TradeMap e Economatica.
einar.rivero@autor.moneytimes.com.br
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Einar Rivero é CEO da Elos Ayta Consultoria e especialista de dados financeiros de mercado. Formado em Engenharia, tornou-se referência para o mercado financeiro por trazer levantamentos e insights inéditos a partir do cruzamento de dados econômicos. Durante 25 anos, atuou como líder e gerente de relacionamento institucional de plataformas de informação financeira, como TradeMap e Economatica.
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