Commodities

Baixa do petróleo traz outro choque à frágil economia global

09 mar 2020, 8:13 - atualizado em 09 mar 2020, 8:13
Para bancos centrais, a perspectiva de desestabilização dos preços é outra complicação, pois já tentam aliviar o impacto da epidemia de coronavírus na economia (Imagem: Steven St. John/ Bloomberg)

Outro choque está prestes a abalar a economia mundial, que já sofre o impacto do coronavírus.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Os preços do petróleo despencaram depois que o dramático colapso das negociações entre a Opep e a Rússia levou a Arábia Saudita a iniciar uma guerra de preços.

O petróleo tipo Brent chegou a cair quase 30%, para US$ 31 o barril na segunda-feira. O Goldman Sachs alertou clientes que a commodity poderia atingir US$ 20.

Uma queda tão forte, caso se mantenha, ameaçaria orçamentos de países como Venezuela e Irã, colocaria em risco a revolução do gás de xisto dos Estados Unidos e abalaria a política em todo o mundo.

Para bancos centrais, a perspectiva de desestabilização dos preços é outra complicação, pois já tentam aliviar o impacto da epidemia de coronavírus na economia. E um longo período de petróleo barato poderia até prejudicar o combate à mudança climática, o que atrasaria a transição para energias renováveis.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Algo assim poderia ter mais repercussões globais do que uma guerra comercial entre China e EUA, porque o petróleo afeta muitas coisas na economia mundial”, disse Rohitesh Dhawan, diretor de energia, clima e recursos do Eurasia Group, em Londres.

Há vencedores em um mercado com preços mais baixos do petróleo, entre eles a China, o maior importador de petróleo do mundo e cuja recuperação do surto de coronavírus será fundamental para a economia global.

Mas, desta vez, é diferente. Os EUA, que no passado se beneficiavam do petróleo barato, agora são exportadores, e não compradores. E o impacto do vírus sobre a demanda econômica atenua qualquer estímulo que seria proporcionado pelo petróleo barato.

Os choques do petróleo costumavam ser temidos pelo impacto na inflação. Agora, quando bancos centrais buscam desesperadamente estimular a alta dos preços, a dinâmica oposta está em jogo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Preços mais baixos do petróleo não farão com que as pessoas voltem a usar trens, aviões e automóveis, nem estimularão os setores mais atingidos”, disse Stephen Innes, estrategista-chefe de mercado para a Ásia na Axicorp. “Mas agora temos um desastre financeiro em formação com o colapso da indústria de gás de xisto.”

Estratégia russa

A crise foi precipitada quando a Rússia não quis ceder a uma iniciativa liderada pela Arábia Saudita para obrigar Moscou a se juntar à Opep nos cortes da produção.

A Opep apresentou um plano de “pegar ou largar” para reduzir a produção e diminuir os preços. Mas a Rússia tinha outra ideia: sua estratégia era pressionar produtores de gás de xisto dos EUA, que inundaram o mercado nos últimos anos à medida que os países da Opep+ freavam a própria produção.

Agora, muitas dessas operadoras dos EUA perdem dinheiro com cada barril de petróleo que produzem e, a menos que haja forte recuperação dos preços, correm risco de ir à falência.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Mesmo antes da reunião catastrófica de sexta-feira, bancos já restringiam empréstimos aos perfuradores de gás de xisto e grande parte da dívida de alto rendimento já é negociada em níveis distressed.

A Rússia tinha intenção de se afastar das negociações com a Opep para prejudicar os rivais dos EUA pois é mais resistente a preços mais baixos. Os russos possuem uma moeda flutuante – ao contrário da Arábia Saudita – e podem sustentar o orçamento com receitas de petróleo menores.

“A Rússia e o presidente Putin estão em melhor posição para lutar nesta guerra do que a Arábia Saudita ou seu príncipe herdeiro”, disse Chris Weafer, CEO da Macro Advisory, consultoria com sede em Moscou.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Compartilhar

WhatsAppTwitterLinkedinFacebookTelegram

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar