Economia

Banco Central vê alta do PIB de 2,1% em 2022 e de 4,7% em 2021

30 set 2021, 8:30 - atualizado em 30 set 2021, 10:03
Banco Central
Já sobre 2022, o BC afirmou que a expectativa é que haja ao longo do ano ritmo de crescimento menor do que no segundo semestre de 2021 (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O Banco Central divulgou pela primeira vez sua projeção de crescimento econômico para 2022, de 2,1%, ajustando ligeiramente a perspectiva de alta neste ano a 4,7%, de patamar de 4,6% estimado em junho, alertando que o ciclo de elevação da taxa básica de juros conduzido para domar uma inflação descrita como “intensa e disseminada” irá afetar a atividade no ano que vem.

“No curto prazo, choques de oferta afetam negativamente atividade e consumo. Adicionalmente, o ciclo de aperto monetário, cujos efeitos devem ser sentidos principalmente em 2022, tende a diminuir o ritmo de fechamento do hiato”, afirmou o BC em seu Relatório Trimestral de Inflação publicado nesta quinta-feira.

O BC justificou que a revisão para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) este ano repercute o resultado no segundo trimestre ligeiramente acima do esperado e modesta redução da projeção do crescimento no terceiro trimestre.

Já sobre 2022, o BC afirmou que a expectativa é que haja ao longo do ano ritmo de crescimento menor do que no segundo semestre de 2021.

“O hiato do produto em patamar menos negativo, que reduz o espaço para a recuperação cíclica, e o movimento de aperto monetário ora em curso, cujos efeitos ocorrem de maneira defasada, são fatores que contribuem para a desaceleração da taxa de crescimento”, disse.

O BC frisou ainda que o cálculo para o ano que vem possui grau elevado de incerteza, sendo apoiado na continuidade do arrefecimento da crise sanitária com o coronavírus, diminuição gradual dos níveis de incerteza econômica ao longo do tempo, manutenção do regime fiscal e ausência de restrições diretas ao consumo de eletricidade.

Os dados do RTI mostram um BC mais pessimista que o mercado e que o Ministério da Economia para a atividade econômica neste ano, ficando no meio do caminho em relação a 2022.

Economistas preveem, segundo boletim Focus mais recente, que a economia crescerá 5,04% em 2021 e 1,57% no ano que vem. Já o Ministério da Economia projeta expansão de 5,3% para o PIB este ano e de 2,5% para o próximo.

Em relação à política monetária, o BC reiterou mensagem da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a intenção de subir a Selic novamente em 1 ponto na reunião de outubro, mirando levar a taxa básica de juros para território contracionista para conter a inflação.

Atualmente a taxa básica está em 6,25% ao ano.

Inflação

O BC apontou que o IPCA surpreendeu novamente para cima no trimestre encerrado em agosto, ficando 1,1 ponto acima da projeção que havia sido feita pela autoridade monetária no relatório de junho, com forte disseminação entre os segmentos.

“Em relação aos preços administrados, a surpresa com a alta dos preços dos derivados de petróleo e energia elétrica mais do que compensou a surpresa com o recuo nos preços de medicamentos e com o tamanho da queda nas tarifas de plano de saúde”, disse.

Para os 12 meses até novembro, o BC prevê alta do IPCA de 9,22%, o que representará uma desaceleração frente ao avanço de 9,68% no acumulado até agosto.

No documento, o BC avaliou que a pressão sobre os preços deve continuar se revelando “intensa e disseminada”.

“O choque sobre preços de bens industriais não deve se dissipar no curto prazo, como sugerem indicadores recentes de preços ao produtor e a continuidade dos gargalos nas cadeias de produção que afetam alguns segmentos”, afirmou.

Sede do Banco Central em Brasília
Para os 12 meses até novembro, o BC prevê alta do IPCA de 9,22%, o que representará uma desaceleração frente ao avanço de 9,68% no acumulado até agosto (Imagem: Reuters/Adriano Machado)

“Ao mesmo tempo, os preços de serviços devem continuar em trajetória de normalização, em linha com a recuperação da demanda no setor. Assim, as medidas de inflação subjacente devem se manter em patamar elevado nesse horizonte”, completou.

De acordo com o BC, deve haver alta “significativa” em preços de alimentos e preços administrados, com destaque para o forte aumento nas tarifas de energia em função do acionamento da bandeira tarifária de escassez hídrica.

As contas do BC são de IPCA em 8,5% neste ano, ante meta central de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 ponto. O BC reconheceu que a chance de a inflação ultrapassar o limite da meta em 2021 é de 100%, sobre 74% no relatório de junho.

Para 2021 e 2022, as projeções da autoridade monetária são de IPCA em 3,7% e 3,2%, contra metas de 3,5% e 3,25%, respectivamente, sempre com banda de 1,5 ponto para mais ou para menos.

(Atualizada às 10:03)

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