Banco do Brasil (BBAS3): CFO responde se é possível esperar virada no 4T25
O Banco do Brasil (BBAS3) registrou mais um tombo de 60% no lucro. Embora o número assuste à primeira vista, os R$ 3,8 bilhões ficaram dentro do esperado pelos analistas.
A própria administração já havia alertado que o terceiro trimestre seria difícil, em meio à piora do agronegócio.
Para o quarto trimestre, porém, a incerteza permanece. Em vídeo publicado nos canais do Banco do Brasil, o CFO Giovanne Tobias evitou afirmar se o período será o trimestre da virada.
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“Não quero cravar aqui que o quarto trimestre já apresentará uma inflexão. É fato a situação da carteira do agro — e já falei isso anteriormente —, fica nítido que o lucro do banco caiu quase pela metade.”
Ainda segundo ele,“não podemos deixar nossos clientes desassistidos, mas precisamos manter prudência no controle dessa unidade de empresa e garantir transparência aos investidores, para que compreendam o que, de fato, está acontecendo”.
Tobias acrescentou que, uma vez superada a questão da Medida Provisória 1.314, que permitirá aos agricultores renegociar seus pagamentos, e com o controle das recuperações judiciais — que, segundo ele, “não fazem sentido” —, será possível mostrar ao mercado o potencial de geração de resultados do banco.
Veja o vídeo completo:
Apesar de evitar previsões, o executivo afirmou que as provisões continuaram elevadas em outubro, reflexo do cenário ainda adverso.
“Estamos trabalhando para controlar novembro e dezembro. Acredito que o quarto trimestre trará um resultado melhor do que o terceiro, mas não necessariamente igual ao do primeiro trimestre, que era o que esperávamos quando retomamos o guidance.”
Por que o Banco do Brasil revisou o guidance?
O Banco do Brasil também revisou o seu guidance (projeções) para 2025, em meio a resultados mais fracos.
Segundo a instituição, a expectativa de lucro anual passou de R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões para R$ 18 bilhões a R$ 21 bilhões — abaixo do ponto médio das estimativas de analistas compiladas pela LSEG, de R$ 22,375 bilhões.
Tobias explicou que muitos clientes do agronegócio optaram por esperar, o que resultou em recrudescimento da inadimplência no terceiro trimestre, mesmo após o lançamento da medida provisória voltada ao setor.
“Acreditávamos que todo o esforço junto ao governo e com a medida provisória nos permitiria agir mais rapidamente nas agências. No entanto, a MP 1.314 foi editada apenas no final de setembro e regulamentada no final de outubro, o que não deu tempo suficiente para buscarmos os clientes.”
Além disso, houve alta nos pedidos de recuperações judiciais (RJ) de produtores rurais.
“Esse fenômeno é muito prejudicial ao setor. Até o segundo trimestre, conseguíamos manter um certo controle sobre esses pedidos, mas no terceiro trimestre observamos um aumento ainda maior de agricultores.”
Ambipar atrapalhou?
Outro ponto de pressão veio de um evento muito específico na carteira corporativa de grandes empresas, “amplamente noticiado”, que exigiu reforço de provisão não previsto nas projeções do banco.
“Esse movimento já gerou um descolamento em relação à nossa melhor estimativa de risco de crédito”, afirmou Tobias.
Embora o executivo não tenha citado nomes, o caso pode envolver a Ambipar (AMBP3), que entrou em recuperação judicial com dívidas de R$ 11 bilhões.
De acordo com agências de notícias, entre os maiores credores da Ambipar estão o Santander (SANB11) e o Banco do Brasil, com exposição conjunta de cerca de R$ 2 bilhões.