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Banco do Brasil (BBAS3): Diretor responde se o pior ficou para trás após ‘susto’ no 1T25

16 maio 2025, 13:54 - atualizado em 16 maio 2025, 17:44
Geovanne Tobias
O vice-presidente de Controles Internos e Gestão de Riscos, Geovanne Tobias, disse que o primeiro trimestre de 2025 é “incomparável” com outros trimestres. (Imagem: Linkedin)

O Banco do Brasil (BBAS3) divulgou resultados que deixaram parte dos analistas preocupados, com lucro e rentabilidade bem abaixo da expectativa, que já não eram tão boas.

Os números foram suficientes para mudar a recomendação de alguns analistas, que agora veem um banco mais arriscado e incerto.

BBAS3 encerrou a sessão desta sexta-feira (16) com queda de 12,69%, a R$ 25,67.



Em teleconferência de resultados, a gestão, porém, tratou de colocar panos quentes. O vice-presidente de Controles Internos e Gestão de Riscos, Geovanne Tobias, disse que o primeiro trimestre de 2025 é “incomparável” com outros trimestres.

Isso por conta das normas da Resolução nº 4.966, que equiparam as regras brasileiras às internacionais, obrigando o banco a fazer maiores provisionamentos. A medida machucou as margens.

Outro problema foi a inadimplência do agronegócio, que ficou acima do esperado e mostrou deterioração preocupante.

“Este é um balanço de transição, como já vinha sendo sinalizado. Já se previa uma continuidade na deterioração da carteira do agronegócio”, afirmou.

Ainda segundo Tobias, “não é um lucro de se jogar fora, muito pelo contrário.” “Demonstra claramente a fortaleza do Banco do Brasil”.

Já a CEO, Tarciana Medeiros, lembrou que o resultado de R$ 7,4 bilhões no primeiro trimestre de 2025 é o terceiro melhor primeiro trimestre da história do BB, sendo que os dois anteriores também ocorreram sob esta gestão.

“Quando se fala em ‘pior resultado’, especialmente em relação ao agro, é essencial destacar a composição diversificada da carteira de crédito: aproximadamente 30% agro, 30% pessoa física e 30% pessoa jurídica. Está longe de representar um balanço fraco. É fundamental ressaltar esse ponto.”

O pior ficou para trás?

Questionado pelo Money Times durante a teleconferência com jornalistas se o pior ficou para trás, Tobias diz que agora o banco está em momento de analisar os impactos da resolução.

Tobias salienta, porém, que a colheita está em curso e deve ser recorde, o que pode reverter esse movimento. “Combinada às medidas já adotadas nas frentes de cobrança e protesto, há expectativa de estabilização dessa carteira.”

Ele recorda ainda que é importante considerar o calendário do setor rural: a colheita ocorre entre março e abril, variando conforme a região, e a comercialização acontece na sequência.

“Por isso, o segundo trimestre será decisivo para verificar se os resultados permanecerão no mesmo patamar ou apresentarão recuperação.”

Ainda segundo o executivo, a partir da nova safra, a expectativa é de melhora no segundo semestre.

“Neste momento, ainda não é possível afirmar se haverá retomada já no segundo trimestre; os resultados podem ser semelhantes aos do primeiro.”

De todo modo, diz ele, será possível estabelecer uma base de comparação, já que o primeiro trimestre é atípico e não comparável aos anteriores, “devido às contabilizações específicas e ao reforço de provisões na carteira rural”.

ROE do Banco do Brasil abaixo de 20%

Outra surpresa negativa do BB foi o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido), que despencou 4% e agora está em 16,7%, abaixo do Santander (SANB11) e Itaú (ITUB4).

Segundo Tobias, o Banco do Brasil mantém plena capacidade de continuar entregando retorno acima do custo de capital mesmo neste momento de transição e elevação da inadimplência, com ROE em torno de 17%, já mirando a retomada de resultados superiores a 20% no futuro.

“Vale lembrar que, assim que a taxa básica de juros voltar a cair, haverá impacto positivo na margem financeira do banco, em razão do descasamento no passivo, com captações majoritariamente pós-fixadas — um volume de aproximadamente R$ 380 bilhões.”

Ele afirma que, com a redução da taxa de juros, o custo de captação melhora imediatamente, o que amplia a margem e gera mais resultado.

Parte do mercado se divide quanto ao primeiro corte. Alguns falam no final do ano, outros dizem que ocorrerá no ano que vem.

Mudança no BC?

Uma das saídas para a inadimplência no agro seria conversar com o Banco Central para achar formas que permitam uma transição suave da instituição na implementação da Resolução 4.966.

“Já estamos abrindo conversa com o regulador para levar proposições de tratamento diferente da carteira do agro”, afirmou a presidente-executiva do BB.

“São operações com fluxos de pagamento e recebimento diferentes… Faz todo sentido, e precisamos fazer esse trabalho. Esse é um dos motivos de permanecermos com o guidance em revisão, porque depende de possível ajuste”, acrescentou a executiva.

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
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