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Desdobramento de ações do BB (BBAS3): Liquidez ameaça dividendos?

03 jan 2024, 17:30 - atualizado em 03 jan 2024, 21:32
Banco do Brasil
Ou seja, se um investidor detém 100 ações do banco, após um desdobramento na proporção de 1:2, passará a ter 200 ações (Imagem: Agência Senado)

Grande pagador de dividendos, o Banco do Brasil (BBAS3) propôs o desdobramento de ações na proporção de dois para um. Ou seja, uma ação irá virar duas e o valor do papel, hoje no topo histórico (a ação acumulou ganhos de 70% em 2023), irá cair pela metade, para R$ 27 — considerando o valor atual.

O objetivo é tornar a empresa mais acessível para o pequeno investidor — o Banco do Brasil é um dos papéis com a maior base de acionistas pessoa física — e deixá-la mais líquida. Mas o fato do BB possuir mais ações em circulação pode afetar a distribuição de proventos?

Segundo analistas, não. Nada muda, embora haja a sensação de que os dividendos caíram.

“No entanto, o preço do ativo também se ajustará sem haver um aumento de capital, o que significa que tanto o preço dos ativos quanto dos dividendos distribuídos não serão afetados”, explica o analista Matheus Nascimento, da Levante.

Ou seja, se um investidor detém 100 ações do banco, após um desdobramento na proporção de 1:2, passará a ter 200 ações, cada uma valendo 50% do valor original.

“Do ponto de vista financeiro, essa mudança não altera nada. Consequentemente, a percentagem dos dividendos permanecerá a mesma”, coloca Daniel Abrahão, assessor na iHUB Investimentos.

O especialista lembra que o principal impacto ocorre na liquidez da ação, visto que o seu valor unitário diminui, tornando-se mais acessível para os investidores.

“Embora haja uma crença difundida de que as ações tendem a se valorizar após um desdobramento, faltam evidências técnicas sólidas que sustentem essa afirmação. Em grande parte, essa crença parece ser mais uma questão de percepção do mercado do que um fato comprovado”, completa.

Dividendos do Banco do Brasil: O que esperar?

Em 2023, o banco distribui uma soma de R$ 13 bilhões, sendo o terceiro maior em termos nominais. Para 2024, a projeção é de que o retorno em dividendos fique em 10% e a empresa mantenha o payout (proporção de lucros distribuídos) de 40%.

Para o BTG, que recomenda o banco em sua carteira de dividendos, o recente desempenho das ações do BB em comparação aos outros bancos nos últimos meses criou uma oportunidade atraente. Em dezembro, o papel andou de lado, com elevação de 2,7%, abaixo do Ibovespa, que avançou 7%.

“Vamos mantê-lo por mais um mês devido ao seu valuation ainda muito barato, base de capital robusta e baixas expectativas relacionadas às preocupações com a sua carteira de crédito agro e ao banco Patagônia.
Esperamos surpresas positivas na receita e consideramos a possibilidade de um payout mais elevado como um
potencial catalisador positivo para ações nos próximos meses”, discorre.

Já a XP, que também possui o banco na carteira, diz que a distribuição de dividendos do banco deve se tornar relevante, pois o banco deve aumentar seu payout em um cenário de:

  1. maior capitalização;
  2. manutenção da tendência positiva de lucros; e
  3. defensividade da carteira de crédito refletida em menores índices de inadimplência.

“Acreditamos que a carteira do BB seja defendida com uma margem financeira estável nas carteiras de crédito rural, consignado e CDC para funcionários públicos. Além disso, o banco também é menos dependente de volumes de varejo e tem uma base de clientes mais protegida”, discorrem os analistas.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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