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Banco do Brasil (BBAS3): Lucro tomba mais 60% no 3T25, a R$ 3,8 bi, mas fica dentro das expectativas

12 nov 2025, 18:36 - atualizado em 12 nov 2025, 20:39
dividendos agosto banco do brasil vivo
É o primeiro recuo dos números após 16 trimestres consecutivos de crescimento anual do lucro

O Banco do Brasil (BBAS3) terminou o terceiro trimestre de 2025 com lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões, queda de 60% ante o mesmo período do ano passado, mostra documento enviado ao mercado nesta quarta (12).

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A cifra ficou dentro do esperado pelas projeções de analistas. Estimativas compiladas pela LSEG apontavam R$ 3,708 bilhões.

É o terceiro recuo dos números após 16 trimestres consecutivos de crescimento anual do lucro. Além disso, foi o único, entre os grandes bancos, a apresentar redução.

Um conjunto de fatores, que incluem a piora da inadimplência do agronegócio e a nova resolução da CMN nº 4.966/2021, que endureceu e obrigou os bancos a elevarem as provisões para calotes, fez o banco passar de queridinho do mercado para um grande ponto de interrogação.

A maioria dos analistas já esperava números fracos. Segundo o Banco Central, o BB registrou lucro de R$ 825 milhões em agosto (contra R$ 780 milhões em julho), o que implicava em R$ 2,4 bilhões para o trimestre.

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Considerandos itens não recorrentes de R$ 700 milhões, geralmente vinculados a planos econômicos.

Desde do terceiro trimestre do ano passado, o BB vem sentido efeitos da falta de pagamento no agronegócio, já que o setor passa por uma alta expressiva do número de recuperações judiciais no setor.

Segundo dados da Serasa Experian, divulgados nesta quarta-feira (12), índice de inadimplência do produtor rural do Brasil subiu para 8,1% no segundo trimestre, alta de 0,3 ponto percentual em relação ao período de janeiro a março e avanço de 1,1 ponto percentual.

De acordo com o levantamento, a maior parte da inadimplência é com o setor financeiro.

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O BB também aprovou R$ 410 milhões em juros sobre o capital próprio.

Piora do ROE

O ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) despencou 6 pontos percentuais, encerrando o trimestre a 8%.

Apesar disso, a rentabilidade fechou estável em relação ao segundo trimestre. Média de cinco analistas consultados pelo Money Times esperava 8% de ROE.

Dessa forma, o banco não apenas perdeu o patamar de 20% de rentabilidade, número mágico olhado pelo mercado, como também encerrou abaixo do Itaú (ITUB4), que terminou com ROE de 23%, Santander (SANB11), a 17%, e Bradesco (BBDC4), que terminou o período a 14,8%.

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Geovanne Tobias, vice-presidente de Gestão Financeira e Relações com Investidores, reconheceu que diante das dificuldades, “entregaremos um lucro médio menor que o do ano passado, mas ainda com uma rentabilidade sólida, considerando o volume de provisões que vamos contabilizar”.

“Imaginar o Banco do Brasil em 2025, com cerca de R$ 61 bilhões em provisões na DRE e ainda assim um lucro próximo de R$ 20 bilhões, demonstra a fortaleza de geração de resultados que temos, graças ao comprometimento dos nossos funcionários e à confiança dos nossos clientes.”

Inadimplência e despesas do Banco do Brasil

Uma das maiores preocupações dos analistas, o indicador de inadimplência acima de 90 dias encerrou a 4,93%, alta de 1,6 ponto percentual no ano e 0,72 ponto no trimestre.

Só a inadimplência da carteira agro atingiu 5,34%, aumento de 185 bps, principalmente na cultura da soja e nas regiões Centro-Oeste e Sul do país, além do efeito dos pedidos de recuperação judicial no segmento.

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Por outro lado, a inadimplência da carteira de pessoas jurídicas (empresas) foi de 4,06%, redução de 12 bps.

A carteira de pessoas físicas encerrou o período em 5,59%.

Outro problema por resolver do BB, a inadimplência do segmento de médias e pequenas empresas ficou em 10,25%, mais que o dobro da média do banco.

A perdas esperadas associadas ao risco de crédito, colchão usado para os bancos se protegerem dos calotes, disparou 52% em relação a ano passado e 6,5% em comparação com ao trimestre, indo a R$ 100 bilhões.

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O custo de crédito também subiu de ‘elevador’. No trimestre, o custo de crédito foi R$ 17,9 bilhões, aumento de 12,7% na comparação com o trimestre anterior.

“Destaca-se que, além do aumento da inadimplência, em especial na carteira agro, houve agravamentos em casos específicos em grandes empresas”

Ou seja, o BB vai na contramão de seus pares, que ou tiveram queda na inadimplência, ou se mantiveram estáveis nos indicadores.

Outros indicadores

A margem financeira bruta subiu 5,1% ano a ano, para R$ 25,8 bilhões e 5,1% no trimestre.

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Já a margem financeira líquida despencou 46,5% no ano, para R$ 8,4 bilhões.

As receitas com prestação de serviços somaram R$ 8,9 bilhões, recuperação de 1,3% em relação ao segundo trimestre, mas queda de 2,6% ante o ano passado.

O banco destaca a performance positiva em administração de fundos (+7,1%), seguros, previdência e capitalização (+5,8%) e taxas de administração de consórcios (+6,3%) na comparação com o trimestre anterior.

As despesas administrativas totalizaram R$ 9,8 bilhões, elevação de 1,4% em relação ao trimestre anterior, reflexo dos aumentos de 1,9% em despesas de pessoal.

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No ano, a alta foi de 4,7%.

Carteira de crédito sobe

Mesmo com a piora nos indicadores, o BB conseguiu expandir a sua carteira de crédito em 7,5% no ano, para R$ 1,28 trilhão.

O maior aumento foi na carteira de pessoa jurídica, que atingiu R$ 453 bilhões, crescimento de 10,4% em um ano, com destaque para as linhas de investimento (+3,3% a/a) e capital de giro (+1,0% a/a).

Dentre os segmentos, a carteira expandida de Grandes Empresas encerrou em R$ 258,9
bilhões, alta de 20,3% em 12 meses.

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Já a carteira para pequenas e médias empresas encerrou setembro com R$ 118,5 bilhões de saldo, redução de 3,7%.

No agronegócio, alcançou R$ 398,8 bilhões, crescimento de 3,2% em um ano, com destaque para as linhas de custeio e investimento.

Na pessoa física, o banco alcançou R$ 350,5 bilhões, crescimento de 7,9% em um ano e 2,0% no trimestre, impulsionada principalmente pela carteira de crédito consignado.

O consignado privado, lançando neste ano, é uma das grandes bandeiras do governo para incentivar o crédito.

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Novo guidance

O Banco do Brasil também revisou o seu guidance (projeções) para 2025 em meio a resultados fracos.

Segundo a companhia, a expectativa de lucro no ano passou de R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões para R$ 18 bilhões a R$ 21 bilhões.

A nova previsão fica abaixo do ponto médio das estimativas de analistas compiladas pela LSEG, de R$ 22,375 bilhões para o ano.

Ou seja, o que antes era o piso, agora é o teto da faixa.

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Já o custo de crédito aumentou de R$ 53 bilhões a R$ 56 bilhões antes para R$ 59 bilhões e R$ 62 bilhões.

O restante das projeções seguem inalteradas.

Veja abaixo:

Indicadores Intervalo 2025 (anterior) 9M25 Observado Intervalo Revisado Status
Carteira de Crédito¹ – variação (%) 3,0 a 6,0 7,3 Mantido
• Pessoas Físicas – variação (%) 7,0 a 10,0 7,9 Mantido
• Empresas – variação (%) 0,0 a 3,0 11,6 Mantido
• Agronegócios – variação (%) 3,0 a 6,0 3,2 Mantido
Carteira Sustentável – variação (%) 7,0 a 10,0 8,0 Mantido
Margem Financeira Bruta (R$ bilhões) 102,0 a 105,0 75,3 Mantido
Custo do Crédito² (R$ bilhões) 53,0 a 56,0 44,0 59,0 a 62,0 Revisado
Receitas de Prestação de Serviços (R$ bilhões) 34,5 a 36,5 26,0 Mantido
Despesas Administrativas (R$ bilhões) 38,5 a 40,0 29,0 Mantido
Lucro Líquido Ajustado (R$ bilhões) 21,0 a 25,0 14,9 18,0 a 21,0 Revisado

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É também setorista de setor financeiro. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
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