Banco do Brasil (BBAS3): Lucro tomba mais 60% no 3T25, a R$ 3,8 bi, mas fica dentro das expectativas
O Banco do Brasil (BBAS3) terminou o terceiro trimestre de 2025 com lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões, queda de 60% ante o mesmo período do ano passado, mostra documento enviado ao mercado nesta quarta (12).
A cifra ficou dentro do esperado pelas projeções de analistas. Estimativas compiladas pela LSEG apontavam R$ 3,708 bilhões.
É o terceiro recuo dos números após 16 trimestres consecutivos de crescimento anual do lucro. Além disso, foi o único, entre os grandes bancos, a apresentar redução.
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Um conjunto de fatores, que incluem a piora da inadimplência do agronegócio e a nova resolução da CMN nº 4.966/2021, que endureceu e obrigou os bancos a elevarem as provisões para calotes, fez o banco passar de queridinho do mercado para um grande ponto de interrogação.
A maioria dos analistas já esperava números fracos. Segundo o Banco Central, o BB registrou lucro de R$ 825 milhões em agosto (contra R$ 780 milhões em julho), o que implicava em R$ 2,4 bilhões para o trimestre.
Considerandos itens não recorrentes de R$ 700 milhões, geralmente vinculados a planos econômicos.
Desde do terceiro trimestre do ano passado, o BB vem sentido efeitos da falta de pagamento no agronegócio, já que o setor passa por uma alta expressiva do número de recuperações judiciais no setor.
Segundo dados da Serasa Experian, divulgados nesta quarta-feira (12), índice de inadimplência do produtor rural do Brasil subiu para 8,1% no segundo trimestre, alta de 0,3 ponto percentual em relação ao período de janeiro a março e avanço de 1,1 ponto percentual.
De acordo com o levantamento, a maior parte da inadimplência é com o setor financeiro.
O BB também aprovou R$ 410 milhões em juros sobre o capital próprio.
Piora do ROE
O ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) despencou 6 pontos percentuais, encerrando o trimestre a 8%.
Apesar disso, a rentabilidade fechou estável em relação ao segundo trimestre. Média de cinco analistas consultados pelo Money Times esperava 8% de ROE.
Dessa forma, o banco não apenas perdeu o patamar de 20% de rentabilidade, número mágico olhado pelo mercado, como também encerrou abaixo do Itaú (ITUB4), que terminou com ROE de 23%, Santander (SANB11), a 17%, e Bradesco (BBDC4), que terminou o período a 14,8%.
Geovanne Tobias, vice-presidente de Gestão Financeira e Relações com Investidores, reconheceu que diante das dificuldades, “entregaremos um lucro médio menor que o do ano passado, mas ainda com uma rentabilidade sólida, considerando o volume de provisões que vamos contabilizar”.
“Imaginar o Banco do Brasil em 2025, com cerca de R$ 61 bilhões em provisões na DRE e ainda assim um lucro próximo de R$ 20 bilhões, demonstra a fortaleza de geração de resultados que temos, graças ao comprometimento dos nossos funcionários e à confiança dos nossos clientes.”
Inadimplência e despesas do Banco do Brasil
Uma das maiores preocupações dos analistas, o indicador de inadimplência acima de 90 dias encerrou a 4,93%, alta de 1,6 ponto percentual no ano e 0,72 ponto no trimestre.
Só a inadimplência da carteira agro atingiu 5,34%, aumento de 185 bps, principalmente na cultura da soja e nas regiões Centro-Oeste e Sul do país, além do efeito dos pedidos de recuperação judicial no segmento.
Por outro lado, a inadimplência da carteira de pessoas jurídicas (empresas) foi de 4,06%, redução de 12 bps.
A carteira de pessoas físicas encerrou o período em 5,59%.
Outro problema por resolver do BB, a inadimplência do segmento de médias e pequenas empresas ficou em 10,25%, mais que o dobro da média do banco.
A perdas esperadas associadas ao risco de crédito, colchão usado para os bancos se protegerem dos calotes, disparou 52% em relação a ano passado e 6,5% em comparação com ao trimestre, indo a R$ 100 bilhões.
O custo de crédito também subiu de ‘elevador’. No trimestre, o custo de crédito foi R$ 17,9 bilhões, aumento de 12,7% na comparação com o trimestre anterior.
“Destaca-se que, além do aumento da inadimplência, em especial na carteira agro, houve agravamentos em casos específicos em grandes empresas”
Ou seja, o BB vai na contramão de seus pares, que ou tiveram queda na inadimplência, ou se mantiveram estáveis nos indicadores.
Outros indicadores
A margem financeira bruta subiu 5,1% ano a ano, para R$ 25,8 bilhões e 5,1% no trimestre.
Já a margem financeira líquida despencou 46,5% no ano, para R$ 8,4 bilhões.
As receitas com prestação de serviços somaram R$ 8,9 bilhões, recuperação de 1,3% em relação ao segundo trimestre, mas queda de 2,6% ante o ano passado.
O banco destaca a performance positiva em administração de fundos (+7,1%), seguros, previdência e capitalização (+5,8%) e taxas de administração de consórcios (+6,3%) na comparação com o trimestre anterior.
As despesas administrativas totalizaram R$ 9,8 bilhões, elevação de 1,4% em relação ao trimestre anterior, reflexo dos aumentos de 1,9% em despesas de pessoal.
No ano, a alta foi de 4,7%.
Carteira de crédito sobe
Mesmo com a piora nos indicadores, o BB conseguiu expandir a sua carteira de crédito em 7,5% no ano, para R$ 1,28 trilhão.
O maior aumento foi na carteira de pessoa jurídica, que atingiu R$ 453 bilhões, crescimento de 10,4% em um ano, com destaque para as linhas de investimento (+3,3% a/a) e capital de giro (+1,0% a/a).
Dentre os segmentos, a carteira expandida de Grandes Empresas encerrou em R$ 258,9
bilhões, alta de 20,3% em 12 meses.
Já a carteira para pequenas e médias empresas encerrou setembro com R$ 118,5 bilhões de saldo, redução de 3,7%.
No agronegócio, alcançou R$ 398,8 bilhões, crescimento de 3,2% em um ano, com destaque para as linhas de custeio e investimento.
Na pessoa física, o banco alcançou R$ 350,5 bilhões, crescimento de 7,9% em um ano e 2,0% no trimestre, impulsionada principalmente pela carteira de crédito consignado.
O consignado privado, lançando neste ano, é uma das grandes bandeiras do governo para incentivar o crédito.
Novo guidance
O Banco do Brasil também revisou o seu guidance (projeções) para 2025 em meio a resultados fracos.
Segundo a companhia, a expectativa de lucro no ano passou de R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões para R$ 18 bilhões a R$ 21 bilhões.
A nova previsão fica abaixo do ponto médio das estimativas de analistas compiladas pela LSEG, de R$ 22,375 bilhões para o ano.
Ou seja, o que antes era o piso, agora é o teto da faixa.
Já o custo de crédito aumentou de R$ 53 bilhões a R$ 56 bilhões antes para R$ 59 bilhões e R$ 62 bilhões.
O restante das projeções seguem inalteradas.
Veja abaixo:
| Indicadores | Intervalo 2025 (anterior) | 9M25 Observado | Intervalo Revisado | Status |
|---|---|---|---|---|
| Carteira de Crédito¹ – variação (%) | 3,0 a 6,0 | 7,3 | — | Mantido |
| • Pessoas Físicas – variação (%) | 7,0 a 10,0 | 7,9 | — | Mantido |
| • Empresas – variação (%) | 0,0 a 3,0 | 11,6 | — | Mantido |
| • Agronegócios – variação (%) | 3,0 a 6,0 | 3,2 | — | Mantido |
| Carteira Sustentável – variação (%) | 7,0 a 10,0 | 8,0 | — | Mantido |
| Margem Financeira Bruta (R$ bilhões) | 102,0 a 105,0 | 75,3 | — | Mantido |
| Custo do Crédito² (R$ bilhões) | 53,0 a 56,0 | 44,0 | 59,0 a 62,0 | Revisado |
| Receitas de Prestação de Serviços (R$ bilhões) | 34,5 a 36,5 | 26,0 | — | Mantido |
| Despesas Administrativas (R$ bilhões) | 38,5 a 40,0 | 29,0 | — | Mantido |
| Lucro Líquido Ajustado (R$ bilhões) | 21,0 a 25,0 | 14,9 | 18,0 a 21,0 | Revisado |