Banco do Brasil (BBAS3): XP rebaixa ação e corta preço-alvo

A XP Investimentos rebaixou a recomendação para os papéis do Banco do Brasil (BBAS3) para ‘neutro’ e cortou o preço-alvo de R$ 41 para R$ 32 por ação.
A corretora também revisou para baixo suas estimativas de lucro líquido em 29% para 2025 (R$ 28 bilhões) e 28% para 2026 (R$ 30 bilhões).
Segundo a casa, a redução nas projeções para este ano é explicada por uma queda de 12% na margem financeira líquida (NII), combinada com um aumento de 9% no custo de crédito.
Apesar disso, o consenso de mercado ainda projeta um lucro líquido em torno de R$ 35 bilhões para o banco — estimativa que, na visão da XP, tende a ser revisada à medida que os investidores absorvem as mensagens mais conservadoras da gestão do banco.
“O BB colocou as principais linhas de guidance para 2025 como ‘em revisão’, o que, em nossa avaliação, adiciona incerteza e contribui para uma desancoragem das estimativas para o ano”, explicou a corretora.
As coisas ainda podem piorar antes de melhorar
Segundo a XP, embora o valuation das ações siga atrativo, o cenário pode se deteriorar ainda mais antes de apresentar alguma melhora.
“No 1T25, o BB apresentou resultados fracos, abaixo tanto das nossas estimativas quanto do consenso. Esses números levaram o banco a colocar linhas-chave de seu guidance para 2025 sob revisão, sugerindo que a gestão enfrenta maior incerteza em relação às projeções de resultados”, afirmou a casa.
- VEJA MAIS: Vale investir nas ações do Nubank (ROXO34) após o 1º trimestre de 2025? Analistas do BTG dão o veredito em relatório gratuito
Inadimplência no agro
A corretora destacou ainda o forte crescimento da carteira de crédito do agronegócio do Banco, que dobrou entre 2018 e 2024, alcançando R$ 365 bilhões no primeiro trimestre (1T25) – significativamente maior em relação a seus pares.
Durante a maior parte desse período, os atrasos acima de 90 dias do agro ficaram abaixo de 1%. No entanto, nos primeiros três meses deste ano, esse índice saltou para 3%.
Como explicação, a casa afirma que a qualidade do crédito no primeiro trimestre teve deterioração em vários indicadores.
Eleições de 2026 no radar
Além disso, a XP reconhece que as ações BBAS3 frequentemente são vistas como uma forma de exposição ao cenário eleitoral, mas pondera que o histórico não comprova que o “trade de eleições” traga resultados consistentes.
“Reconhecemos que os papéis podem se beneficiar da proximidade das eleições, e o nível de valuation ainda descontado contribui para isso”, aponta a corretora.
Ainda assim, a casa reforça que o ambiente operacional segue desafiador para os resultados do banco. “Embora nosso rebaixamento de compra para neutro possa ser ofuscado pelo movimento eleitoral, preferimos dar maior peso aos desafios atuais”.