Banco do México corta alta de PIB para perto de zero e eleva projeção de inflação
O Banco do México cortou sua previsão de crescimento para a economia mexicana para perto de zero e elevou suas projeções de inflação de curto prazo, à medida que a segunda maior economia da América Latina continua sofrendo com a incerteza do comércio global.
Em seu relatório do terceiro trimestre, o banco central projetou um crescimento do produto interno bruto de apenas 0,3% este ano, abaixo dos 0,6% previstos anteriormente. O banco manteve sua projeção de crescimento de 1,1% para 2026 e anunciou uma projeção de 2,0% para 2027.
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O Banxico, como é conhecido o banco central, atribuiu a revisão para baixo ao desempenho pior do que o esperado da economia no terceiro trimestre. O PIB trimestral contraiu 0,3%, afetado pela queda na produção industrial e pelo enfraquecimento das exportações de automóveis para os Estados Unidos durante a guerra comercial do presidente Donald Trump.
A apresentação do relatório trimestral nesta quarta-feira (26) ocorreu em meio a um debate interno sobre a adequação do afrouxamento monetário, impulsionado pelos comentários do vice-governador Jonathan Heath na semana passada, quando afirmou que as previsões de inflação do Banxico enfrentam uma “crise de credibilidade”.
O banco reduziu sua taxa básica em quatro pontos percentuais desde o início do ano passado. Em 6 de novembro, o conselho realizou seu 11º corte consecutivo, reduzindo a taxa em 25 pontos-base para 7,25%, o nível mais baixo desde maio de 2022.
Para justificar os cortes, a maioria dos membros do conselho citou a queda da inflação geral, agora dentro de um ponto percentual da meta de 3% do banco, e a contínua fraqueza econômica.
A inflação geral anual foi de 3,61% na primeira metade de novembro, enquanto a inflação subjacente foi de 4,32%.
“Continuar com nosso ciclo de cortes é consistente com as perspectivas de inflação, com o grau ainda maior de ociosidade que a economia nacional está mostrando”, disse a governadora do Banxico, Victoria Rodríguez, durante a apresentação do relatório trimestral do banco.
O banco manteve sua projeção anterior de que a inflação atingirá a meta de 3% no segundo semestre do próximo ano. Mas elevou ligeiramente suas previsões para a inflação subjacente média anual para o fim de 2025 e início de 2026, bem como para a inflação geral no início de 2026.
Heath, que votou contra os cortes de juros em quatro reuniões consecutivas, lançou dúvidas sobre a confiabilidade da previsão de inflação de longo prazo do banco. Em uma conferência com líderes financeiros e empresariais na semana passada, ele questionou como o banco poderia atingir a meta de 3% de inflação anual no terceiro trimestre de 2026, apesar das projeções mais altas no curto prazo.
Contraste com mercado
O otimismo do banco contrasta com a previsão mediana de analistas consultados pelo Citi neste mês, que projetaram inflação geral e subjacente no fim de 2026 em bem mais elevados 3,91% e 3,83%, respectivamente.
Os colegas de diretoria de Heath defenderam a credibilidade de suas previsões na quarta-feira e afirmaram que continuam comprometidos com a meta de 3%.
“Quanto à credibilidade das previsões, eu apenas reiteraria que cada analista tem seus próprios modelos e premissas. Nesse contexto, é normal e natural que surjam discrepâncias”, disse o vice-governador Gabriel Cuadra.