‘Barra mais alta’: Itaú aposta em corte da Selic em janeiro, mas condiciona início imediato a dois fatores

Itaú projeta um ciclo de cortes da Selic de 2,25 pontos percentuais em 2026. (Imagem: Banco Central/Antônio Cruz)

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O Itaú manteve a projeção de início da flexibilização da Selic em janeiro de 2026, em sua revisão de cenário divulgada nesta quarta-feira (17), apesar de reconhecer uma barra mais alta para o corte de juros após a última comunicação do Comitê de Política Monetária (Copom).

O economista-chefe do banco, Mario Mesquita, afirma que, para que esse movimento se concretize, será necessária, no entanto, uma apreciação do real frente aos patamares atuais ou uma melhora adicional do conjunto de dados.

Segundo Mesquita, o Copom segue ganhando confiança de que a estratégia atual está produzindo resultados. “O cenário evoluiu de forma favorável ao longo dos últimos meses, com sinais de desaceleração da atividade, incipientes de desaquecimento do mercado de trabalho e melhora qualitativa da inflação”, afirma.

Nesse contexto, as projeções de inflação para o horizonte relevante, o segundo trimestre de 2027, recuaram para 3,2%, ante 3,3% na reunião de novembro, aproximando-se da meta.

Ainda assim, a avaliação é de que a autoridade monetária mantenha uma postura cautelosa. “A comunicação recente indica um Banco Central cauteloso, sem pressa para iniciar a flexibilização e mantendo postura dependente dos dados”, diz.

Segundo ele, essa sinalização “estabelece uma barra mais alta para o início de cortes em janeiro”.

A instituição projeta um ciclo de afrouxamento monetário de 2,25 pontos percentuais em 2026, levando a Selic para 12,75% ao ano, mesmo que o início do ciclo seja postergado para março. Para 2027, a projeção para a taxa é de 11,75%.

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Além da Selic: Novas projeções para câmbio, atividade, inflação e fiscal

No cenário de câmbio, o Itaú manteve a projeção para a taxa em R$ 5,50 por dólar em 2026. Segundo Mesquita, o aumento do prêmio de risco tipicamente observado em anos eleitorais limita o potencial de valorização do real, compensando a expectativa de um ambiente externo mais favorável.

Para 2027, a estimativa do banco segue em R$ 5,70 por dólar.

Em relação à atividade econômica, eles revisaram a aposta de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,2% para 2,3% em 2025, ao incorporar “um desempenho mais robusto do setor agropecuário”.

Para 2026, foi mantida a estimativa de crescimento em 1,7%, “com viés de alta, à luz da possibilidade de novas medidas contracíclicas e de um desempenho mais robusto do crédito”. Para 2027, a expectativa também é de crescimento de 1,7%.

As projeções de inflação também foram revisadas. Para 2025, a aposta passou de 4,5% para 4,4%, enquanto para 2026 recuou de 4,2% para 4%. A revisão reflete a desinflação de bens industriais, impulsionada por estoques elevados, demanda mais fraca e queda dos IGPs, além da expectativa de redução de preços de gasolina em janeiro.

No campo fiscal, o Itaú reduziu a estimativa de resultado primário de 2025 para -0,5% do PIB, ante -0,6%, incorporando “melhor desempenho das receitas de royalties”. Para os anos seguintes, a instituição manteve a projeção de resultado primário em -0,8% do PIB em 2026 e indicou uma deterioração adicional para -0,9% em 2027.