Banco do Brasil (BBAS3): Itaú BBA vê ROE pior que Bradesco (BBDC4) e dividendos sob pressão

Antes queridinho dos analistas, agora parte do mercado vê riscos reais para o Banco do Brasil (BBAS3), que acumula queda de 27% desde a máxima do ano. Em 2025, o recuo soma 9%.
O Itaú BBA é uma dessas casas. A corretora já não demonstrava muito otimismo com o BB desde o ano passado.
Porém, ficou ainda mais cético quanto à capacidade de recuperação da estatal após os números do primeiro trimestre.
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Em relatório desta terça-feira, cortou o preço-alvo de R$ 29 para R$ 25.
Além disso, o BBA projeta ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) de 12,8% em 2025, o que colocaria o banco abaixo do Bradesco (BBDC4). No último trimestre, o banco de Osasco registrou ROE de 14,4%.
O banco também reduziu as projeções de lucro em 33% e 24% para 2025 e 2026, respectivamente, com estimativas entre R$ 25 e R$ 30 bilhões.
Como se não bastasse, o BBA diminuiu as projeções de dividendos, com dividend yield estimado em 6%, abaixo dos níveis recentes, e reduziu sua projeção de payout (percentual do lucro distribuído aos acionistas) de 40-45% — faixa do guidance oficial do BB — para 30%.
Segundo os analistas, com esse retorno abaixo do esperado, o banco tende a reter mais lucros para preservar sua posição de capital.
Veja a tabela abaixo:
Ano | Lucro Líquido (R$ bilhões) | ROE (%) | Payout (%) | Dividendos (R$ bilhões) | Dividend Yield (%) |
---|---|---|---|---|---|
2024 | 38,1 | 21,0 | 42,8 | 15,2 | 5,8 |
2025E | 24,7 | 12,8 | 30,0 | 7,3 | 6,0 |
2026E | 30,3 | 14,5 | 25,1 | 7,2 | 5,8 |
Isso aumenta a probabilidade de o BB rever oficialmente seu guidance de dividendos para baixo.”
O banco incorporou R$ 24 bilhões adicionais em provisões nas estimativas de 2025-2026. Com esse nível de despesa, é provável que sobrem menos recursos para distribuição, diz o BBA.
Banco do Brasil: agro pode piorar antes de melhorar
Para o Itaú, os próximos trimestres devem ser piores do que o primeiro, em razão do ciclo natural de vencimentos e atrasos no crédito.
“Não esperamos melhorias significativas neste ano, uma vez que novas provisões devem ser adicionadas.”
Ao todo, a carteira agro representa cerca de um terço da exposição total de crédito do Banco do Brasil, somando aproximadamente R$ 400 bilhões.
Historicamente, essa carteira apresentava bom desempenho, mas surpreendeu negativamente nos últimos trimestres.
“Observamos fatores econômicos e comportamentais impactando o desempenho do crédito. Hoje, é mais fácil para os produtores entrarem com pedido de recuperação judicial.”
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O instrumento, inclusive, já foi criticado pela administração do BB diversas vezes nas conferências de resultados.
“Diante desses fatores inesperados, prevemos uma camada extra de risco nos modelos de perda esperada. Estimamos cerca de 3% adicionais de provisões, levando a uma taxa de aproximadamente 8% da carteira agro até 2026, o que deve pressionar os lucros do banco.”
Não é só o agro
No entanto, o Itaú BBA afirma que os problemas de crédito do BB não se limitam ao agronegócio.
“Como já vínhamos destacando, renegociações maiores realizadas em 2023-2024 com clientes de varejo e empresas agora estão se tornando inadimplentes e exigindo provisões.”
O volume de créditos renegociados com pessoas físicas, pequenas e grandes empresas está subindo trimestre após trimestre.
“Isso indica pressão contínua sobre a inadimplência futura, pois uma parte dessas renegociações costuma falhar.”
A ação do BB fechou em queda de 0,60%, a R$ 21,60.