BB Seguridade (BBSE3): Mais lucro, mais dividendos? O que fazer com o papel após resultado do 3T25
O lucro da BB Seguridade (BBSE3) pegou analistas de surpresa após atingir R$ 2,6 bilhões, acima do consenso de R$ 2,2 bilhões.
É verdade que parte dessa melhora vem do resultado financeiro, favorecido pela disparada da Selic. Seguradoras são grandes vencedoras nesse cenário, já que possuem caixas robustos, onde o dinheiro pode ser reinvestido.
Na bolsa, a ação chegou a subir 2,77%, a R$ 34,16, mas arrefeceu a alta. Por volta das 15h, subia 0,93%.
De acordo com analistas, a alta do lucro vem em bom momento, já que a seguradora do Banco do Brasil (BBAS3) passa por um período de incertezas.
Assim como sua controladora, o agronegócio pesa sobre a emissão de prêmios da BrasilSeg, carro-chefe da companhia.
No trimestre, os prêmios recuaram novamente, com queda de 14,8% no ano, piorando uma linha que já vinha fraca. Os segmentos agrícola (-57,1%) e vida produtor rural foram os maiores vilões.
Com isso, os prêmios emitidos caíram quase 8% no acumulado do ano. O guidance (projeções) do BB indicava retração de 4% no período.
Resultados suficientes da BB Seguridade
Para o Safra, a surpresa veio principalmente do aumento do resultado financeiro na BrasilPrev — a deflação do IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado, que mede a inflação) continuou a impulsionar o desempenho em setembro.
Além disso, houve maior captação de novos recursos, o que também beneficiou as comissões de corretagem.
Nos cálculos dos analistas, mesmo que o resultado operacional fique estável em relação ao quarto trimestre, o BB ainda pode superar as projeções.
Na avaliação da Genial, a BrasilSeg também foi destaque positivo, mesmo com a queda dos prêmios, já que o resultado financeiro mais do que compensou o fraco desempenho.
Mais dividendos?
Embora os analistas lembrem que o cenário ainda é turbulento para a BB Seguridade, uma coisa é quase certa: a seguradora continuará pagando bons dividendos.
“Uma projeção conservadora de R$ 2,3 bilhões para o quarto trimestre sugere um lucro líquido anual de R$ 9,2 bilhões, o que reforça nossa visão de que os dividendos devem permanecer atrativos, em torno de 13% nos próximos 12 meses”, destaca o Safra.
Rafael Sperendio, diretor financeiro da companhia, foi questionado sobre a possibilidade de pagamento de dividendos extraordinários. A resposta, no entanto, pode desapontar.
De acordo com ele, embora o caixa do grupo seja “bastante robusto”, a BB Seguridade não prevê um pagamento adicional aos acionistas.
Mesmo assim, afirmou que o nível de “payout” do segundo semestre deste ano será maior que o do primeiro.
A Genial também afirma que a ação está negociando a múltiplos mais atrativos: 7x o preço sobre lucro (P/L) para 2025 e 6,8x P/L para 2026, com dividend yield (retorno de dividendos) estimado em 11,9% para 2025.
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Mesmo assim, os analistas fazem alertas. A companhia segue enfrentando dificuldades na expansão dos prêmios de seguros e captação líquida negativa em previdência.
Como exemplo, lembram que o resultado financeiro da BrasilPrev foi impulsionado pela deflação do IGP-M em seu passivo — um efeito não recorrente, difícil de se repetir nos próximos trimestres.
“Esses fatores devem se tornar mais evidentes em 2026, com a tendência de queda gradual da Selic, o que tende a reduzir a contribuição do resultado financeiro para o lucro consolidado.”
Os analistas dizem, porém, que a Selic média de 2026 deve ficar próxima à de 2025. Ou seja, BrasilSeg e o financeiro da BrasilPrev serão peças fundamentais para essa conta fechar.
“Por ora, reiteramos nossa recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 45, o que representa um upside potencial de 35,4% em relação ao último fechamento.”
O Safra também cita o cenário ainda desafiador para 2026, visto que os prêmios de seguros emitidos caíram 8% no acumulado do ano e a receita financeira enfrentará uma base de comparação difícil.
No entanto, para a casa, a avaliação atual já parece refletir o cenário ruim. No ano, as ações da BB Seguridade acumulam queda de 8% e estão 20% abaixo da máxima.
A recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 47, implicando potencial de alta de 41%.