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BBAS3, SANB11, BPAC11 e ITUB4: Como os ‘bancões’ veem o momento do agronegócio?

29 out 2025, 12:18 - atualizado em 29 out 2025, 12:18
bancos agronegócio
(Imagem: Freepik - Montagem: Money Times)

Mesmo com visões particulares sobre o cenário atual do “motor da economia”, Banco do Brasil (BBAS3), Santander Brasil (SANB11), Itaú BBA e BTG Pactual (BPAC11) convergem sobre temas que mexem com o agronegócio brasileiro.

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Para o BB, 2025 é um ano de ajuste. O Santander, por sua vez, enxerga uma crise “diferentes de todas as outras”. Já o Itaú BBA aponta para uma equação de menores margens, enquanto o BTG Pactual reforça as oportunidades da “porteira para fora”.

De forma geral, os “bancões” concordam nos seguintes pontos:

  • Houve o fim do ciclo de margens excepcionais entre 2020 e 2022;
  • Há uma alta alavancagem de parte dos produtores rurais;
  • É preciso ter uma seleção mais rigorosa no crédito, impulsionada pela Resolução 4966 do Banco Central e pelo aumento da inadimplência no agro;
  • Há desconfiança em torno do excesso de recuperações judiciais no setor;
  • Ainda há oportunidades estruturais robustas, em especial para logística, biocombustíveis e mercado de capitais.

O momento de ajuste para o Banco do Brasil vem justamente pelo rebalanceamento da capacidade dos produtores após dois anos de margens reduzidas e quebras climáticas em várias regiões. O banco viu sua inadimplência crescer em 2025, o que levantou preocupações entre os investidores.

Os “dias de ouro” do agro — ou melhor, o fim deles — resultou em uma das maiores e diferentes crises que o setor já enfrentou, segundo o Santander.

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Os níveis de endividamento estão elevados, e os produtores estão precisando pagar dívidas contraídas entre 2020 e 2022, quando as margens e a taxa de juros eram mais favoráveis. Por esse motivo, o Santander ficou ainda mais seletivo, e a carteira de agro, que não cresceu em 2024, também não deve avançar em 2025.

No 3T25, o Santander viu seu lucro líquido crescer 9,4%, para R$ 4 bilhões. Houve uma queda de 0,2 p.p no trimestre na inadimplência, refletindo a melhor qualidade das novas safras. No entanto, o índice acima de 90 dias segue pressionado.

Quem mais sofre?

Para Carlos Aguiar, diretor de agronegócio do Santander, fora o pequeno produtor rural, quem mais sofre com o cenário atual é o arrendatário — ou seja, o produtor que “aluga” terra para produzir.

Quando as margens eram maiores, muitos produtores arrendaram terras por preços que não fazem mais sentido no contexto atual. Agora, há quem busque vender propriedades, o que, por sua vez, pressiona os valores de mercado.

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Segundo o diretor de agronegócio do Itaú BBA, Pedro Fernandes, a conta que não fecha é de quem opera com grandes volumes de terras arrendadas e conta com pouco capital próprio.

“A margem não é suficiente para bancar o arrendamento, juros de custeio e parcelas de investimentos passados. Vimos o preço do arrendamento subindo muito em regiões com uma produtividade ainda não muito elevada”.

Apesar de enxergar um momento difícil para os produtores mais alavancados nos próximos dois anos, o BTG Pactual ainda vê fundamentos sólidos para o agronegócio brasileiro. Rogério Stallone, sócio responsável pela área de crédito corporativo do banco, ressalta a necessidade do setor crescer em agendas como infraestrutura e logística.

As recuperações judiciais e o agronegócio

BTG, BB e Santander também convergem no que diz respeito ao mau uso da recuperação judicial. Para Stallone, do BTG, o problema não está no instrumento em si. Ele cita o caso da Americanas, que afetou o varejo como um todo.

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“A RJ também não pode ser usada de forma que o credor que financiou a empresa pague toda a conta. É o mesmo para o agro. Não vai achar que um ou outro oportunista vai fazer algo errado e não vai gerar efeitos. Pelo contrário, todo mundo sofre, o custo de crédito, condições e garantias aumentam, os bancos vão encurtar prazos”, disse o sócio do BTG.

Para Aguiar, do Santander, há infelizmente uma “indústria de recuperações judiciais”, algo que não existia no agronegócio. “Vejo gente com uma dívida de R$ 5 milhões que só precisa de um fôlego e pede recuperação judicial. Estruturalmente, ele nem sabe o que está fazendo”, afirma.

O diretor de agronegócios e agricultura familiar do Banco do Brasil, Alberto Martinhago Vieira, também aponta um uso inadequado do instrumento e reforça que isso compromete a confiança na concessão de crédito. Tantao que, nesta semana, o vice-presidente de controles internos e gestão de risco do BB, Felipe Prince, ameaçou suspender novos empréstimos a produtores que entrarem com pedido de recuperação judicial.

A nova resolução 4966

Acima de tudo isso, a Resolução 4966 do Banco Central, que entrou em vigor em janeiro, endureceu as normas contábeis e de provisão de crédito dos bancos.

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A nova legislação aproxima o modelo brasileiro do modelo padrão internacional, que é mais complexo e punitivo.

Na prática, as regras ficaram mais rígidas em relação às provisões para créditos duvidosos. Os bancos passaram a provisionar as perdas esperadas, e não mais as perdas que efetivamente ocorreram.

Em resumo, a resolução endurece o controle sobre dívidas vencidas, exigindo maior disciplina financeira do produtor e mais prudência dos bancos na gestão de risco.

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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural. Em 2024 e 2025, ficou entre os 100 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
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