Internacional

BC da Alemanha pode precisar de resgate; maior economia da Europa já está em recessão

26 jun 2023, 18:18 - atualizado em 26 jun 2023, 18:18
Banco Central resgate Alemanha juros inflação
Olaf Scholz, o primeiro-ministro da Alemanha, enfrenta turbulências econômicas. (Imagem: REUTERS/Michele Tantussi)

A maior economia da Europa continua enviando sinais de fraqueza. Segundo comunicado do Tribunal Federal de Contas do país, o Banco Central poderá precisar de um resgate para cobrir perdas relacionadas à contração de títulos de dívida.

De acordo com o levantamento do ‘TCU alemão’, o Bundesbank enfrenta prejuízos que chegam a 650 bilhões de euros, em razão do PSPP, sigla que significa ‘programa de compra do setor público’.

O PSPP havia sido lançado pelo Banco Central Europeu (BCE) ainda durante a pandemia, como forma de estimular as economias do bloco, diante de um tempo de diversas incertezas macroeconômicas. Através dele, exigiu-se que os bancos centrais locais realizassem a compra da dívida do setor privado.

Agora, com um cenário de juros altos, aumenta-se o risco de que a autoridade monetária do país precise recorrer a uma “recapitalização” por meio de fundos orçamentários para, assim, mitigar o risco de um catastrófico calote.

Segundo descreve o Tribunal, o aperto monetário executado pelo Banco Central Europeu desde meados do ano passado levou a uma perda adicional de 1 bilhão de euros do seu portfólio de títulos.

Isso ocorre porque o BC alemão está pagando mais juros aos depósitos feitos pelos bancos comerciais, do que aquilo que ele recebe pelos títulos públicos emitidos.

Vale destacar que o Banco Central alemão, assim como outras autarquias, possui um ‘fundo tampão’ de 19 bilhões de euros para provisionar o efeito da dívida no balanço de ativos.

No entanto, conforme o presidente da instituição, Joachim Nagel, a provisão pode secar nos próximos anos, se o cenário macroeconômico desafiador permanecer.

O PSPP, assim como o Quantitative Easing (QE) americano e demais iniciativas de compra de títulos, vem recebendo críticas de economistas, que atribuem a ‘enxurrada de liquidez’ (satiricamente chamado de funny money) uma parte da culpa pela alta inflação que atinge as principais economias desenvolvidas.

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Governo Scholz vê pressão crescer, com Alemanha mergulhada em recessão

Em declaração ao Financial Times, veículo que primeiro divulgou o alerta do auditor federal da Alemanha, o ministro alemão das Finanças Christian Lindner disse possuir uma avaliação diferente sobre os riscos relacionados à medida monetária para o Tesouro do país.

Lindner defende ser extremamente improvável que as perdas do BC alemão contaminem o orçamento federal.

O gabinete de Olaf Scholz enfrenta uma situação política cada vez mais hostil, com a principal economia da Europa enfrentando um quadro de recessão técnica. Tanto no último trimestre de 2022, quanto no primeiro trimestre de 2023, o PIB da Alemanha registrou contrações de 0,5% e 0,3%, respectivamente.

Corrobora o quadro de fragilidade econômica, o índice de atividade econômica Ifo reportar o pior resultado para o ambiente de negócios no país desde novembro de 2022. A aferição de junho foi de 88.5 pontos, abaixo do que esperava os analistas.

Segundo o relatório, todos os setores da economia alemã sofreram um revés, com o principal destaque negativo vindo da manufatura.

Enquanto isso, a inflação do país no acumulado dos 12 meses está em 6,1%. Com a inflação fora da meta do BCE, a espera de que a autoridade monetária do bloco europeu anuncie novos aumentos na taxa de juros levam a maior inversão da curva de risco desde 1992. Naquele período, o país ainda enfrentava diversas turbulências advindas da reunificação.

https://twitter.com/Schuldensuehner/status/1671904820133855233?s=20

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.