BCs precisam ser decisivos contra inflação, diz Gopinath, do FMI
As decisões enfrentadas pelos bancos centrais globais – sobre emprego, inflação e crescimento – devem piorar nos próximos anos, à medida que o mundo luta para ajustar os mercados de trabalho e as cadeias de suprimentos e as pressões inflacionárias continuam, disse Gita Gopinath, primeira vice-diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, a formuladores de política monetária nesta sexta-feira.
Dados os riscos de a inflação se tornar enraizada, Gopinath disse que os principais bancos centrais precisarão ser uniformemente rígidos, apesar dos possíveis custos.
“Os bancos centrais devem agir decisivamente para trazer a inflação de volta à meta e ancorar as expectativas de inflação”, disse ela na conferência de bancos centrais de Jackson Hole em Wyoming.
Suas observações são parte do que se tornou uma rápida redefinição na forma como autoridades dos bancos centrais estão abordando seus cargos, com muitos enfrentando aumentos rápidos de preços pela primeira vez em suas carreiras.
Abordagens de política monetária que pareciam justificadas até alguns meses atrás, como administrar uma economia “quente” para aumentar os empregos e assumir que os choques de oferta desapareceriam, não parecem mais seguras, disse Gopinath.
Se a prática passada era “olhar além” dos problemas de oferta na suposição de que as empresas se ajustariam, “a pandemia e a guerra sugerem que choques temporários de oferta podem ter efeitos mais amplos e persistentes sobre a inflação quando uma economia é muito forte, ou os choques são muitos. Sob tais condições, os bancos centrais podem precisar reagir de forma mais agressiva para controlar a inflação”, disse ela.
Da mesma forma, os esforços para usar uma política monetária frouxa para obter ganhos de emprego mais fortes “criam um risco de inflação significativo”, disse Gopinath. “As pressões inflacionárias podem se tornar muito mais intensas à medida que o desemprego cai para níveis baixos e setores-chave enfrentam restrições de oferta. Dificuldades ao medir o hiato econômico tornam difícil dizer quando exatamente a inflação chegará, mas os riscos são ainda maiores em uma economia quente.”
As observações de Gopinath refletem o esforço urgente ainda em andamento entre os bancos centrais globais e instituições econômicas para entender o atual surto de inflação e determinar se ele está enraizado em mudanças permanentes na economia desencadeadas pela pandemia e pela invasão russa da Ucrânia.
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