Política

Bioeconomia é aposta do governo para os próximos anos, garante Marcos Pontes

11 jun 2020, 8:03 - atualizado em 11 jun 2020, 8:03
Marcos Pontes
Marcos Pontes disse que regulamentação recente estabeleceu as prioridades de 2020 a 2023 em projetos de pesquisa, de desenvolvimento de tecnologias e inovações (Imagem: Facebook/Astronauta Marcos Pontes)

A bioeconomia é uma das prioridades do Ministério da Ciência e Tecnologia, segundo informou o titular da pasta, Marcos Pontes, que participou nesta quarta-feira (10) de encontro virtual sobre o tema com integrantes da Frente Parlamentar Mista da Bioeconomia.

Durante a reunião, foram debatidas inovações tecnológicas para a geração de soluções de baixo carbono na área de bioquímicos e biomateriais.

Marcos Pontes disse que regulamentação recente estabeleceu as prioridades de 2020 a 2023 em projetos de pesquisa, de desenvolvimento de tecnologias e inovações.

Para ele, a bioeconomia é ainda mais pertinente por causa da pandemia de coronavírus.

“Temos que estar preparados para responder em temos de equipamentos, produção de reagentes. Porque, num momento desses, os países trazem essa possibilidade para o próprio país.

O fato de termos concentrado nos equipamentos da China ou trazido insumos da Índia ou outros países, isso nos dá uma insegurança grande.

Acredito piamente que a aplicação de nossa biodiversidade de forma sustentável é uma solução para que possamos ter crescimento vertiginoso em termos de riquezas para o país; mas, para isso, precisamos ter união de todos”, disse Pontes.

Plástico renovável

Na opinião do gerente global de inovação e desenvolvimento da Braskem, empresa brasileira do ramo petroquímico, Mateus Lopes, o Brasil pode liderar tecnologicamente a transição da bioeconomia.

Segundo ele, o país já é capaz de produzir biomassa de baixo custo e baixa emissão de carbono. Ele citou a produção de cana de açúcar, com a qual o Brasil é líder no mundo. Segundo ele, os brasileiros convertem açúcar em químicos renováveis em diversas etapas industriais, como o polietileno verde, um plástico renovável.

Os polietilenos tradicionais usam como matéria-prima o petróleo ou gás natural.

Mateus Lopes afirmou que os países já estão mapeando suas áreas tecnológicas para promover a redução da emissão de carbono, a fim de manter o limite de aumento de 2 graus Célsius na temperatura global para evitar mudanças climáticas. Para isso, o mundo trabalha com uma espécie de orçamento de carbono.

No Brasil, o orçamento é de 2.900 gigatons de CO2. O Brasil gasta 2.200.

“Isso é o que o mundo inteiro está trabalhando com orçamento e que cada país agora está começando a medir o quanto está emitindo em cada indústria, em cada setor, para garantir que a gente vai conseguir chegar e cumprir esse desafio global de conter as mudanças climáticas”, disse Lopes.

Etanol

A cana de açúcar é apenas um exemplo de biomassa, matéria orgânica de origem vegetal ou animal usada com a finalidade de produzir energia.

Os produtos derivados da cana, aliás, são conhecidos dos brasileiros há décadas, como lembra o diretor do Laboratório Nacional de Biorrenováveis, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), Eduardo do Couto e Silva.

“A gente substitui o petróleo pela biomassa e aí a refinaria então é substituída pela chamada biorrefinaria. E aí produzimos como energia os biocombustíveis. O etanol é bastante conhecido de todos nós há décadas”, disse.

A biotecnologia é essencial para consolidar novos modelos de produção industrial, como destacou o presidente-executivo da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), Thiago Falda.

Segundo ele, o Brasil tem a maior quantidade de biomassa a baixo preço no mundo e uma agricultura altamente sustentável que permite a geração de biomassa.

“Não é à toa que somos o único país do mundo com tecnologia para produzir carro flex. Temos capacidade, recursos humanos altamente treinados para a produção de energia biomolecular.

Temos todas as características necessárias para que a bioeconomia seja o grande retorno de desenvolvimento econômico do país”, observou.

Segundo ele, a frente parlamentar vem construindo políticas públicas para estimular as atividades de pesquisa e desenvolvimento em bioeconomia no Brasil.

Novo coordenador da frente parlamentar da bioeconomia, o deputado Alexys Fonteyne (Novo-SP) reforçou a importância de o Brasil ser vanguarda na área.

“Fico feliz que empresas brasileiras estejam na vanguarda disso, fico feliz que o Ministério de Ciência e Tecnologia esteja percebendo e ajudando. Essa união só agrega valor e não podemos ficar mais para trás”, disse.

A frente parlamentar foi criada um ano atrás e conta com 209 deputados e 12 senadores.

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