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Bitcoin (BTC) perdeu hedge contra inflação após cair 72%, diz Messari

20 set 2022, 16:45 - atualizado em 20 set 2022, 16:46
Bitcoin (BTC) hoje
Tese de o Bitcoin ser uma proteção contra a inflação sempre foi forte. (Imagem: Unsplash/Kanchanara)

O Messari, uma das casas de análise mais respeitadas do mercado, disse que o Bitcoin (BTC) perdeu, em grande parte, seu hedge de inflação depois de cair 72% desde a máxima histórica de US$ 69 mil.

A afirmação consta no famoso relatório “State of Bitcoin” (Estado do Bitcoin), do terceiro trimestre de 2022, divulgado nesta terça-feira (20).

Mesmo com as quedas acentuadas, a média do preço do Bitcoin tem uma variação positiva de 4% em comparação com o trimestre anterior – que sofreu um recuo de 58%.

O mesmo pode ser visto na variação do valor de mercado da criptomoeda. No trimestre anterior, a variação foi negativa em 57%, enquanto neste, até então, é positivo em 4%.

No que tange à performance e saúde da rede, os prejuízos ao longo do ano não foram tão relevantes quando comparados aos de preço de tela.

Todavia, o valor médio liquidado diário destoa das demais métricas de performance, com uma variação negativa de 44% comparado com 28% negativo do trimestre anterior.

A receita média diária dos mineradores saiu de US$ 30 milhões para US$ 20 milhões, uma variação negativa de 33%. A queda é mais acentuada quando comparado com o primeiro e segundo trimestre deste ano, onde a queda foi de apenas 22%.

Messari Bitcoin BTC
(Imagem: Messari/State of Bitcoin Q3 2022)

Narrativas do mercado para o Bitcoin (BTC) foram quebradas

A tese de o Bitcoin ser uma proteção contra a inflação sempre foi forte, devido a oferta fixa e política monetária criptografada do ativo.

Mas ao invés da tese se concretizar, o bitcoin fez novos ciclos de baixa, mesmo quando a inflação do IPC nos EUA atingiu altas de várias décadas, apontam dados do Messari.

A mesma infelicidade ocorreu com a tese de reserva de valor. Desde que atingiu um recorde histórico de US$ 69 mil em novembro de 2021, o bitcoin caiu 72% em meio a um ambiente macro de risco.

“Em vez de uma reserva de valor, a ação do preço foi semelhante a de uma ação de tecnologia de alto beta dos EUA. O preço do Bitcoin sofreu quando o Federal Reserve voltou para um regime mais conservador, com menor liquidez e taxas mais altas”, aponta.

O relatório lembra que, mesmo no auge de um mercado de baixa, a principal moeda perdeu o domínio do valor de mercado. O principal motivo foi o desempenho superior do Ethereum (ETH) à medida que avançava em direção à transição para Proof-of-Stake.

“Muitas instituições capitularam, com a Tesla vendendo a maior parte de seu bitcoin no segundo trimestre de 2022. A capitulação de grandes plataformas e fundos de empréstimos contribuiu ainda mais para a volatilidade. Como tal, o ativo ainda precisa ‘amadurecer’ para um espectro de risco mais baixo, embora algumas instituições tenham vindo”, explica.

Mesmo com essas métricas, e embora o crescimento de usuários e transações possa ser pequeno, a atividade não caiu tanto quanto o preço como expõe a pesquisa.

“Com o preço em mínimos de vários anos, os turistas foram embora, mas a rede continua a avançar. O mercado em baixa é o momento para os construtores construírem e os crentes acumularem.”

Messari Bitcoin BTC
(Imagem: Messari/State of Bitcoin Q3 2022)

A narrativa que prevaleceu

Conforme o relatório do Messari, a narrativa que conduziu o Bitcoin por este trimestre foi de que é um ativo de tecnologia, por essa razão, a criptomoeda é correlacionada com a Nasdaq.

Os retornos do Bitcoin estão cada vez mais correlacionados com as ações de tecnologia dos EUA desde que o mercado de alta, alimentado pela liquidez, terminou no final de 2021.

“Para o trimestre, a correlação média entre Bitcoin e Nasdaq 100 foi de 0,6, já que a inflação e os aumentos das taxas dominaram a narrativa. Surpreendentemente, o ouro digital e o ouro físico são muito menos correlacionados. A correlação média do trimestre entre os dois ativos foi de 0,2.”

Messari Bitcoin BTC
(Imagem: Messari/State of Bitcoin Q3 2022)

Mineração de Bitcoin (BTC)

Devido a aumentos acentuados nos preços da energia, recordes históricos de hashrate, queda nos preços do bitcoin e taxas de transação mais baixas, os mineradores se viram em uma posição cada vez mais difícil.

A maior despesa para os mineradores de Bitcoin é o custo de energia. Apenas este ano, os preços da energia nos Estados Unidos aumentaram 15% A/A, segundo o índice de preço do consumidor (CPI, na sigla em inglês).

“Com os preços da energia subindo globalmente, muitas mineradoras se viram sob pressão, especialmente aquelas sem contratos de compra de energia (PPAs) em vigor”, diz.

Em 2022, havia cerca de US$ 5 bilhões em pedidos de compra ASIC [máquinas específicas para minerar bitcoin] pendentes a serem entregues a mineradores públicos.

Messari Bitcoin BTC
(Imagem: Messari/State of Bitcoin Q3 2022)

O motivo disso, segundo Messari, é que, enquanto o preço do bitcoin caía, os mineradores conectavam novas máquinas para começar a ser pago de volta.

“Isso empurrou o hashrate e a dificuldade da rede para cima. À medida que os preços de hashrate e energia aumentaram enquanto o preço do bitcoin diminuiu, muitos mineradores públicos recorreram à venda de bitcoin para continuar financiando suas operações e pagar suas dívidas.”

A pressão de venda de bitcoin do minerador, em vez de segurar para o longo prazo, fez com que a pressão de queda dos preços aumentasse.

No quarto trimestre de 2021, a receita dos mineradores atingiu o pico de US$ 4,8 bilhões, mas vem caindo junto com o preço do bitcoin desde então.

“A receita trimestral das mineradoras no primeiro trimestre de 2022 e no segundo trimestre de 2022 caiu 28% e 22%, respectivamente. Caso o preço do Bitcoin permaneça limitado até o final do terceiro trimestre, a receita trimestral dos mineradores provavelmente continuará a tendência de queda, devido aos altos preços da energia”, dispõe o relatório.

Dados Onchain do Bitcoin (BTC)

Conforme o relatório, à medida que a demanda por espaço de armazenamento na rede caiu, a contagem de transações de Bitcoin e as taxas de transação recuaram 3% e 23%, respectivamente.

A quantidade de transações diárias na rede do Bitcoin permaneceu com praticamente a mesma métrica durante todo o ano, com uma média de cerca de 250.000 transações por dia.

O relatório expões que as taxas médias de transação foram muito baixas desde a primeira corrida de alta de 2021. No trimestre até o momento, a taxa média por transação foi de apenas US$ 1,4, queda de 21% no trimestre e 55% no ano.

“O último pico de taxa ocorreu no início de 2021, quando o preço do bitcoin atingiu novos máximos. Normalmente, durante as corridas de alta, os usuários estão dispostos a pagar taxas mais altas para garantir que suas transações sejam incluídas o mais cedo possível.”

Discussão Prova de Trabalho (PoW) X Prova de Aposta (PoS)

No dia 8 de setembro de 2022, o Escritório de Política Científica e Tecnológica da Casa Branca publicou um relatório sobre as implicações climáticas e energéticas da mineração de criptomoedas em resposta à ordem executiva do presidente norte-americano Joe Biden .

Em geral, o relatório levanta preocupações sobre como a Prova de Trabalho pode prejudicar os esforços dos EUA para combater as mudanças climáticas e como a mineração com uso intensivo de energia pode afetar negativamente a confiabilidade e os preços da rede elétrica.

O relatório pede que várias agências federais desenvolvam padrões que minimizem o impacto ambiental negativo e garantam a confiabilidade energética.

Se essas medidas se mostrarem ineficazes, o relatório afirma que o Congresso e o governo devem explorar a limitação ou eliminação da mineração PoW.

Apesar das críticas da Casa Branca à mineração PoW, o relatório menciona como a mineração PoW pode produzir resultados positivos para o clima por meio de operações de mineração alternativas.

Além disso, o relatório afirma que a mineração PoW pode acelerar a transição para uma rede renovável, contribuindo para os serviços rápidos de resposta à demanda necessários e fornecendo receita adicional aos desenvolvedores de energia renovável.

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Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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