Política

Bolsonaro diz que não irá demarcar mais pedidos de terras quilombolas

10 mar 2020, 14:47 - atualizado em 10 mar 2020, 14:47
Jair Bolsonaro
Bolsonaro discursa a brasileiros em Miami (Imagem: REUTERS/Marco Bello)

Em um evento para empresários nesta terça-feira em Miami, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não irá demarcar mais terras quilombolas no país, apesar dos 900 pedidos que existem hoje prontos para serem assinados, assim como não ampliará as demarcações de terras indígenas.

Segundo o presidente, as demarcações de terras quilombolas foram uma invenção de governos de esquerda para “atrapalhar o Brasil”.

“Os governos de esquerda descobriram outras formas de atrapalhar o Brasil, com comunidades quilombolas. Com todo respeito que temos àqueles que vieram para o Brasil e foram escravizados, abominamos a escravidão, graças a Deus não existe mais no Brasil. Mas essas demarcações de terras quilombolas, têm 900 na minha frente para serem demarcadas, não pode ocorrer. Somos um só povo, uma só raça”, afirmou.

O Brasil tem hoje 206 terras quilombolas tituladas pelo Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra), responsável pelas demarcações, e 977 processos de demarcação estão abertos apenas na região Nordeste.

Bolsonaro voltou a dizer que existe uma “indústria de demarcações” no Brasil e que não irá mais fazer demarcações também de terras indígenas.

“Nossa Amazônia sofreu de 1992 para cá uma verdadeira indústria da demarcação de terras indígenas. Hoje em dia o Brasil tem 14% de seu território demarcado em terras indígenas. Ninguém tem isso no mundo”, discursou. “Alguns países da Europa queriam que chegasse a ser 22%. Isso não será realizado, o Brasil mudou, a Amazônia é nossa e vamos lutar por ela.”

O que chama de excesso de áreas indígenas é uma das críticas constantes do presidente à situação da Amazônia. Recentemente, o governo enviou ao Congresso um projeto que abre as terras indígenas para exploração comercial de mineração, energia, petróleo e agricultura e pecuária.

Bolsonaro defende que há “milhares de riquezas” sob o solo nessas regiões e isso precisa ser explorado.

reuters@moneytimes.com.br