Eleições 2022

Bolsonaro ganha munição no debate de fraude eleitoral após vitória agridoce de Lula no primeiro turno

05 out 2022, 11:11 - atualizado em 05 out 2022, 11:23
bolsonaro eleições
Bolsonaro têm atiçado a base com acusações sem provas contra as urnas eletrônicas e as pesquisas eleitorias; placar apertado das eleições serve de argumento (Imagem: Bloomberg)

O placar apertado no primeiro turno das eleições tende a servir de munição para Jair Bolsonaro (PL) na retórica de fraude eleitoral. O resultado oficial do último domingo (2), na contramão do que apontavam as pesquisas eleitorais, amplia a chance de contestação por parte do atual presidente, caso seja derrotado no próximo dia 30 nas urnas eletrônicas.

“Não existe cenário eleitoral brasileiro em que Bolsonaro esteja preparado para admitir que perdeu”, comentou nas redes sociais o cientista político Ian Bremmer, presidente do Eurasia Group.

Para ele, a “vitória agridoce” de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno das eleições tende a agitar as acusações, sem provas, do atual presidente. 

Bremmer destaca que a campanha de Bolsonaro acreditava em reeleição já na primeira rodada. “Bolsonaro afirma falsamente que ganhou? (como ele fez em 2018) tem de pensar assim”, emenda, referindo-se à disputa contra Fernando Haddad.  

Invasão em Brasília?

Portanto, os aliados do presidente ficaram chocados com o fato de Lula ter chegado em primeiro lugar, com Bolsonaro tendo uma votação inferior ao obtido quatro anos atrás. Em 2018, Bolsonaro teve 57,7 milhões de votos no segundo turno contra Haddad. No domingo, ele conquistou 51 milhões.

“O presidente do Brasil passou meses atiçando sua base com dúvidas infundadas sobre a integridade do processo eleitoral e ninguém ficaria surpreso se ele tentar tirar um ‘6 de Janeiro’ se perder o segundo turno”, comenta o analista sênior da GZero, Carlos Santamaria, na newsletter Signal da última segunda-feira (3).

Ele se refere ao episódio ocorrido no Capitólio dos Estados Unidos no início deste ano, após a derrota de Donald Trump na disputa presidencial contra Joe Biden

Pesquisas eleitorais em descrédito

Embora Lula ainda seja o favorito para vencer também no segundo turno, o resultado da primeira rodada é uma “boa notícia” para Bolsonaro. “Ele superou as pesquisas, que o colocavam atrás de Lula por uma ampla margem e levaram muitos a acreditar que o rival poderia ganhar tudo no primeiro turno”, destacou Santamaria, no Signal do dia 3. 

Com 100% das urnas apuradas, o petista ficou com 48,43% dos votos válidos, enquanto Bolsonaro teve 43,20%. Portanto, a distância de cerca de cinco pontos percentuais entre os dois candidatos é inferior que o apontado pelas pesquisas eleitorais, que chegaram a dar vantagem de até dez pontos para Lula, deixando dúvidas sobre a realização de uma nova disputa.

“A vitória mais estreita do que o esperado de Lula pode dar ainda mais forragem para alegar que as pesquisas são manipuladas contra Bolsonaro”, comenta o analista. Santamaria prevê que o segundo turno em 30 de outubro pode ser mais apertado do que o esperado. 

República das bananas

Diante disso, o mercado financeiro tende a ficar bastante apreensivo ao longo das próximas semanas. O principal receio é com o que Bolsonaro irá falar dos resultados, tanto das pesquisas e, principalmente, das urnas. Afinal, a tendência é de que a votação observada no primeiro turno seja muito semelhante no dia 30. 

“Este ano, há na mesma eleição duas vezes o segundo turno”, afirmou ao Money Times o cientista político e diretor do Instituto Brasilis, Alberto Carlos Almeida. “O primeiro turno foi equivalente ao segundo turno e o segundo turno será o segundo turno [de fato]”, emenda. 

Para ele, a chance de reversão do resultado do primeiro turno é muito baixa, considerando-se o percentual de votos válidos (exceto brancos, nulos e abstenções).

Com isso, cresce o “risco de Banana Republic”, intitulado pelo megainvestidor Luis Stuhlberger, sócio da Verde Asset Management, no começo de agosto. Para ele, existe a possibilidade de as eleições brasileiras terem resultados apertados, com possível contestação se Bolsonaro for derrotado. 

Afinal, sempre que questionado, o candidato à reeleição afirma que só reconhecerá os resultados caso as eleições sejam “limpas” – sem dizer o que isso significa.

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Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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