Internacional

Bônus argentinos aguardam sinal do FMI sobre severidade de reestruturação de dívida

19 fev 2020, 14:22 - atualizado em 19 fev 2020, 14:22
Casa Rosada Buenos Aires Argentina
A questão é quanto de sangue dos detentores de títulos será deixado no chão após a operação de reestruturação (Imagem: Pixabay)

Os investidores em títulos argentinos esperavam nesta quarta-feira por notícias do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a sustentabilidade da dívida do país e se as reuniões oficiais em Buenos Aires resultariam em uma recomendação de uma forte reestruturação da dívida.

Os preços dos títulos acumulavam queda de 3,5% neste ano, à medida que aumenta a incerteza sobre a capacidade da Argentina de pagar 44 bilhões de dólares ao FMI, seu maior credor único, e dezenas de bilhões de dólares a mais para os detentores de títulos privados.

Os economistas do FMI devem encerrar seis dias de reuniões com autoridades do governo e do banco central, com um comunicado esperado ainda para esta quarta ou quinta-feira. As negociações foram convocadas pelo ministro da Economia, Martín Guzmán, o qual afirma que o governo precisa reestruturar cerca de 100 bilhões de dólares em obrigações.

A questão é quanto de sangue dos detentores de títulos será deixado no chão após a operação de reestruturação.

“Seria positivo para o mercado ver uma declaração do FMI de que a dívida da Argentina pode se tornar sustentável, adiando o pagamento de títulos principais e reduzindo os cupons de taxa de juros, e que o FMI apoiaria esse tipo de reestruturação”, disse Fernando Marrul, chefe da consultoria FM and Associates.

“O pior cenário para os detentores de títulos seria o FMI emitir uma declaração que apoie um desconto profundo, ou um corte no principal devido aos detentores de títulos”, acrescentou. “Até o momento, não temos muitas informações sobre as reuniões. Precisamos saber o que o FMI pensa sobre a sustentabilidade da dívida da Argentina.”

Os preços da dívida local sofreram um impacto na semana passada, depois que o governo foi forçado a abandonar a venda de títulos devido ao baixo interesse dos investidores e, em seguida, surpreendeu os acionistas ao adiar unilateralmente o pagamento do principal de um título local por cerca de seis meses.

A moeda argentina, o peso, caiu 0,11% na abertura, à medida que os mercados aguardavam sinais do FMI.

O fundo concedeu à Argentina um financiamento de 57 bilhões de dólares em 2018, em acordo que incluía metas fiscais rígidas –como cortes de subsídios a serviços públicos– que aprofundaram a recessão e esmagaram a popularidade do presidente anterior Mauricio Macri.

Economistas do setor privado esperam que a economia encolha 1,5% em 2020.

Embora Guzmán tenha caracterizado as conversas com o FMI como “construtivas”, ele disse ao Congresso na semana passada que as políticas de austeridade previamente prescritas pelo fundo eram responsáveis ​​pela crise da dívida argentina.

Guzmán disse na semana passada que a Argentina está em uma “profunda reestruturação da dívida” e alertou que as políticas futuras não serão ditadas pelos detentores de títulos que provavelmente considerarão as negociações “frustrantes”.