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Bradesco (BBDC4) está no caminho certo, mas analistas do BBA querem ‘esperar para ver’

14 fev 2024, 15:53 - atualizado em 14 fev 2024, 15:53
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Bradesco parece estar focando nas avenidas certas para voltar a crescer, avalia o Itaú BBA (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic)

Com o Bradesco (BBDC4), analistas do Itaú BBA, embora vejam a companhia no caminho certo, adotam uma postura de “esperar para ver”.

De acordo com Pedro Leduc e a equipe de análise setorial de bancos e serviços financeiros, o Bradesco parece estar focando nas avenidas certas para voltar a crescer.

Os analistas acreditam no potencial da companhia, mas entendem que a recuperação necessita de tempo, investimentos e uma mudança cultural que já começou a andar, conforme Marcelo Noronha, novo CEO do banco, sinalizou na semana passada, ao apresentar o plano estratégico para o período de 2024 a 2028.

Novo plano do Bradesco permitirá que banco se saia melhor na competição

De acordo com o BBA, as rápidas mudanças propostas e a nova forma de abordagem trarão uma alteração comportamental positiva para aqueles que são “parte da nova história” do Bradesco.

Na diretoria do banco, a nova estrutura divide o banco em seis novas unidades de negócios: Atacado, Wealth Management, Varejo, Negócios Digitais, Crédito e Tesouraria e Pesquisas Econômicas. Além disso, existem quatro novas unidades de suporte.

“A administração também comentou que, para as posições de diretor de Negócios Digitais e de Recursos Humanos, o Bradesco considera fortemente executivos de outras firmas – uma grande mudança na tradição”, destaca o time de análise do BBA.

O Bradesco ainda tem planos de modernizar sua estrutura de compensação para os executivos da empresa, aumentando, por exemplo, a faixa de compensação ajustável por mérito e limitando-a menos com base em classificação.

“Isso tudo é parte de uma mudança cultural bem-vinda que tem sido colocada em tração para permitir que o Bradesco possa competir melhor na indústria bancária moderna brasileira”, pontua o BBA.

Cielo fora da bolsa é a “grande peça do quebra-cabeça”

No início do mês, os controladores da Cielo (CIEL3), Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco, anunciaram uma potencial oferta de compra de ações da empresa de pagamentos com o objetivo de fechar o capital dela.

O mercado recebeu bem a notícia, com analistas do BBA observando um forte racional estratégico para ambos os grandes bancos, além, é claro, da Cielo.

Para o Bradesco, especialmente, o racional estratégico é forte, avalia a instituição. Com as mudanças na indústria de adquirência ao longo dos últimos anos, o banco viu seus rivais integrarem a área de adquirência para uma faixa mais larga de clientes, focando em melhores serviços e melhorando a competitividade.

Essa combinação é particularmente importante para lidar com o segmento de PMEs (pequenas e médias empresas), onde o Bradesco tem perdido participação de crédito nos últimos anos, acrescenta o BBA.

“Essa transação, portanto, está em linha com a estratégia de turnaround recentemente divulgada pelo banco, incluindo crescimento mais inteligente e rápido em PMEs.”

O BBA levanta que o segmento de PMEs deve ser uma importante avenida de crescimento para o Bradesco. É também a categoria que a administração da empresa enxerga com mais confiança quanto à maturação do plano estratégico.

O BBA conclui que o acordo envolvendo a Cielo pode diluir ligeiramente o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) do Bradesco. Porém, o potencial é positivo pensando no longo prazo.

Tombo recente das ações abre oportunidade?

Na última semana, as ações do Bradesco tiveram uma forte reação negativa, novamente pressionadas pela divulgação de resultados trimestrais fracos.

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O banco entregou um lucro líquido recorrente de R$ 2,87 bilhões no quarto trimestre do ano passado, valor bem abaixo das projeções do consenso do mercado, com estimativas apontando para ganhos de R$ 4,79 bilhões, de acordo com levantamento da Bloomberg.

Refletindo isso, os papéis ordinários e preferenciais do Bradesco tombaram 13,02% e 15,66%, respectivamente, no primeiro pregão pós-resultados.

Foi a maior queda em um pregão do banco desde 9 de novembro de 2022, quando os papéis preferenciais da companhia caíram mais de 17% e as ordinárias fecharam a sessão em baixa de 16%.

Segundo o BBA, o recente sell-off corrigiu bem os valuations do Bradesco a mínimas históricas de 0,85 vez P/VP (Preço/Valor Patrimonial). No entanto, sob múltiplo P/L (Preço/Lucro) de 8 vezes, ainda não está uma barganha.

Para o BBA, “paciência” é o nome do jogo quando se trata do Bradesco.

“Queremos entender melhor o ritmo e a magnitude da recuperação antes de dizer que existe uma verdadeira assimetria”, explica a instituição.

Por ora, o BBA mantém a recomendação de “market perform” (desempenho esperado em linha com a média do mercado, equivalente a “neutro”), com preço-alvo ao fim de 2024 de R$ 15,50.

A casa também revisou para baixo as estimativas de lucros para 2024 e 2025, prevendo agora R$ 18 bilhões e R$ 24 bilhões, respectivamente, com ROE de 11% e 14%.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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