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Brasil na Opep+: Como ficam Petrobras (PETR4), PRIO (PRIO3) e 3R Petroleum (RRRP3)?

01 dez 2023, 8:00 - atualizado em 01 dez 2023, 10:14
Opep
O Brasil é o maior produtor de petróleo da América do Sul, com uma produção de 4,66 milhões de barris de óleo (Imagem: REUTERS/Leonhard Foeger)

O Brasil caminha para integrar a Opep+, cartel formado pelos maiores exportadores de petróleo do mundo. Em viagem à Arábia Saudita, o grupo aproveitou a presença do presidente Lula ao país para formalizar o convite, algo que já vinha sendo especulado desde o governo Bolsonaro.

Quinto maior produtor de petróleo do mundo, o país vem ganhando relevância no setor. Em setembro, a própria Opep havia apontado o Brasil como pertencente a um grupo pequeno de países não alinhados à organização — que inclui China, EUA, Cazaquistão, Guayana e Noruega — que responderão pelo aumento global da oferta de combustíveis em 2023.

O Brasil também é o maior produtor de petróleo da América do Sul, com uma produção de 4,66 milhões de barris de óleo equivalente ao dia (petróleo e gás) em setembro.

Há ainda a possibilidade do país elevar a sua produção, caso a exploração da Margem Equatorial, localizado nos estados da região Nordeste e Norte, seja aprovada. Especialistas indicam que a região tem potencial para ser um novo pré-sal.

A recepção do governo foi calorosa, com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ressaltando a importância do grupo para a “estabilidade dos mercados de petróleo e energia”.

Ele disse ainda que esta “estabilidade traz consigo benefícios não só a países produtores de petróleo, mas também aos consumidores. “É um momento histórico para o Brasil e a indústria energética, abre um novo capítulo na história do diálogo e cooperação no campo de energia”, afirmou.

Apesar de não se saber os detalhes dos termos da adesão, uma das possibilidades é o Brasil entrar como mero espectador, sem influência nas votações. Em contrapartida, o país também não seria obrigado a cortar a sua produção de petróleo. O peso seria somente simbólico.

“Com exceção dos EUA, todo mundo que produz muito petróleo está dentro da Opep, a gente seria carimbado. E o cartel será mais efetivo quanto mais países estiverem dentro dele”, explica Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.

E as ações da bolsa?

Apesar da Petrobras (PETR4) ser o principal veículo de produção de petróleo, o setor privado tem a sua parcela de importância. Na bolsa, há três empresas — 3R Petroleum (RRRP3), PetroReconcavo (RECV3) e PRIO (PRIO3) — além das companhias estrangeiras que operam aqui.

Segundo analistas, no entanto, a entrada do Brasil não traria grandes impactos às companhias. Isso porque, apesar do aumento da produção nos últimos anos, o país exporta pouco petróleo. Em 2022, o país vendeu 1 bilhão de barris por dia, contra 9 bi da Arábia Saudita. Ao todo, a Opep exporta 28 bilhões.

“A entrada do Brasil é bom do ponto de vista geopolítico e de diplomacia. Vai ajudar o comércio entre o Brasil e a Arábia Saudita. Mas não muda nada porque o Brasil exporta pouco. Se o Brasil fosse um grande exportador, como a Venezuela e outros, seria Ok”, explica Flávio Conde, da Levante Investimentos.

João Abdouni, também da Levante, vai pelo mesmo caminho ao afirmar que há apenas ganho de espaço político para o Brasil. “Fortalece as relações entre Brasil, Rússia e Arábia Saudita”, coloca.

Mas e se o Brasil tiver que cortar a produção?

Nesse caso, o país cairia em um impasse, discorre Borsoi, economista-chefe da Nova Futura. “Temos um cenário de investimentos em mais produção. Se tivermos uma cota para o Brasil produzir, há um risco porque o país terá que condicionar as exportações das empresas e o ritmo de produção”, coloca.

O governo teria que implementar mecanismos, seja ele econômicos ou jurídicos, para manipular a oferta. E isso afetaria diretamente as petroleiras juniores, por exemplo.

“Tudo bem, a Petrobras está cobrindo a cota dela, mas a PRIO não. O que se fará se romper essa cota brasileira? Você vai punir a empresa por lei?”, questiona.

Nesse caso, Borsoi coloca que empresas privadas estariam mais expostas, já que o investidor iria colocar um prêmio de incerteza, ou seja, haveria uma queda dos papéis na bolsa.

“O que era uma decisão autônoma das empresas, começa a ganhar uma conotação onde ela pode produzir até certo nível. Então, provavelmente os planos de investimentos das empresas iriam ser afetados por essa decisão”, completa.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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