‘Brasil é visto como alto risco’: Executivos destacam desafios para atrair capital estrangeiro

Apesar do potencial em setores como agronegócio, o Brasil ainda é pouco compreendido por investidores internacionais, disse executivos durante o Anbima Global Insights, evento realizado nesta quarta-feira (8) em São Paulo.
David Rincón, responsável pelo desenvolvimento de negócios na América do Sul da Creand Wealth & Securities, afirmou que os estrangeiros têm “sentimentos mistos” em relação ao mercado de capitais brasileiro.
“Eles reconhecem o potencial do país, mas ainda veem a instabilidade política como um fator de incerteza. O Brasil é muito forte em várias frentes, como o agro, mas ainda há uma lacuna de conhecimento. Se o brasileiro não for lá fora contar essa história, continuará desconhecido”, ressaltou, dizendo que um dos desafios é de comunicação.
“No fim das contas, tudo se resume a contação de histórias. Os brasileiros precisam mostrar suas forças”, completou.
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Brasil: um país de alto risco
Já Vinicius Rodrigues, diretor-executivo da BTG Pactual US Capital LLC, ressaltou que o Brasil ainda é visto no exterior como um país de alto risco, o que exige esforço constante para melhorar essa percepção.
“O ponto mais importante na minha função nos Estados Unidos é explicar o Brasil para os agentes regulatórios. Temos buscado mostrar que o país evoluiu e possui um mercado em desenvolvimento o suficiente para receber investimentos estrangeiros e, ao mesmo tempo, permitir que brasileiros invistam lá fora.”
Assim como Rincón, o executivo acrescentou que outro grande obstáculo é a falta de conhecimento sobre o mercado nacional e seus produtos.
“Nosso trabalho tem sido justamente reduzir essa distância, explicando o país e suas oportunidades”, afirmou.
Brasil: o país da renda fixa
Ricardo Eleutério, COO da Bradesco Asset, também participou do painel e destacou que não é uma tarefa fácil “vender” o Brasil, já que fatores como a alta volatilidade ainda pesam sobre a percepção dos investidores estrangeiros.
Ele lembrou que o ambiente de juros elevados, como o atual, ainda reforça um comportamento já conhecido e limita o desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro: o de que o somos o país da renda fixa.
“Voltamos a ser o velho Brasil, muito concentrado em renda fixa. A demanda hoje é por juros, e isso explica o cenário atual”, ressaltou.