Dólar

‘Brasil está barato’ e dólar pode cair a R$ 4,80, diz economista

12 abr 2023, 8:18 - atualizado em 12 abr 2023, 8:18
Dólar queda
Dólar chegou aos R$ 5,00 pela segunda vez em 2023 e fechou no menor valor desde junho de 2022. A pergunta é: cai mais? (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração)

dólar à vista atingiu ontem (11) o menor patamar em dez meses e fechou cravado em R$ 5,00 para venda. Sempre que a moeda norte-americana chega a esse nível, investidores ficam animados e ansiosos para saber se cairá mais.

Como é a segunda vez este ano que a divisa estrangeira rompe essa marca, a expectativa é de que o dólar tenha espaço para recuar mais nos próximos dias. Elementos é o que não faltam, segundo o economista André Perfeito, ouvido pelo Money Times.

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Não é só o IPCA. Dólar tem mais motivos para cair

O fato que deixou o mercado doméstico empolgado ontem foi o índice oficial de inflação do país de março ter ficado abaixo do esperado. Além disso, o IPCA acumulou alta de 4,65% em 12 meses até o mês passado, ficando dentro do centro da meta estabelecida pelo Banco Central (BC) pela primeira vez desde o início de 2021.

Para o mercado, os dados sugerem corte na taxa básica de juros (Selic) ainda este ano. Segundo o economista, que estima a taxa em 12,75% ao final de 2023, o resultado do IPCA consolida a ideia de que a autoridade monetária terá de cortar a taxa. No entanto, a tendência é de que os juros caiam no Brasil em algum momento ao longo deste ano.

“Mas a gente sabe que a postura do Banco Central é mais vigilante. Então, será uma queda bastante lenta e isso acaba atraindo dinheiro para cá”, diz Perfeito. Ele se refere ao forte fluxo de investimento estrangeiro que vem entrando na Bolsa brasileira nos últimos meses.

Dados da B3 apontam que, até 6 de abril, o capital externo somava quase R$ 10 bilhões no acumulado de 2023. No ano até o fechamento desta terça-feira (11), o dólar tem desvalorização de 5,3%.

Analistas têm comentado que o diferencial de juros entre o Brasil e as principais economias globais vem atraindo o investidor gringo com a taxa Selic em 13,75% e o país tendo o maior juro real do mundo.

Entretanto, essa atratividade do Brasil, que tem ajudado o dólar a manter-se em queda, é também reflexo de “uma questão mais pragmática”, já que o país “está muito barato”, diz Perfeito.

3 motivos abrem espaço para novas quedas do dólar

O economista pondera que a atividade econômica “está lá embaixo”, sendo um elemento para reforçar a tendência de queda da divisa estrangeira, que tem espaço para romper os R$ 5,00 com mais clareza.

Com isso, Perfeito cita três fatores que abrem espaço para a tendência de desvalorização. Ele pontua que, no exterior, os juros tendem a não subir tanto. Enquanto aqui, a discussão entre o Banco Central e o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, apesar de ainda ter ruído, está bem menos tensa do que estava um tempo atrás.

Além disso, o dólar tem tendência de perdas ante o real porque o Brasil, em termos relativos a sua própria história,  endossa o economista, está bastante barato.

Mais um motivo: arcabouço fiscal

Além desses fatores, Perfeito lembra que há um novo arcabouço fiscal, que substitui o teto de gastos, a ser aprovado no Congresso em breve.

O economista destaca que as medidas apresentadas no fim de março pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vão “finalmente, ajudar o país a ter uma questão fiscal coerente”. Com isso, as novas regras fiscais devem contribuir para sustentar a moeda americana em baixa.

Para Perfeito, o dólar deve encerrar o ano no patamar de R$ 5,00. Ele prevê que a divisa estrangeira vai cair ante o real, mesmo que a Selic também caia.

Ele explica que, mesmo com o ciclo de queda da taxa de juros, o Brasil segue pagando uma taxa de juros real “altíssima”, o que deverá manter o apetite por investimentos em ativos domésticos. “O dólar pode cair para R$ 4,80. E, se o BC não fizer nenhuma intervenção, pode até cair mais. A moeda pode até subir, mas não vai explodir”, pondera.

Repórter
Jornalista mineira com experiência em TV, rádio, agência de notícias e sites na cobertura de mercado financeiro, empresas, agronegócio e entretenimento. Antes do Money Times, passou pelo Valor Econômico, Agência CMA, Canal Rural, RIT TV e outros.
flavya.pereira@moneytimes.com.br
Jornalista mineira com experiência em TV, rádio, agência de notícias e sites na cobertura de mercado financeiro, empresas, agronegócio e entretenimento. Antes do Money Times, passou pelo Valor Econômico, Agência CMA, Canal Rural, RIT TV e outros.