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Dólar volta aos R$ 5,00 e tem menor valor em 10 meses. Vai cair mais?

11 abr 2023, 18:50 - atualizado em 11 abr 2023, 18:50
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Dólar fechou em queda em pregão de extremo otimismo no mercado local e chegou ao menor patamar em 10 meses (Imagem: Pixabay)

dólar à vista fechou em queda de 1,1% frente ao real nesta terça-feira (11) em pregão de céu de brigadeiro no mercado doméstico. Com isso, a moeda norte-americana ficou cotada a R$ 5,00 para venda, no menor valor de fechamento desde 10 de junho do ano passado.

Além disso, o dólar renovou mínimas a R$ 4,98 no fim da manhã, no menor valor intradiário desde 2 de fevereiro. O contrato futuro com vencimento em maio recuou 1,2%, a R$ 5,02. Já o índice Ibovespa disparou 4,3%, acima dos 106.200 pontos.

Dólar empolgado com inflação dentro da meta

O fato que deixou o mercado doméstico empolgado foi o índice oficial de inflação do país (IPCA) de março. O indicador subiu 0,71% no mês passado, desacelerando-se em relação à alta de 0,84% em fevereiro. Entretanto, o resultado veio abaixo da mediana projetada pelo mercado, de 0,77% e foi o menor para o mês desde 2020.

Os dados divulgados pelo IBGE apontaram que o IPCA teve alta de 4,65% no acumulado em 12 meses até março, ficando dentro do centro da meta estabelecida pelo Banco Central (BC). O que, para o mercado, segure um corte de juros ainda este ano.

O sócio e gestor da Galapagos Capital, Fabio Guarda, comentou que o IPCA veio abaixo do esperado, com uma abertura bastante construtiva e núcleos comportados. O que, segundo ele, trouxe “fluxo bastante positivo para o mercado de juros e para a Bolsa brasileira”. Fluxo de investidor local e estrangeiro, disse.

Sobre a forte entrada de investidor estrangeiro, refletindo na recuperação do patamar de 100 mil pontos do Ibovespa, o economista André Perfeito avalia que “o Brasil está barato”, o que justifica o saldo positivo em quase R$ 10 bilhões.

Para o diretor de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, o resultado do IPCA, agora, “conduz o BC a cortar juros em breve, antes do previsto”.

O ciclo de início de corte da taxa Selic é dada como “antes do previsto” porque o Banco Central foi mais “hawkish” em sua última reunião de política monetária e sinalizou que os juros permaneceriam em patamares altos, ainda nos 13,75%, por mais tempo.

Influência do exterior e arcabouço

Em meio à narrativa de que a autoridade monetária poderá ser mais “dovish” em breve e iniciar o corte da Selic, a equipe econômica do banco Itaú vê sinais de “desinflação global”.

Rugik, da Correparti, destaca que o dólar frente ao real também segue o comportamento da moeda no exterior, que anda enfraquecida. Tanto é que o Dollar Index (DXY) caiu durante todo o dia ficando entre 102 e 102,2 pontos.

“Mesmo com esse IPCA, o Brasil está como maior juro real entre 40 economias fortes, o que segue atraindo investidor para a B3″, ressalta o diretor da Correparti.

À agência de notícias Reuters, a economista banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli, pontuou que o real se destacou entre as moedas de países emergentes. Segundo ela, além dos dados de inflação, as falas de membros do governo sobre o novo arcabouço fiscal trouxeram ânimo para o mercado local.

Hoje, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, previu um “amplo apoio” do Congresso à proposta do novo arcabouço fiscal do governo, ecoando confiança expressa pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na véspera. A expectativa é que parlamentares vote a pauta nesta semana.

“Desde o início do ano, sabíamos que os juros básicos de 13,75% ao ano eram contracionistas. Já havia condições de o ciclo de corte de juros começar, só precisávamos de um marco fiscal aceitável”, avaliou o gestor da área de macro da AZ Quest, Gustavo Menezes.

Dólar tem espaço para cair mais?

Perfeito diz que há espaço para novos recuos da moeda norte-americana, podendo chegar a R$ 4,80. Segundo ele, o Banco Central tem vários elementos, e não apenas o resultado do IPCA, para cortar a taxa Selic.

Contudo, a aprovação do arcabouço fiscal e a maneira como o texto será aprovado poderá ditar os rumos do dólar no curtíssimo prazo.

*Com Reuters

Repórter
Jornalista mineira com experiência em TV, rádio, agência de notícias e sites na cobertura de mercado financeiro, empresas, agronegócio e entretenimento. Antes do Money Times, passou pelo Valor Econômico, Agência CMA, Canal Rural, RIT TV e outros.
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