Só em 2026: Itaú diz que inflação volta para intervalo da meta apenas no 3º trimestre

A inflação brasileira só deve voltar para o intervalo da meta no terceiro trimestre de 2026 (3T26), prevê o Itaú Unibanco. O objetivo perseguido pelo Banco Central (BC) é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p.) para cima ou para baixo.
A projeção do economista-chefe da instituição, Mário Mesquita, e de sua equipe é de que o acumulado de um ano do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegue a 4,5% no período de julho a setembro de 2026. Já no fechamento do próximo ano, a inflação deve descer para 4,4%.
Em 2025, o IPCA deve seguir pressionado. A expectativa do Itaú é de que o índice de preços encerre este ano em 5,5%.
Por um lado, o mercado global deve aliviar a pressão na inflação, com a redução dos preços das commodities — principalmente metais e energia, afirma Mesquita. Além disso, ele menciona a maior resiliência do agronegócio no país.
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No entanto, por outro lado, os serviços devem pressionar os preços no Brasil, alinhados com a solidez no mercado de trabalho. A estimativa é de que os empregos sigam resilientes, apesar da desaceleração da atividade no ano — o banco projeta que o PIB feche 2025 em 2,2% e 2026 em 1,5%.
“Com o trabalho aquecido e o salário pressionado, a inflação de serviços tende a ficar mais pressionada também”, afirma o economista-chefe no evento Macro em Pauta.
Mesquita ainda lembra que parte importante da atividade do BC — “talvez a mais importante” — é controlar as expectativas. Essas “são muito importantes para a própria inflação”.
“Por essa métrica, o Banco Central tem um trabalho grande a fazer. Ele deve manter a taxa de juros parada por bastante tempo para que as expectativas voltem a se alinhar à meta”, diz.
A equipe macroeconômica do Itaú não vê nenhum espaço para cortar a Selic já neste ano. “Espero quedas nos juros só no ano que vem”, afirma Mesquita.