Combustíveis

Brasil inicia hoje, sem alarde, o mercado bilionário de créditos de descarbonização

24 dez 2019, 19:46 - atualizado em 24 dez 2019, 21:36
Etanol Produção
O programa visa garantir receita adicional ao produtor de biocombustível pela redução de emissões de gases de efeito estufa (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)

O RenovaBio (Política Nacional de Biocombustíveis), lançado em 2016 pelo Ministério de Minas e Energia, pode movimentar até R$ 1,2 trilhão em investimentos e na economia em 10 anos, segundo projeções do governo, e inicia nesta terça-feira (24) a sua fase mais inovadora.

Por meio da emissão dos créditos de descarbonização (CBios), o programa visa garantir receita adicional ao produtor de biocombustível pela redução de emissões de gases de efeito estufa proporcionada pelo uso de etanol, biodiesel e biometano.

A expectativa é de que os participantes deste novo mercado emitam em torno de 590 milhões de CBios até 2030, o que representaria um ganho anual para o setor de R$ 2,6 bilhões.

Segundo o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), o RenovaBio deve reduzir em 10,1% as emissões de carbono do setor de combustíveis até 2028.

Emissores: o “IPO” do CBio

Em um comunicado distribuído hoje, a ANP explica que os emissores primários já podem inscrever os certificados por meio da plataforma CBio, que está em “pré-produção”.

O ambiente entrará em “produção” a partir de 8 de janeiro de 2020 e levará em conta as notas fiscais emitidas pelos participantes em 24 de dezembro de 2019.

Biometano
Biometano tem capacidade de incentivar o uso do gás em ônibus e veículos pesados (Imagem: Agência Brasil)

Biometano

De acordo a ABiogás (Associação Brasileira de Biogás), dentre os combustíveis do programa, o biometano possui uma das notas energético-ambiental mais altas, com um grande potencial de emissão de créditos de descarbonização, o que vai incentivar o uso do gás em ônibus e veículos pesados.

“Temos visto no mercado empresas investindo neste segmento e lançando motores preparados para o biometano (purificação do biogás)”, destaca Gabriel Kropsch, vice-presidente da ABiogás.

O segmento é representado pela empresa Ecometano, que está com seu processo certificado e aguardando a consulta pública, última etapa antes da autorização final pela ANP.

A previsão da companhia é que possa emitir seus primeiros Cbios já em janeiro. A autorização para emissão dos créditos está baseada na planta GNR Fortaleza, instalada no Aterro Sanitário Municipal Oeste de Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza, Ceará.

Biometano
Biometano pode ajudar produtores de etanol e de biodiesel a ficarem com pegadas de carbono menor (Imagem: Agência Brasil)

Outra planta da companhia que está em contagem regressiva para emitir CBios é a GNR Dois Arcos, que, segundo informações da Ecometano, foi a primeira usina de tratamento de biogás do país a produzir biometano em escala comercial, a partir de 2014.

O presidente da ABiogás, Alessandro Gardemann, acrescenta que o biometano pode ajudar produtores de etanol e de biodiesel a ficarem com pegadas de carbono melhores.

“Se eles deixam de usar o diesel na produção, seja em logística ou em máquinas e equipamentos da produção, substituindo pelo biometano, a análise de ciclo de vida deles será mais positiva, gerando notas mais altas”.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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