Agronegócio

Brasil perderá ureia mais barata com a recusa da Petrobras em abastecer navios do Irã

22 jul 2019, 15:54 - atualizado em 22 jul 2019, 17:07
Base de fertilizantes nitrogenados, petróleo também está no centro dos conflitos do Golfo Pérsico

Os três navios iranianos retidos em portos do Sul pela recusa da Petrobras (PETR4) em abastecê-los vieram com ureia, numa quantidade de deveria perfazer, com novos desembarques nas próximas semanas, cerca de 600 mil toneladas de acordo avaliação do mercado. Não é uma quantidade expressiva dentro do volume que o Brasil importa deste insumo nitrogenado para fertilizantes e suplementos minerais para o gado, mas era o mais barato a chegar daqui para frente.

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E justamente no período de maior consumo nos campos, a partir de setembro, com o plantio da safra 19/20.

Temerosa das sanções comerciais impostas pelo governo Donald Trump às empresas e nações que negociarem com os iranianos, alvo de sanções comerciais, a estatal brasileira pega rabeira no conflito daquela explosiva região. Inclusive com vários incidentes envolvendo navios petrolíferos e a Guarda Revolucionária do Irã no Estreito de Ormuz.

Enquanto as importações de ureia, que somam mais de 62% das matérias-primas para os fertilizantes e adubos que o País compra no exterior, postas em julho, estão entre US$ 275 a 295,00 a tonelada, custo-frete, do país do Golfo Pérsico está chegando a US$ 245,00, pela mais recente verificação da Associação dos Misturadores de Adubo do Brasil.

São cerca de 4 milhões de toneladas anuais importadas, segundo Carlos Eduardo Florence, diretor-executivo, para quem a questão envolvendo a Petrobras não tem um alerta imediato. A dependência do Brasil aumentou depois que a Petrobras fechou duas fábricas, em Sergipe e Bahia.

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No médio e longo prazo, sim, com o Irã agora “deixando de entregar ureia ao Brasil, naturalmente”, isso porque o produto fabricado do gás/petróleo iraniano certamente poderia chegar sempre mais barato que de outras fontes, como China e Rússia, por exemplo. A Bolívia começa a se mostrar uma rota interessante para os importadores.

E consequentemente subiria a oferta de ureia com valor mais baixo, com ganhos na ponta final.

Só a agricultura representa mais de 90% do consumo desse produto de origem fóssil.

Para a pecuária, a ureia do Irã é menor ainda, de acordo com a vice-presidente executiva da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram), Elizabeth Chagas. O setor usa apenas 500 mil toneladas/ano, supridas pela fábrica da Petrobras de Araucária (PR). E mais ainda agora, com o inverno indo para sua fase final, quando mais se usa o composto e, portanto, já foi comprado, segundo comenta

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Contramão e conflito

Os navios pertencentes ao governo iraniano retidos – um quarto conseguiu zarpar – voltariam com milho brasileiro. Portanto, uma janela a menos agora para as vendas e uma janela a menos no futuro, da mesma maneira que o Irã não deverá arriscar trazer mais ureia.

O risco é ampliação do problema, já que o país dos aitolás vinha aumentando as importações de produtos brasileiros, dentro de um programa de intercâmbio do governo do PT que identificava países-alvos com grande potencial de compra.

Além do que, um conflito generalizado na região ajudará a sufocar o comércio em geral.

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Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
giovanni.lorenzon@moneytimes.com.br
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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