Varejo

Brasileiro não voltou às compras depois da greve dos caminhoneiros, avaliam economistas

13 set 2018, 13:54 - atualizado em 13 set 2018, 13:54
(Tânia Rêgo/Agência Brasil)

As vendas do comércio varejista recuaram 0,5% entre junho e julho deste ano, segundo dados do IBGE divulgados hoje (13)  e isso revela uma cautela contínua do brasileiro na hora de comprar, devido à falta de confiança na economia depois da greve dos caminhoneiros, apontam economistas consultados pelo Money Times.

Para a MCM Consultores, o resultado veio abaixo da projeção mensal de -0,3% mensal e da mediana das expectativas de mercado. “Dois meses após a greve dos caminhoneiros, as vendas no varejo sinalizam um ritmo de recuperação errático e lento, muito aquém daquele que prevalecia no início do segundo trimestre”, dizem os analistas.

“A alteração desse quadro dependerá de sinais mais claros de retomada do mercado de trabalho e do arrefecimento da incerteza política. Com base nos indicadores coincidentes disponíveis, nossa projeção preliminar para o volume de vendas em agosto contempla recuo das vendas no conceito restrito e expansão no ampliado. ”

Os economistas do Banco MUFG, Carlos Pedroso e Mauricio Nakahodo, afirmam que o ritmo de crescimento das vendas ainda é limitado pelo fraca criação de empregos com carteira assinada. “Esses empregos têm uma renda mais estável, sendo essa uma condição fundamental para um crescimento mais sustentável do consumo das famílias e para um crescimento mais disseminado das vendas no varejo”, dizem.

“No médio a longo prazo, um aumento mais forte dos empregos com carteira assinada depende diretamente do resultado das eleições presidenciais, que podem influenciar a expectativa de desempenho econômico e, consequentemente, a confiança do empresariado para contratar mais pessoas”, diz o comunicado do MUFG.

Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs, diz que o futuro das vendas do varejo continua parecendo medíocre. “Seguindo adiante, o setor de varejo precisa ser apoiado por um ambiente de baixa inflação (que reforça o poder aquisitivo real) e crescimento no emprego, mas ainda fica para trás no mercado de trabalho e nos gastos mais defensivos e políticas de crédito já que a incerteza política provavelmente vai limitar o consumo e as vendas do varejo”.

Em termos mensais, os economistas do Credit Suisse ainda esperam um crescimento consistente. “Apesar do avanço abaixo do esperado, esperamos continuidade nos próximos meses caso o cenário de consumo continue favorável. ”

A taxa de desemprego do país caiu 0,6 ponto percentual e fechou o trimestre encerrado em julho em 12,3%, quando comparada ao trimestre anterior (12,9%). Ainda assim, o país tem 12,9 milhões desempregados. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada no final de agosto pelo IBGE.