BTG projeta recuperação forte dos lucros no Brasil em 2026 com eventual queda da Selic; bancos lideram
Estrategistas do BTG Pactual calculam que o somatório dos lucros das empresas brasileiras listadas, excluindo Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3), deve crescer 17% em 2026 ante 2025, para R$339,7 bilhões.
Segundo relatório divulgado nesta quarta-feira (10), o prognóstico supera a expansão de 14% estimada entre os resultados de 2025 ante 2024. O avanço deve acontecer mesmo com previsão do BTG de desaceleração do PIB do país no próximo ano, para expansão de 1,5%, ante projeção de crescimento de 2% para este ano.
Carlos Sequeira e equipe avaliam que a queda dos juros de curto prazo deve ajudar os resultados, reduzindo despesas financeiras e reacelerando a economia no final de 2026. O BTG vê a Selic caindo 3 pontos percentuais no próximo ano.
Quando incluídos os números de Petrobras e Vale, o cálculo para os lucros consolidados sobe a R$475,6 bilhões, alta de 8,2% ano a ano.
Para as empresas focadas no mercado interno, o BTG calcula expansão de 12,5% em 2026, após alta de apenas 5,1% em 2025. No caso das companhias de commodities, a expectativa é de alta de apenas 1,2%, após salto de 157,1% estimado para 2025.
Bancos devem se destacar
Apesar do avanço mais moderado entre as exportadoras, alguns setores devem contribuir de forma relevante para a expansão dos lucros no próximo ano.
O BTG destaca que os bancos serão o principal motor da recuperação, com aumento projetado de R$ 15,8 bilhões nos lucros de 2026 (+14%).
Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC4) e Itaú (ITUB4) respondem pela maior parte do incremento, impulsionados por aceleração do crédito, normalização da carteira rural e alívio das despesas financeiras com a queda da Selic.
O varejo também deve se beneficiar de forma significativa do ambiente de juros menores. O setor deve registrar alta de 34% no lucro agregado, com destaque para Natura (NATU3) — responsável por cerca de um terço do crescimento esperado —, RD Saúde (RADL3) e Assaí (ASAI3).
Segundo o BTG, cada corte de 100 pontos-base na Selic tem potencial de elevar em cerca de 4% os lucros do segmento, apenas pelo efeito financeiro e tributário.
Nas revisões setoriais, mineração, telecom e serviços básicos aparecem entre as poucas áreas com ajustes positivos nas projeções de 2026.
A Vale teve melhora de 30% nas estimativas, enquanto a Aura Minerals (AURA33) registrou revisão de 93%, refletindo maior produção e preços mais favoráveis. Já a Áxia Energia teve projeções elevadas após atualização no preço esperado da energia para 2026.
Por outro lado, bancos, agronegócio e papel & celulose sofreram os cortes mais relevantes nas estimativas, afetados por inadimplência elevada em 2025, queda de 23% no preço do açúcar e pressão sobre os preços da celulose.
Mesmo assim, o BTG mantém a avaliação de que o ciclo de afrouxamento monetário deve sustentar uma recuperação mais ampla dos lucros na virada para 2026.
*Com informações da Reuters