BTG sobre Banco do Brasil (BBAS3): As coisas ainda podem piorar antes de melhorar; veja novo preço-alvo

O Banco do Brasil (BBAS3) sofreu mais um corte de recomendação após resultados frustrantes. Depois de Bradesco BBI e Genial Investimentos, chegou a vez do BTG Pactual rebaixar a indicação de compra para neutra, com preço-alvo de R$ 30, ante os R$ 34 anteriores.
Na última sexta-feira, após a divulgação dos números, o BTG já havia colocado o BB no “banco de reservas”, à espera de informações adicionais.
No relatório publicado hoje, os analistas afirmaram que a teleconferência não conseguiu responder a todas as preocupações levantadas por investidores e analistas.
“Agradecemos a transparência da gestão ao reconhecer que também ficaram negativamente surpresos com os números.”
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Ainda segundo o BTG, as coisas podem piorar antes de melhorar, enquanto o balanço não parece mais tão forte quanto há alguns anos.
Os analistas também projetam novas quedas nos resultados, diante do cenário de incerteza.
Agronegócio do Banco do Brasil é um bom negócio?
Há algum tempo, o BB enfrenta um aumento dos NPLs (non-performing loans, ou empréstimos inadimplentes) em sua carteira do agronegócio.
Hoje, esse segmento representa quase um terço de todo o portfólio de crédito do banco, proporção significativamente maior do que a dos seus pares.
Por outro lado, o CFO Geovanne Tobias critica o aumento das recuperações judiciais no setor, que forçam o banco a elevar provisões.
“É claro que muitos clientes estão realmente enfrentando dificuldades, mas outros parecem ter os recursos e simplesmente optam por não pagar — ou porque não querem, ou porque esperam algum tipo de alívio.”
Seja qual for o motivo, o fato é que a deterioração da carteira tem sido pior do que o próprio BB havia sinalizado anteriormente — e ainda não parece ter atingido o pico.
“Pode ser necessário o apoio do governo ou dos reguladores. Portanto, além dos impactos técnicos ou contábeis, trata-se de uma deterioração econômica real na qualidade dos ativos.”
Resolução 4.966
A Resolução nº 4.966, que torna mais rígida a contabilização nos balanços dos bancos, forçou o BB a elevar as provisões — especialmente por causa de sua grande exposição ao crédito rural.
Segundo o BTG, a deterioração na qualidade dos ativos já levaria, por si só, a provisões mais altas, mesmo sem a mudança regulatória. Mas, com o agravamento durante o trimestre e as novas exigências para provisionamento de NPLs de curto prazo, os ajustes subiram como num “elevador”.
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Além disso, o banco lembra que o segmento agro tem características muito específicas, como empréstimos reestruturados, períodos de carência e pagamentos parcelados.
Mas o que mudou com a nova regulação?
Antes, os juros continuavam a ser acumulados sobre esses empréstimos (por ainda estarem classificados como adimplentes).
Com as novas regras, isso não ocorre mais. O acúmulo de juros agora depende das entradas reais de caixa dos empréstimos.
Segundo a administração do BB, isso provocou uma queda de cerca de R$ 1 bilhão na receita líquida.
“Portanto, além da deterioração econômica, a nova regulamentação também teve um impacto contábil significativo”, resume o BTG.
Lucro cortado do Banco do Brasil
Para 2025, o BTG reduziu em 25% sua projeção de lucro, para R$ 29,4 bilhões — valor 25% abaixo do ponto médio da faixa anteriormente estimada, que agora está suspensa.
Já para 2026, o banco projeta um lucro líquido de R$ 33,1 bilhões, com ROE de 16,5%. Isso representa uma queda de 19% em relação à estimativa anterior e 21% abaixo do consenso de mercado.