Política

Campos Neto na mira: Governo espera corte nos juros e ameaça BC com ‘desdobramentos’

02 jun 2023, 18:37 - atualizado em 02 jun 2023, 18:37
Roberto Campos Neto
Presidente do BC, Roberto Campos Neto, diz que não há relação mecânica entre regra fiscal e juros (Foto: Pedro França/Agência Senado)

Diante da provável aprovação de uma nova regra fiscal pelo Congresso, cresce a pressão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que o Banco Central (BC) corte a taxa básica de juros (Selic), estacionada em 13,75% ao ano desde agosto passado.

Já o presidente do BC, Roberto Campos Neto, diz que, apesar de reconhecer o esforço do governo, não existe uma relação mecânica entre o arcabouço fiscal e o juro básico no país. Ou seja, a aprovação de uma nova âncora fiscal não é sinônimo de corte na Selic.

O argumento do chefe do BC, porém, não parece convencer o governo. Nesta sexta-feira (2), o presidente Lula voltou a criticar o elevado patamar da taxa Selic, e afirmou que o maior gasto do Brasil é com o pagamento de juros para o sistema financeiro.

A pressão contra Campos Neto ganha força com os dados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados nesta semana. No primeiro trimestre deste ano, a economia brasileira cresceu 1,9%, acima das projeções do mercado, que apontavam para um crescimento entre 1,1% e 1,4%.

Neste contexto, os membros mais otimistas do mercado financeiro esperam que o primeiro corte na taxa de juros ocorra em agosto próximo. Já a opinião média aponta que a trajetória de queda deve começar em setembro deste ano.

  • GIRO DO MERCADO: Seu programa diário de segunda a sexta-feira, sempre ao meio-dia para te trazer todas as notícias que fervem no mercado financeiro e as análises que impulsionam seus investimentos!

Líder do governo Lula diz que haverá desdobramento caso os juros não caia

Em entrevista recente, o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT), afirmou que haverá “desdobramento” caso a Selic não tenha uma baixa no segundo semestre deste ano.

“Não tem inflação alta, o desemprego está cedendo, o crescimento está se estabelecendo.. Estamos fazendo as reformas que são necessárias e nada disso serve para uma baixa”, disse Guimarães.

“Acho que se isso não ocorrer, teremos desdobramentos no segundo semestre em todos os aspectos”, completou.

A lei que estabeleceu a autonomia do Banco Central frequentemente é utilizada pelo governo Lula para criticar a condução da política monetária. Para os governistas, a autarquia poderia estar violando a lei ao não “fomentar o pleno emprego”.

Caso fique comprovado que Campos Neto apresenta “desempenho insuficiente para o alcance dos objetivos do Banco Central”, o presidente Lula poderia demiti-lo. A exoneração, no entanto, precisaria ser aprovada por, no mínimo, 41 senadores.

Compartilhar

WhatsAppTwitterLinkedinFacebookTelegram
Repórter
Jornalista formado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), com extensão em jornalismo econômico pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Colaborou com Estadão, Band TV, Agência Mural, entre outros.
zeca.ferreira@moneytimes.com.br
Twitter Linkedin
Jornalista formado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), com extensão em jornalismo econômico pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Colaborou com Estadão, Band TV, Agência Mural, entre outros.
Twitter Linkedin
As melhores ideias de investimento

Receba gratuitamente as recomendações da equipe de análise do BTG Pactual — toda semana, com curadoria do Money Picks

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar