Careca do INSS: como um empresário movimentou bilhões desviando aposentadorias

A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira (12) Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e o empresário Maurício Camisotti, na nova fase da Operação Sem Desconto, chamada Operação Cambota.
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A ação cumpriu 13 mandados de busca e 2 de prisão preventiva em São Paulo e no Distrito Federal, autorizada pelo STF, após risco de fuga de Antunes.
O empresário é descrito como “epicentro da corrupção ativa” e atuava como intermediário financeiro entre associações e servidores do INSS. Segundo a PF:
- R$ 6,3 bilhões de prejuízo estimado para aposentados (2019-2024)
- R$ 53,5 milhões movimentados entre associações suspeitas e empresas ligadas ao esquema
- R$ 9,3 milhões repassados a servidores do INSS
- 22 empresas usadas para intermediar pagamentos e dificultar rastreamento
Patrimônio e estilo de vida
Antunes mantém um patrimônio incompatível com a renda declarada (R$ 24,5 mil/mês), segundo a PF:
- Movimentou R$ 14,3 milhões em imóveis em 2024, incluindo transações sucessivas de um mesmo imóvel somando R$ 353 milhões
- Empresa offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, com imóveis avaliados em R$ 11 milhões
- Frota de 12 carros de luxo, incluindo Porsche, BMW, Audi e Jaguar
No LinkedIn, Antunes se apresenta como diretor de consultoria na área de saúde, com passagens por laboratórios públicos e indústria farmacêutica.
Como funcionava o esquema do “Careca do INSS”
Segundo a investigação, Antunes não foi servidor do INSS, mas atuava como lobista das associações que realizavam descontos indevidos em aposentadorias e pensões.
Ele intermediava recursos financeiros entre as entidades e servidores do órgão, repassando valores de forma organizada e rápida.
As associações cadastravam aposentados sem autorização, muitas vezes com assinaturas falsificadas, para descontar mensalidades diretamente dos benefícios. Os repasses a servidores e ex-diretores eram feitos no mesmo dia do recebimento, frequentemente por meio das próprias empresas de Antunes, dificultando o rastreamento.
Parte dessas empresas foi constituída como Sociedade de Propósito Específico (SPE), com CNPJs no mesmo endereço em Brasília e atividades de “compra e venda de imóveis próprios”, usadas para blindar o patrimônio dos sócios.