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Carrefour: compra do BIG abrirá uma avenida de crescimento; ações disparam 13%

24 mar 2021, 17:30 - atualizado em 24 mar 2021, 17:30
Grupo BIG
O Grupo BIG detém o ativo imobiliário de 181 lojas (47% do total) e 38 propriedades adicionais, totalizando aproximadamente 7 bilhões de valor imobiliári (Imagem: LinkedIn/Grupo Big – Brasil)

O Carrefour Brasil (CRFB3) anunciou nesta quarta-feira acordo para a aquisição do Grupo BIG por 7,5 bilhões de reais, expandindo sua presença em regiões como o Nordeste e o Sul do país e ampliando a liderança no setor de varejo alimentar, o que fazia suas ações dispararem.

O acordo foi celebrado entre o Carrefour Brasil, a Advent International Corporation e a Brazil Holdings S.C.S, controlada pelo Walmart.

O Carrefour Brasil estima como sinergia contribuição adicional líquida ao resultado operacional medido pelo Ebitda de 1,7 bilhão de reais anualmente três anos após a conclusão, estimada para 2022.

Entre as sinergias esperadas estão ganhos relacionados à maior densidade de vendas e alinhamento de margens para aumentar rapidamente a rentabilidade da loja, receita relacionada à oferta de serviços financeiros e aceleração digital, além de otimização de custos e na cadeia de suprimentos.

O Grupo BIG detém o ativo imobiliário de 181 lojas (47% do total) e 38 propriedades adicionais, totalizando aproximadamente 7 bilhões de valor imobiliário, de acordo com uma análise independente citada em fato relevante sobre o negócio.

A compra do Grupo BIG, terceiro maior varejista alimentar do Brasil, adiciona 387 lojas a uma rede de 489 unidades do Carrefour. Também se espera que adicione mais de 15 milhões de clientes à base de mais de 45 milhões de clientes do Carrefour.

Analistas do Bradesco BBI, citando dados da consultoria Nielsen, estimam que a participação de mercado do Carrefour passará de cerca de 13% para cerca de 19%.

Em coletiva de imprensa sobre o anúncio, o diretor presidente e CEO do Grupo Carrefour Brasil, Noël Prioux, afirmou que as operações do BIG não têm muita sobreposição com os negócios do grupo francês no Brasil.

“Temos presença geográfica complementar e os formatos também são diferentes”, afirmou o executivo, que espera aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para o negócio.

No comunicado sobre a operação, Prioux ressaltou que a aquisição também expande a atuação em formatos, além de adicionar um modelo que não opera, o Sam’s Club, por meio de um contrato de licenciamento com o Walmart.

Assumindo as sinergias a valor total, e um período de três anos a ser capturado, analistas do BTG Pactual calculam uma ação de 12 reais na ação do Carrefour ou valor presente líquido da empresa de 25 bilhões de reais.

Os papéis fecharam em alta de 12,77%, a R$ 21,73, liderando as altas do Ibovespa, que caiu 1,06%.

“Nossa primeira conclusão é que esse negócio é bom para o Carrefour, dada a avaliação atraente, sinergias significativas e novos caminhos de crescimento”, ressaltaram analistas do Bradesco BBI em comentários a clientes.

Eles estimam que o negócio pode representar um acréscimo em até 20% nos lucros no ano três, bem como ampliará a liderança do Carrefour e fortalecerá sua posição na Região Sul, notoriamente difícil para os players nacionais se expandirem.

“Acreditamos também que a aquisição deve acalmar algumas das preocupações que os investidores têm sobre o aumento da concorrência, especialmente no segmento de ‘cash & carry’, dado o ressurgimento do BIG após sua aquisição pela Advent.”

No fato relevante, a companhia explicou que, caso situações específicas ocorram, os vendedores poderão converter a operação para que a aquisição aconteça integralmente em dinheiro (Imagem: REUTERS/Stephane Mahe)

Dinheiro e ações

A estrutura da operação prevê que o Carrefour Brasil adquirirá, por meio de compra e venda, ações ordinárias representativas de 70% do capital social do Grupo BIG por 5,25 bilhões de reais, em dinheiro e, após aprovação de acionistas, incorporação de ações ordinárias representativas dos outros 30%.

No âmbito da incorporação de ações, cada ação ordinária de emissão do Grupo Big será substituída por ações do Carrefour Brasil, sendo emitido um total de 116.822.430 papéis, que não poderão ser transferidos pelos vendedores por até 6 meses.

De acordo com o diretor vice-presidente de Finanças do Carrefour Brasil, Sébastien Durchon, as ações do Carrefour serão avaliadas a 19,26 reais cada para a parcela da operação relacionada à troca de papéis.

No fato relevante, a companhia explicou que, caso situações específicas ocorram, os vendedores poderão converter a operação para que a aquisição aconteça integralmente em dinheiro pelo montante total 7,5 bilhões de reais.

A operação considerou um ‘enterprise value’ estimado em 7,015 bilhões de reais.

O Bradesco BBI estimou que o Carrefour pagará um múltiplo equivalente a cerca e 14 vezes o Ebitda projetado para o BIG em 2020, embora com a inclusão das sinergias esperadas, esse múltiplo recue para apenas 3,2 vezes- o que se compara com um múltiplo EV/Ebitda de 7,2 vezes do Carrefour.

“Mesmo que assumíssemos que apenas metade das sinergias serão alcançadas, o múltiplo ainda seria um atraente 5,2 vezes.”

Assim que concluída a operação, o Grupo Carrefour irá deter 67,7% de participação do Grupo Carrefour Brasil (ante 71,6% hoje) e a Península Participações terá 7,2%, enquanto a Advent e o Walmart, através de entidades afiliadas, terão juntos 5,6%.

Carrefour compra Grupo BIG

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