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Carrefour manda bem, mas não o bastante para desbancar o Pão de Açúcar

28 abr 2020, 12:59 - atualizado em 28 abr 2020, 12:59
Carrefour CRFB3
Faltou ritmo: para analistas, vendas desaceleraram no começo do ano (Imagem: Money Times/Gustavo Kahil)

Nos primeiros relatórios sobre os resultados operacionais do Carrefour Brasil (CRFB3), divulgados na noite de ontem (27), os analistas tecem uma série de elogios à capacidade da companhia de executar um bom plano de enfrentamento da pandemia de coronavírus;

O problema é que nenhum número foi suficiente para desbancar o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) como a ação favorita do mercado. Pelo menos, é o que indicam o BTG Pactual, a Ágora Investimentos e o UBS.

Luis Guanais e Gabriel Salvi, que assinam a análise do BTG Pactual, fazem menções positivas ao Carrefour, apresentando-o como “um negócio resiliente para navegar pela crise”. A dupla acrescenta que, conforme esperado, a varejista apresentou números fortes, na esteira do crescimento da demanda por alimentos decorrente da pandemia.

Mas, não se deixam empolgar pelo papel. “Apesar de reconhecermos a resiliência, no curto prazo, dos varejistas de alimentos, com grande visibilidade de lucros, quando comparados com outros segmentos de varejo, mantemos nosso rating neutro para o Carrefour”, dizem.

O BTG argumenta que a recomendação é baseada na “forte competição de concorrentes regionais, no front estrutural, e em precificação menos atrativa, quando comparada ao Pão de Açúcar”. Isto porque, a relação Preço/Lucro Estimado para 2021 (P/L) é de 15 vezes para o Carrefour, e 11 vezes para o rival.

Outro aspecto desabonador foi o desempenho das vendas, no critério “mesmas lojas” (aquelas abertas há, pelo menos, 12 meses). Quem toca no assunto é a Ágora Investimentos, em análise assinada por Richard Cathcart e Flavia Meireles.

Segundo a dupla, quando se exclui o impacto do coronavírus, o crescimento das vendas mesmas lojas desacelerou no primeiro trimestre em relação ao trimestre anterior e à média de 2019, de 8,9% para 4,6%.

“Portanto, embora o crescimento [de vendas mesmas lojas] tenha sido maior que o do Pão de Açúcar, acreditamos que há alguma evidência de desaceleração do momento e isso se compara ao momento de aceleração (embora a partir de uma base baixa) no GPA”, afirmam os analistas.

Black Friday pesa também

Já o UBS limitou-se a compilar os dados divulgados pelo Carrefour, comparando-os aos da concorrência. De qualquer modo, a desaceleração nas vendas também foi notada por Gustavo Piras Oliveira, Gabriela Katayama e Rodrigo Alcantara, que assinam o relatório obtido pelo Money Times.

Pão de Açúcar
Pedra no sapato: Pão de Açúcar mantém favoritismo sobre o Carrefour (Imagem: Gustavo Kahil/ Money Times)

Nas contas do trio, as vendas mesmas lojas cresceram 8,9%, ante os 12,7% no quarto trimestre de 2019, quando se desconsidera o efeito calendário e a venda de combustíveis, apesar do salto de 26% nas receitas nas duas últimas semanas de março.

Em benefício do Carrefour, os analista atribuem parte do forte resultado do último trimestre de 2019 à Black Friday, temporada de descontos que já se tornou tradicional no Brasil. Ainda assim, a recomendação do UBS para os papéis é neutra, com preço-alvo de R$ 24.

O BTG Pactual também indica posição neutra, com o mesmo preço-alvo: R$ 24. Já o comentário da Ágora limita-se apenas a reiterar sua preferência pelo Pão de Açúcar, em vez do Carrefour.

Os investidores, porém, parecem pensar o contrário. As ações de ambas caem nesta terça-feira (28) na Bolsa brasileira, enquanto o Ibovespa, seu principal índice, sobe com força.

Por volta das 12h41, o Carrefour (CRFB3) recuava 0,70% e era negociado a R$ 19,99. Já o Pão de Açúcar (PCAR3) caía ainda mais: 1,32%, cotado a R$ 68,55. No mesmo instante, o Ibovespa avançava 3,54% e alcançava os 81.009 pontos.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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