Money Times Entrevista

Casas Bahia (BHIA3): O que está na mesa com a reestruturação de capital? Diretor vê geração de lucros mais próxima

16 jun 2025, 7:30 - atualizado em 15 jun 2025, 17:45
casas bahia
O Money Times falou com Gabriel Succar, diretor de RI da Casas Bahia sobre o plano de reestruturação de capital da companhia (Imagem: Divulgação/Casas Bahia)

O acordo com credores para antecipar a conversão de dívidas em ações — que permitirá a redução da alavancagem pela metade — surpreendeu a Casas Bahia (BHIA3), mas foi bem recebido pela empresa. Segundo Gabriel Succar, diretor de Relações com Investidores (RI), o movimento tem potencial de destravar valor em aspectos importantes para a trajetória de transformação que tem sido trabalhada desde 2023.

Para recapitular, o conselho da varejista aprovou a antecipação da janela de conversão das debêntures da 2ª série da 10ª emissão, permitindo que os títulos sejam transformados em ações já a partir deste mês. Houve ainda  aprovação da postergação do pagamento de juros das debêntures da 1ª série, com a nova data definida para novembro de 2027.

O cronograma de amortização das debêntures da 1ª série também passou por modificação. A parcela prevista para novembro de 2026 deixa de ser amortizada. Já a parcela de novembro de 2027 passa de 11,11% para 20% do valor. As amortizações de novembro de 2028 e novembro de 2029 permanecem em 25% e 100%, respectivamente.

A efetivação dessas mudanças ainda depende da aprovação dos debenturistas em assembleias convocadas para o dia 30 de junho de 2025.

Em entrevista ao Money Times, Gabriel Succar pontuou que a expectativa era de que o movimento ocorresse apenas em outubro deste ano, e foi justamente o timing que surpreendeu. Segundo o diretor, a resiliência do alto patamar da taxa básica de juros (Selic) abria espaço para se pensar em uma antecipação. No entanto, o movimento não estava diretamente no radar da companhia.

Com a conversão das debêntures — que nada mais são do que títulos de dívidas emitidos pelas empresas — em ações, a dívida da empresa é transformada em capital próprio, reduzindo o endividamento. Ao concretizar o plano, a estimativa é de uma queda na dívida bruta para R$ 2,9 bilhões, e na alavancagem para 0,8 vez, de 1,6 vez.

A alavancagem é medida pela relação entre dívida líquida e lucro antes dos juros, tributos, depreciação e amortização (Ebitda). Quanto mais elevado o número, maior é o risco financeiro.

Do lado de estratégia da companhia, tendo em vista um momento de melhoria dos indicadores operacionais da Casas Bahia, Succar classifica o movimento como muito positivo, mesmo entendendo que gera uma diluição relevante para os acionistas.

Diluição X Benefícios

Uma vez que os credores da Casas Bahia convertam dívidas em ações, ocorre uma diluição na base de acionistas, reconhecida pelo diretor de RI.  No entanto, Succar argumenta que esse era um caminho que já estava na mesa, o que ocorreu foi apenas uma antecipação.

“Os acionistas já tinham ciência dessa potencial diluição. A questão foi o timing, mas foi no mesmo ano que já haveria potencial diluição, que seria outubro. Nesse sentido, acredito que os acionistas já tinham isso em mente”, coloca.

Já do lado da Casas Bahia, entre os benefícios que são mais factuais, Succar cita uma economia de no mínimo de R$ 230 milhões, uma vez que esses seriam os juros da série que será convertida.

Além disso, ele destaca que a companhia deixa de gastar R$ 400 milhões nos próximos anos, caso tivessem que ser pagos juros e principal da primeira série em novembro de 2027. Com o prazo estendido para novembro de 2028, a companhia consegue mais um ano de espaço e fôlego para o caixa.

Os potenciais que podem ser destravados pela Casas Bahia

De um lado que ainda não é factual, o diretor de RI da Casas Bahia aponta potenciais que podem ser destravados pela companhia. Entre eles, está um ganho em percepção de risco junto ao mercado, proporcionada por uma redução de R$ 1,6 bilhão da dívida.

Gabriel Succar reforça o momento de melhora operacional da Casas Bahia, pontuando que, tendo continuidade, a varejista tem potencial de alcançar um indicador ainda melhor do que 0,8 vez dívida líquida/Ebitda.

Ele pondera ainda que essa melhora de percepção e de estrutura de capital viabiliza melhores condições de crédito, de maneira que a companhia dependa menos de operações de curto prazo, como o risco sacado. Além disso, ele vê no horizonte um potencial para maior apetite de negócios com a companhia, com melhores condições.

“Todo esse caminho que a conversão origina pode ser transformacional para o nosso negócio, a ponto de ter uma perspectiva de gerar lucro que estava em um horizonte mais curto do que se planejava”.

Ele pondera que essa aproximação da geração de lucro é possível por meio de uma capacidade de melhoria do Ebitda e redução da despesa financeira, que é numa ótica independente da trajetória dos juros, segundo o diretor de IR. “Claro que, se a taxa de juros cai, o cenário melhora ainda mais, talvez acelere até esse processo”, diz.

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
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