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Casino vira alvo de batalha de bilionários após receber nova oferta

14 jun 2023, 13:58 - atualizado em 14 jun 2023, 18:59
Casino
O Casino disse em um comunicado de 24 de abril que a oferta de 1,1 bilhão de euros liderada por Kretinsky levará a uma perda de controle do Casino e a uma diluição muito significativa dos acionistas existentes (Imagem: REUTERS/Eric Gaillard)

Jean-Charles Naouri está prestes a perder o controle de 30 anos do endividado Casino, a menos que consiga dinheiro para enfrentar ofertas rivais pelo varejista francês, disseram executivos de bancos de investimento e analistas.

No Brasil, o Casino é acionista do Assaí e do GPA, dono da rede Pão de Açúcar.

O magnata francês Xavier Niel e o bilionário tcheco Daniel Kretinsky estão envolvidos em duas ofertas concorrentes de 1,1 bilhão de euros pelo Casino, que tem um valor de mercado atual de apenas 700 milhões de euros.

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“Neste estágio, esta não é uma oferta firme, mas uma manifestação preliminar de interesse que pode não ser bem-sucedida. O grupo estudará esta manifestação de interesse e manterá o mercado informado”, disse o Casino em comunicado nesta quarta-feira.

Ambas as ofertas envolvem a reestruturação da dívida do Casino de 6,4 bilhões de euros, um processo no qual os principais bancos franceses BNP Paribas, Crédit Agricole e Natixis irão opinar.

O Casino disse em um comunicado de 24 de abril que a oferta de 1,1 bilhão de euros liderada por Kretinsky levará a uma perda de controle do Casino e a uma diluição muito significativa dos acionistas existentes.

As ações do Casino disparavam mais de 20% nesta quarta-feira.

A companhia enfrenta 3 bilhões de euros em pagamentos de dívidas nos próximos dois anos, com as agências de classificação Moody’s e Standard & Poor’s alertando que um default é muito provável. E a holding por meio da qual Naouri controla o Casino também está fortemente endividada.

A corrida pelos ativos do Casino está apenas começando, já que as negociações com os credores do grupo começaram, com seus maiores rivais Carrefour e Auchan e o Estado francês monitorando de perto a situação, de acordo com relatos da mídia francesa.

“Estamos de olho nisso, porque é um grande empregador”, disse um funcionário do Ministério das Finanças. “Há questões financeiras em jogo e, pelo bem do capitalismo francês, é importante que isso seja feito de maneira ordenada”, acrescentou.

Ele disse que não há licitante favorito para o Casino, mas alguns analistas dizem que a oferta liderada por Niel, o executivo de banco de investimentos Matthieu Pigasse e o parceiro de negócios de Naouri, Moez-Alexandre Zouari, é potencialmente mais atraente para o governo.

“A proposta de Kretinsky parece um acordo melhor para os credores, mas o governo francês pode temer um desmantelamento completo do Casino por um bilionário estrangeiro”, disse Clement Genelot, analista de varejo da Bryan, Garnier & Co, à Reuters.

O sexto maior varejista de alimentos da França em participação de mercado emprega mais de 50 mil pessoas no país, acrescentou Genelot.

Niel, Pigasse e Zouari disseram que poderão investir entre 200 milhões e 300 milhões de euros eles próprios, com o restante vindo de parceiros não especificados, incluindo credores do Casino.

A proposta do trio vem depois que Kretinsky, o segundo maior acionista do Casino, ofereceu em abril assumir o controle do grupo por meio de um aumento de capital de 1,1 bilhão de euros.

Um porta-voz da companhia se recusou a comentar além de sua declaração nesta quarta-feira ou em nome de Naouri.

Niel é mais conhecido por seu grupo de telecomunicações Iliad, enquanto Pigasse é um banqueiro de investimentos influente e Zouari tem uma vasta experiência em distribuição de varejo de alimentos.

Matéria atualizada às 18h58 de 14 de junho de 2023 para correção da Reuters.

reuters@moneytimes.com.br