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Caso C&M Software: Volume negociado nas corretoras de criptomoedas cresce quase quatro vezes no dia do ataque hacker

03 jul 2025, 17:27 - atualizado em 03 jul 2025, 17:27
Ataque hacker transformou dinheiro em criptomoedas e bitcoin (BTC) (Imagem Canva Pro)
Ataque hacker bitcoin (BTC) (Imagem Canva Pro)

O maior ataque ao sistema financeiro nacional tomou conta do noticiário, com informações desencontradas e milhões de reais sumidos. Um levantamento obtido pela equipe do Crypto Times mostra um dos possíveis caminhos de todo esse dinheiro: as corretoras de criptomoedas (exchanges). 

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O ataque hacker aos sistemas da C&M Software foi divulgado na última quarta-feira (2), mas ocorreu de fato na virada da segunda-feira (30) para a terça-feira (1º). Informações preliminares e não oficiais dão conta de que um montante de R$ 1 bilhões pode ter sido roubado das contas reservas do Banco Central

Uma das suspeitas é que uma parcela dos recursos foi enviada para plataformas e corretoras de criptomoedas (exchanges), antes de ter sido convertido em ativos digitais. 

De acordo com informações da última quarta-feira do Cointelegraph, após roubar o dinheiro, os criminosos teriam movimentado os valores para diferentes provedores de criptomoedas que trabalham com Pix, entre eles exchanges, gateways, sistemas de trocas (swap) de cripto, entre outras tecnologias.

Essa sugestão é corroborada com o aumento desproporcional no volume negociado nessas corretoras até o dia 30 de junho.

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Naquela segunda-feira, dia do ataque hacker, houve um aumento de negociações em plataformas como a Binance, Bity, Bitso, Mercado Bitcoin (MB) e Foxbit

Ataque hacker e mudanças no lançamento de ETFs movimentam Bitcoin (BTC): Confira o que esperar do mercado cripto no Giro do Mercado desta quinta-feira (3):

Exchange Volume médio junho (ex-30/6) Volume 30/6 Variação do volume Variação %
Binance R$246.605.488,00 R$684.306.501,00 R$437.701.013,00 277,49%
Bity R$15.617.707,00 R$65.876.130,00 R$50.258.423,00 421,80%
Bitso R$6.281.787,00 R$45.422.046,00 R$39.140.259,00 723,08%
MB R$15.938.457,00 R$38.582.079,00 R$22.643.622,00 242,07%
Foxbit R$4.607.878,00 R$22.008.095,00 R$17.400.217,00 477,62%
TOTAL: R$289.051.317,00 R$856.194.851,00 R$567.143.534,00 296,21%

O maior aumento no volume negociado ocorreu na Binance, que saltou mais de R$ 430 milhões. Em um único dia, o volume negociado na corretora foi três vezes maior do que a média mensal.

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Em alguns casos, houve um aumento de mais de 700% em volume negociado em apenas um dia. 

Em nota enviada à reportagem, a exchange afirma que não comenta investigações em andamento, mas destaca que a empresa trabalha em constante colaboração com autoridades internacionais e locais no combate a crimes cibernéticos e financeiros, incluindo o monitoramento preventivo de contas suspeitas e atividades fraudulentas. Leia a nota na íntegra mais abaixo. 

De acordo com as fontes ouvidas pelo Crypto Times, os dados utilizados na análise vêm de plataformas públicas de monitoramento de mercado e de volumes agregados entre corretoras (como Cointrader Monitor, dashboards proprietários e volume registrado nos pares USDT/BRL em exchanges brasileiras).

“Analisando os volumes do dia 30/6, é possível observar que 4 das 5 maiores exchanges brasileiras apresentaram aumento apenas moderado nas negociações de USDT, dentro da variação esperada para fechamento de mês/trimestre”, disseram.

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Somados, o volume dessas plataformas ultrapassou os US$ 850 milhões em um único dia no Brasil.

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O que dizem as partes sobre a conversão de criptomoedas

A nota completa enviada pela Binance diz: “A Binance não comenta investigações em andamento, mas destaca que a segurança dos usuários é prioridade e que a empresa trabalha em constante colaboração com autoridades internacionais e locais no combate a crimes cibernéticos e financeiros, incluindo o monitoramento preventivo de contas suspeitas e atividades fraudulentas. A Binance também investe continuamente na melhoria de processos e ferramentas para evitar a participação de agentes mal-intencionados na plataforma, além de desenvolver trabalhos contínuos de educação e suporte à comunidade, incluindo as melhores práticas de segurança. Somente em 2024, a Binance preveniu  perdas potenciais de US$4,2 bilhões para 2,8 milhões de usuários”.

A reportagem também entrou em contato com as corretoras Bity, Bitso, MB e Foxbit.

A nota à imprensa do Bitybank diz que: “O Bitybank informa que não identificou qualquer anormalidade nos fluxos de entrada e saída (cash in e cash out) em sua plataforma. O aumento no volume de negociações decorreu da maior volatilidade entre os mercados nacional e internacional, especialmente após o leve recuo do dólar no Brasil no dia 30, e da atuação regular de market makers nos pares negociados. Destacam ainda que o Bitybank é reconhecido por não operar via canais OTC e por adotar uma postura conservadora em seu compliance. Por isso, não consideram que a plataforma tenha sido cogitada como ambiente propício para movimentações atípicas relacionadas a qualquer incidente externo”.

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A Bitso enviou o seguinte comunicado à reportagem: “Os sistemas da Bitso não foram comprometidos. Ainda que seja normal termos altos volumes e quantidades de transações devido ao negócio da Bitso estar voltado especialmente a clientes institucionais, após detectar atividades incomuns, aplicamos controles adicionais e restringimos proativamente algumas contas. Estamos colaborando com as autoridades e permanecemos totalmente comprometidos em proteger nossos usuários e garantir a integridade da plataforma. Confiança e segurança continuam sendo a base de tudo o que fazemos”.

Por fim, a Foxbit e o MB informaram à reportagem do Crypto Times que o aumento do volume negociado foi normal e dentro dos parâmetros da corretora. 

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É editor-assistente do Money Times. Formado em jornalismo pela ECA-USP, estuda ciências econômicas na São Judas. Atuou como repórter no Seu Dinheiro, Editora Globo e SpaceMoney.
renan.sousa@moneytimes.com.br
É editor-assistente do Money Times. Formado em jornalismo pela ECA-USP, estuda ciências econômicas na São Judas. Atuou como repórter no Seu Dinheiro, Editora Globo e SpaceMoney.