‘Caso da Azul é diferente’, defende aérea sobre pedido de Chapter 11; veja os detalhes

Como já vinha sendo especulado no mercado nas últimas semanas, a Azul (AZUL4) anunciou o seu pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos (Chapter 11). No entanto, defende que seu caso é “diferente de qualquer outra reestruturação de companhias aéreas da região”, ou seja, da América Latina.
O motivo, segundo a Azul, é a entrada no processo com os acordos já firmados com diversos de seus parceiros. Conforme o comunicado divulgado ao mercado nesta quarta (28), a aérea iniciou um processo de reestruturação pré-acordada para viabilizar acordos que envolvem aproximadamente US$ 1,6 bilhão em financiamento DIP (debtor-in-possession).
O DIP é uma modalidade de crédito específica para empresas em processo de recuperação judicial, que visa fornecer os recursos financeiros necessários para que a empresa opere e atinja seu objetivo. No caso da Azul, a busca é pela redução da dívida e melhorar a estrutura financeira.
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A Azul aponta que esse compromisso de financiamento pagará parte da dívida existente e irá fornecer aproximadamente US$ 670 milhões de capital novo para reforçar a liquidez durante e após o processo.
“Na conclusão da reestruturação, os acordos preveem que o financiamento DIP seja pago com os recursos provenientes de uma Oferta de Direitos de Ações de até US$ 650 milhões, apoiada por alguns desses parceiros financeiros e suportada ainda por um investimento em equity adicional previsto de até US$ 300 milhões pela United Airlines e pela American Airlines, sujeito a certas condições”, dizem.
A Azul defende que já entrou no processo preparada para passar por ele e com plano de como o encerrar. De acordo com fontes a par do assunto, devido à entrada já estruturada, a expectativa não é de que o processo se alongue, podendo se encerrar em um ano.
Detalhes do Chapter 11 da Azul
Apesar da realidade de completo isolamento social e outros impactos do período latente da pandemia de coronavírus estarem no passado, as companhias aéreas ainda lutam contra as sequelas.
Segundo o CEO da Azul, John Rodgerson, a empresa optou por iniciar uma reestruturação financeira voluntária tendo em vista a sobrecarga da pandemia na estrutura de capital, o que se somou à deterioração macroeconômica, trazendo problemas para a cadeia de suprimentos da aviação.
Com o Chapter 11, a Azul afirma que a estratégia não se resume à reorganização financeira, mas visa uma otimização da estrutura de capital.
“Ao utilizar esse processo, nós acreditamos que criaremos uma companhia aérea robusta, resiliente e líder”, diz Rodgerson.
A Azul já firmou os chamados acordos de apoio à reestruturação com seus principais parceiros financeiros, como seu maior arrendador de aeronaves, a AerCap, e as companhias aéreas United e American Airlines.
Os acordos, como mencionado, incluem um compromisso de aproximadamente US$ 1,6 bilhão em financiamento ao longo do processo e a eliminação de US$ 2 bilhões de dívida, além de até US$ 950 milhões em financiamento adicional garantido em equity na conclusão do processo.
Ao final do processo, a United e American Airlines devem ter participação acionária na Azul, por meio de um possível aporte de até US$ 300 milhões na empresa como um investimento. O valor engloba as empresas combinadas.
A companhia, segundo fontes familiarizadas com o assunto, não esperam sair do processo de recuperação judicial com uma dívida, uma vez que, na saída, realizarão uma oferta pública em que vão chamar investidores para participação societária. O dinheiro levantado será utilizado para pagar o financiamento do DIP.
Vale pontuar que as operações de voos da Azul não serão afetadas pelo processo.