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Cemig (CMIG4): Se federalização avançar, prepare-se para tombo de mais de 30%, vê Bradesco

23 nov 2023, 17:34 - atualizado em 23 nov 2023, 22:09
Cemig
Do ponto de vista do Governo Federal, possuir ativos de distribuição no passado foi uma experiência amarga (Imagem: Reprodução)

A queda da ação da Cemig (CMIG4) de 11% vista na última sessão pode ser só o início se o processo de federalização da elétrica avançar, vê o Bradesco BBI em relatório enviado a clientes.

A corretora calcula que uma Cemig federalizada teria queda de Taxa Interna de Retorno de 15% a 17%, implicando um preço de R$ 8,90 a R$ 7,50 por ação. No último fechamento, Cemig negociava a R$ 11,34. Se o cenário se confirmar, a queda poderia chegar a 33%.

Para os analistas Francisco Navarrete e Ricardo França, a federalização da Cemig parece um movimento estranho, pois, se confirmada, representaria um grande afastamento da atual estratégia seguida pelo governo estatual, que implicava tentativa de privatizar a Cemig e a Copasa (CSMG3).

“Além disso, a participação do Estado na Cemig vale R$ 6,4 bilhões a valor de mercado, um valor insignificante em comparação com o total da dívida”, discorrem.

Do ponto de vista do Governo Federal, possuir ativos de distribuição no passado foi experiência amarga, dados os desafios operacionais em comparação com os ativos de geração e transmissão.

“Por fim, historicamente o legislador mineiro tem sido bastante apegado à Cemig, sempre se opondo a mudanças de controle que acabariam por reduzir sua influência na empresa”, completam.

Federalização da Copasa e Cemig: Qual o impacto da mudança para as empresas? Saiba o que fazer com as ações no Giro do Mercado desta quinta-feira (23), é só clicar aqui:

O que acontece com o investidor Cemig e Copasa?

O BTG lembra que enquanto a Copasa possui 100% tag-along, as ações preferenciais da Cemig, a classe de maior liquidez, não tem direito de tag along.

O tag along é um mecanismo que permite aos investidores minoritários venderem suas ações por, pelo menos, 80% do valor oferecido pelo futuro comprador.

“Mas antes de entrar na discussão do tag along, há uma questão maior em torno do preço a que esta transferência de controle ocorreria”, nota o BTG.

À Folha de S. Paulo, Pacheco afirmou que a transferência seria feita a um preço justo. Mas qual será esse valor, questiona o banco.

“Será que calculado usando um laudo de avaliação independente, VWAP, valor contábil ou algo assim? Neste ponto, existe incerteza significativa sobre qual será a avaliação implícita”, coloca.

O BTG nota ainda que por estar no Novo Mercado, a Copasa certamente oferece mais proteção que a CMIG4, por isso sofreu muito menos com a notícia.

O que fazer com o papel?

A Copel já era uma ação fora do radar de analistas antes mesmo da federalização ganhar força. De cinco casas consultadas pelo Money Times, todas possuem recomendação neutra. A justificativa é que, apesar de ter uma boa gestão, a ação não negocia em termos atrativos. Em bom português, o papel está caro.

“Antes dessas manchetes, víamos a Cemig como ação com preço justo, negociada a TIR real implícita de 8,8%. Nesse nível, preferimos nomes como Energisa (ENGI11), Copel (CPLE6) e Equatorial (EQTL3)”, explica o BTG.

Na visão do Bradesco, se a federalização for abandonada, a ação teria um bom motivo para avançar.

“Por enquanto, e após a queda de preços de ontem, mantemos nossa recomendação neutra até obtermos evidências de que a federalização da Cemig é de fato um trabalho em andamento (ou seja, atribuímos uma baixa probabilidade de federalização da Cemig neste momento)”, coloca.

Já o Itaú BBA classifica como difícil encontrar conforto com um ponto de entrada dadas as implicações da mudança na equipe de gestão e na estratégia.

A R$ 11/ação, a CMIG4 está sendo negociada a uma TIR implícita de 13,6%.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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