CEO responde se Bradesco (BBDC4) terá surpresa ‘arrebatadora’ após resultado acima do esperado

O Bradesco (BBDC4) entregou resultados acima do esperado pelo mercado e pela próprio banco. A carteira, por exemplo, cresceu 13%, ultrapassando a marca do trilhão, contra projeção de 4% a 8% no ano, assim como a receita, que subiu 10,2%, ante a faixa de 5% a 9%.
Como reafirmou as projeções, analistas acreditam que o BBDC pode ter uma desaceleração nos próximos trimestres.
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Na teleconferência realizada com jornalistas, o CEO, Marcelo Noronha, manteve a cautela e reafirmou que a melhora será ‘passo a passo’, como tem sempre falado nas apresentações.
“Não se trabalha com a expectativa de surpresas arrebatadoras. A perspectiva é de um crescimento gradual, com expectativa de um resultado superior ao cenário intermediário”, afirmou.
Ainda segundo Noronha, o sentimento é de otimismo, o que não elimina, naturalmente, o desafio que terá pela frente.
“O mercado apresenta uma atividade mais lenta no segundo semestre, como os economistas estão prevendo, devido à taxa de juros atualmente estar no topo”.
Na noite da última quarta-feira, o Banco Central elevou a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual, a 14,75%, o maior nível em quase duas décadas.
Ainda segundo o CEO, a operação está bem tracionada, “com oportunidades de crescimento em linhas mais seguras, com potencial para geração de margem”.
“O trabalho será conduzido de forma dinâmica para alcançar esses objetivos. Portanto, não há expectativa de saltos abruptos. Será importante acompanhar o comportamento da margem com o mercado trimestre a trimestre”.
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Noronha também afirmou que há oportunidade de continuidade no crescimento, inclusive no crédito consignado privado, que deve se estabilizar na virada do semestre, permitindo um avanço mais consistente nesse segmento.
“Portanto, acredito com firmeza que estamos mais próximos da banda superior do guidance — o topo dessa faixa, algo entre 6% e 8%”
Números do Bradesco
Analistas, em geral, não esperavam grandes números. Isso porque a primeira etapa do ano é, sazonalmente, mais fraca. Há menos dias úteis, quando as agências efetivamente funcionam, enquanto os consumidores estão mais endividados.
Mesmo assim, houve melhora nas principais linhas. A carteira de crédito expandida ultrapassou o R$ 1 trilhão, alta de 12% no ano e 2,4% no trimestre, com expansão de 16% na carteira de pessoas físicas e 10% na de pessoas jurídicas (empresas).
A receita atingiu R$ 32,3 bilhões, alta de 15,3%, impulsionada por forte crescimento dos três principais componentes: margem financeira total, receitas com serviços e seguros.
Já a inadimplência e os gastos com PDD, reserva de capital que bancos fazem para lidar com calotes, se mantiveram controlados.
Com tudo isso, o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) mostrou evolução e subiu 4,2 pontos percentuais no ano e 2,4 pp no trimestre, rompendo a casa dos 13% e indo a 14,4%, quando a maioria das casas esperava estabilidade. A Genial projetava ROE em 13,4% e a XP 13%.