Coluna Robert Lawrence Kuhn

China deve anunciar maior abertura ao exterior nas Duas Sessões

04 mar 2024, 14:05 - atualizado em 04 mar 2024, 14:05
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China: Uma abertura ao exterior é necessária para garantir a segurança nacional e oportunidades para negócios globais. (Foto: glaborde7/ Pixabay)

A China deve reforçar a abertura do seu mercado interno para as empresas estrangeiras, durante a reunião de política anual, conhecida como as Duas Sessões, que acontece em Pequim nesta semana. Esse compromisso com o exterior faz parte da política do governo chinês de priorizar a expansão de seu mercado doméstico.

Embora haja alguma desconfiança, com a opinião pública internacional dizendo que a China está em autoisolamento, a segunda maior economia do mundo reitera seu interesse em impulsionar o investimento estrangeiro direito, apesar da crescente onda de desglobalização e protecionismo.

Aos olhos dos chineses, uma abertura ao exterior é necessária para garantir a segurança nacional e oportunidades para negócios globais.

O presidente chinês Xi Jinping enfatizou que “tornar o consumo doméstico como o pilar da economia não visa, de forma alguma, um desenvolvimento à porta fechada”.

Em vez disso, visa conectar um mercado interno mais forte, aproveitando o potencial da demanda interna, com um mercado externo robusto, capitalizando melhor os recursos de ambos e alcançando um desenvolvimento mais sustentável.

Trata-se de uma campanha para “abrir as mentes locais” através de uma abordagem inovadora que se opõe ao protecionismo chinês e a discriminação contra empresas estrangeiras. Mas é importante ressaltar: a China não está se abrindo ainda mais como uma forma de se curvar à pressão externa, mas sim porque uma maior abertura é boa para a própria economia chinesa.

China: O que esperar das Duas Sessões

A China deve anunciar uma expansão da abertura através de novas regras, regulamentos e medidas, que criem um padrão de gestão capaz de facilitar o acesso ao mercado interno e nivelar o jogo entre as empresas estrangeiras e locais, abrindo o campo para que todas possam desfrutar um melhor ambiente de negócios.

Com isso, a China pretende criar “um ambiente de negócio de alto nível orientado para o mercado, baseado na lei e no padrão internacional”. Afinal, não se pode ignorar o sentimento dos investidores estrangeiros, diante de tantas incertezas em relação à economia interna, em meio aos problemas no setor imobiliário e à dívida local excessiva. Tanto que o Investimento Direto Estrangeiro na China em 2023 foi menor que em 2022.

Porém, as lideranças chinesas expressam otimismo em relação ao futuro. Para tanto, o governo chinês emitiu mais de duas dezenas de novas diretrizes para atrair mais capital global e otimizar ainda mais o ambiente de negócios do país para as corporações multinacionais.

As disposições incluem incentivar investidores estrangeiros a estabelecer grandes projetos de inovação científica, trazendo novas tecnologias e conhecimento; garantir a igualdade de tratamento entre empresas estrangeiras e nacionais; permitir um acesso conveniente e seguro a mecanismos para fluxos de dados; capacitar as empresas estrangeiras a envolver-se plenamente nas ofertas governamentais; além de um apoio fiscal mais forte através de incentivos.

Assim, ganham as empresas e os consumidores chineses devido ao aumento da concorrência e de produtos melhores a preços atrativos; e ganham também as empresas estrangeiras, com o acesso a uma classe média que deve chegar a 800 milhões de pessoas em breve.

Por isso, a China diz que “a próxima China” será esta China.

Renomado especialista em China, estrategista corporativo internacional e banqueiro de investimentos que assessora corporações multinacionais sobre estratégias e negócios na China. Foi premiado com a “Medalha da Amizade da Reforma da China” do Presidente Xi Jinping, sendo um dos apenas dez estrangeiros homenageados por suas contribuições ao longo de 40 anos da Chin. Autor do livro “Como os Líderes Chineses Pensam”, publicado no Brasil pela Autonomia Literária.
Renomado especialista em China, estrategista corporativo internacional e banqueiro de investimentos que assessora corporações multinacionais sobre estratégias e negócios na China. Foi premiado com a “Medalha da Amizade da Reforma da China” do Presidente Xi Jinping, sendo um dos apenas dez estrangeiros homenageados por suas contribuições ao longo de 40 anos da Chin. Autor do livro “Como os Líderes Chineses Pensam”, publicado no Brasil pela Autonomia Literária.