Saúde

China diversifica uso de swabs anais em tolerância zero contra Covid-19

27 jan 2021, 13:09 - atualizado em 27 jan 2021, 13:09
Em Pequim, mais de 1.000 alunos e professores fizeram testes com swabs no ânus, garganta e nariz na semana passada (Imagem: Reuters/Thomas Peter)

A China vem aumentando esforços para neutralizar o coronavírus diante de novos surtos que desafiam sua estratégia já bastante rigorosa para lidar com a pandemia. Recentemente, outra arma foi adicionada ao arsenal que inclui restrições nas fronteiras, testes em massa e confinamento severo: swabs anais.

Apesar de não haver uma política nacional sobre o uso dessa técnica de exame, alguns moradores do norte do país — onde o surto agora chega a mais de 1.700 casos — foram submetidos sem cerimônia a testes com cotonetes no ânus. O procedimento envolve a inserção de um cotonete (ou swab) embebido em solução salina a uma profundidade de dois a três centímetros. A amostra então é testada para vestígios ativos do vírus.

Em Pequim, mais de 1.000 alunos e professores fizeram testes com swabs no ânus, garganta e nariz na semana passada, além de um teste de anticorpos separado, após um caso assintomático de Covid-19 ter sido detectado na escola, de acordo com as autoridades locais.

Na segunda-feira, os passageiros de um voo de Changchun, capital da província de Jilin, com destino a Pequim receberam ordens para desembarcar após autoridades descobrirem que uma pessoa vinda de uma área com alto risco de transmissão do vírus estava a bordo. Os passageiros foram levados para um hotel, onde profissionais de saúde aplicaram swabs nasais e anais, segundo um passageiro, que pediu para ser identificado apenas pelo sobrenome Wang.

Algumas pessoas que chegam a Pequim também estão sendo orientadas a realizar swabs anais. Uma mulher que veio de Hong Kong há algumas semanas contou à Bloomberg News que foi orientada a fazer o procedimento por conta própria enquanto estava em quarentena obrigatória em um hotel. A fonte, que pediu para não ser identificada, também precisou fazer três testes com swabs no nariz e garganta, um exame de sangue e seu quarto no hotel foi testado duas vezes.

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Tamanho zelo, motivado em parte pela preocupação das autoridades locais sobre as repercussões se suas cidades se tornarem a próxima Wuhan (Imagem: Reuters/Aly Song)

O uso da nova técnica de detecção é baseado em pesquisas que concluíram que traços do vírus encontrados no ânus podem durar mais do que no trato respiratório, explicou Li Tongzeng, vice-diretor do departamento de doenças respiratórias e infecciosas do Hospital You An em Pequim, durante entrevista à televisão estatal na semana passada.

Testes feitos com cotonetes anais podem ser mais precisos do que testes colhidos na garganta ou nariz, afirmou ele, acrescentando que o procedimento só estava sendo usado em grupos de risco, incluindo locais de quarentena.

Desde que conseguiu conter o surto original na cidade de Wuhan, na região central do país, a China estruturou uma campanha implacável para eliminar o coronavírus e impedir sua circulação na gigantesca população do país, muitas vezes lançando mão de recursos e poderes que não seriam viáveis ou admitidos em outras partes do mundo.

Enquanto EUA e Reino Unido ainda não conseguiram montar uma política adequada de testes contra a Covid-19, a China testa a população de cidades inteiras toda semana e milhões de unidades de comida congelada importada e contêineres em busca de vestígios do patógeno.

Tamanho zelo, motivado em parte pela preocupação das autoridades locais sobre as repercussões se suas cidades se tornarem a próxima Wuhan, foi capaz de conter surtos, mas o uso de técnicas como o swab anal é questionado por especialistas.

Cientistas descobriram que alguns pacientes com Covid-19 sofrem de infecção viral ativa e prolongada no aparelho digestivo mesmo que não manifestem sintomas gastrointestinais. Suas amostras de fezes costumam testar positivo para o coronavírus até uma semana depois de testes negativos em exames feitos no aparelho respiratório desses indivíduos, concluíram os pesquisadores da Universidade Chinesa de Hong Kong.

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