Direto da China

China: Feira de importação CIIE 2022 é mais um esforço de abertura e prosperidade econômica

16 nov 2022, 9:07 - atualizado em 16 nov 2022, 9:08
Trabalhador em terminal de exportação de fertilizantes na China
China promove quinta edição de feira internacional de importação, como parte do esforço de ampliar a interação do mercado consumidor chinês com o mundo (Imagem: China Daily via REUTERS/Files)

A quinta edição da China International Import Expo (CIIE) ocorreu na semana passada, de 5 a 12 de novembro em Xangai. Trata-se de um dos mais importantes eventos anuais para empresas estrangeiras que procuram explorar o mercado consumidor chinês. Foi também o primeiro evento internacional importante realizado pelo governo chinês após o 20º Congresso do Partido.

A CIIE tornou-se uma vitrine do novo paradigma de desenvolvimento econômico da China, uma plataforma polivalente para a difusão empresarial e os assuntos públicos para o mundo.

Lançada em 2018, num momento de crescentes fricções comerciais, quando o presidente dos EUA Donald Trump começou a estabelecer tarifas e outras barreiras no comércio com a China, causando um grande ceticismo sobre a China na economia global. Por isso, a CIIE serve como um espectro para Pequim mostrar que o mercado consumidor chinês é uma enorme oportunidade e sua abertura cada vez maior estimula a compra de bens e serviços importados, com disposição para abrir ainda mais.

A feira é parte do esforço chinês de ampliar a interação entre os mercados e recursos nacionais e internacionais, criando novas oportunidades para o mundo ao usar o desenvolvimento da China, contribuindo com a construção de uma economia global aberta – importante instrumento para a Rota da Seda (BRI) e a Dupla Circulação. A China se fundamenta na abertura econômica e considera esse pilar como a força motriz por detrás do progresso das civilizações humanas e um caminho intrínseco para a prosperidade e desenvolvimento global.

Para além da CIIE

Nesse sentido, o país intensifica os esforços para cultivar um mercado interno robusto, melhorando o comércio de bens, desenvolvendo novos mecanismos para o comércio de serviços, e importar mais produtos de qualidade – oportunidade para outras nações. O presidente chinês, Xi Jinping, destacou no discurso de abertura deste ano que “o mundo de hoje se vê confrontado com mudanças aceleradas, não vistas num século, bem como com uma lenta recuperação económica.”

O grande mercado consumidor da China e a cadeia de suprimentos completa podem ser um ativo raro para a conturbada economia global. Para isso, o grande gigante asiático pretende expandir progressivamente a abertura institucional (regras, regulamentos, gestão e normas) pôr em pleno vigor o novo Catálogo de Indústrias Encorajadas para o Investimento Estrangeiro, e continuar a desenvolver a zona nacional de demonstração integrada para uma maior abertura no setor dos serviços.

Por isso, também se compromete a participar das negociações de reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC), promovendo a liberalização, facilitação do comércio e do investimento, e reforçará a coordenação internacional da política macroeconômica, com vista a fomentar conjuntamente novos motores para o crescimento global. Uma economia chinesa em crescimento alimentará o crescimento da economia mundial.

Para além da CIIE, o pais planeja outras medidas para fortalecer o mercado como estabelecer zonas-piloto para a cooperação de comércio eletrônico na BRI e construir zonas de demonstração nacionais para o desenvolvimento inovador do comércio de serviços, de modo a encorajar a inovação comercial e promover a cooperação de alta qualidade.

Há sinais claros para encorajar o investimento estrangeiro, através do desenvolvimento da zona nacional de demonstração integrada para uma maior abertura no setor de serviços. Entre elas, a implementação da estratégia para atualizar as zonas-piloto de livre comércio, acelerar o desenvolvimento de porto de Hainan e explorar o seu papel como plataforma-piloto para uma reforma e abertura comercial abrangente.

Ainda em seu discurso na abertura da CIIE, Xi Jinping também acenou o interesse da China de entrar no Compreensivo e Progressivo Acordo de Parceria Trans-Pacífica (CPAPTP) e Acordo de Parceria da Economia Digital (DEPA) para expandir a rede de zonas de livre comércio de alto padrão, orientados para o mundo inteiro, para promover a construção de uma comunidade com um futuro comum para a humanidade.

CIIE em números

As empresas chinesas assinaram no total acordos que somam US$ 73,5 bilhões na CIIE, apesar de menos expositores e visitantes estrangeiros. O valor dos negócios assinados durante os seis dias de evento em Xangai aumentou 3,9% na comparação anual. Um total de 2.800 expositores de 145 países e regiões participaram do evento, cerca de 100 a menos que no ano passado, enquanto o número de visitantes caiu para 461 mil, de 480 mil um ano antes.

No entanto, a política de Covid Zero tornou-se uma barreira para visitas de comerciantes estrangeiros à China. Como resultado, o valor do negócio na CIIE caiu pela primeira vez depois de quatro anos de feira, sendo 2,6% a menos se comparado a 2020.

Ainda assim, um dos destaques foi o mercado de veículos elétricos (EVs) chinês, que deu bom sinal e está crescendo excepcionalmente rápido. Um crescimento rápido no setor de EV é esperado para os próximos dois anos. A Tesla teve muita atenção no salão da indústria automotiva, embora seus novos modelos ainda não estejam disponíveis para os clientes do continente. Porém, o grande debate da semana foi o anúncio que a Tesla lucra oito vezes mais por carro do que a BYD e Toyota.

Importante anúncio também veio do CEO da Horizon Robotics, Dr. Yu Lai, que os novos modelos da NIO utilizarão seus chips, que também são desenvolvidos para SAIC, Hongqi, Li Auto, BYD e outros. Cerca de 200 empresas americanas participaram este ano, quase o mesmo que no ano passado, de acordo com o Conselho Empresarial EUA-China.

A feira possui quatro características importantes: desenvolvimento de negócios; exposição de marcas; relacionamento governamental e relacionamento com a mídia. Meios de comunicação estatais oficiais e outras entidades ligadas ao governo estão sob pressão para acompanhar e obter as métricas que mostrem o desenvolvimento da CIIE e do mercado chinês – como números de negócios e de expositores de todo o mundo. Isto cria uma oportunidade para as empresas estrangeiras desempenharem o seu papel na exposição e tirarem proveito da oportunidade.

Portanto, a CIIE é o esforço da China para criar novas oportunidades, em uma estratégia alinhada ao interesse declarado pelo presidente Xi para construir uma economia global aberta. Para isso, a China se dispõem em trabalhar com todos os países para partilhar as oportunidades de seu vasto mercado consumidor interno – e essas possibilidades de negócios e investimentos são maiores que os riscos.

*J. Renato Peneluppi Jr. é brasileiro, advogado, residente em Wuhan (China) desde 2010; Doutor em Administração Pública Chinesa pela HUST (华中科技大学); diretor executivo na China University Summer Schools Association (CUSSA); membro do think tank Center for China and Globalization (CCG) e representante do Global Young Leaders Dialogue (GYLD).  

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