Commodities

China lidera recuperação da demanda global por petróleo após colapso por pandemia

03 jun 2020, 17:28 - atualizado em 03 jun 2020, 17:29
Petróleo
As medidas generalizadas de “lockdown” para conter a disseminação do vírus tiveram impacto especialmente forte sobre os mercados do petróleo (Imagem: REUTERS/Aly Song)

A demanda por petróleo na China se recuperou para mais de 90% dos níveis vistos antes da pandemia de coronavírus, uma retomada surpreendentemente robusta que pode se refletir em outros locais no terceiro trimestre, à medida que mais países deixam os “lockdowns” impostos para contenção da doença.

Embora a China –segunda maior consumidora de petróleo do mundo– seja o ponto fora da curva por enquanto, a flexibilização das restrições de circulação e os pacotes de estímulo que visam ressuscitar economias podem acelerar a demanda global pela commodity no segundo semestre de 2020, de acordo com executivos do setor.

“A rápida retomada na demanda chinesa por petróleo, para 90% dos níveis pré-Covid ao final de abril e avançando, é um sinal muito bem-vindo para a economia global”, disse Jim Burkhard, vice-presidente e chefe de mercados de petróleo da IHS Markit.

As medidas generalizadas de “lockdown” para conter a disseminação do vírus tiveram impacto especialmente forte sobre os mercados do petróleo, reduzindo os preços globais em cerca de 70% até meados de abril e resultando em um forte aumento nos estoques da commodity e de combustíveis em todo o mundo.

“Quando você considera que a demanda por petróleo na China –o primeiro país impactado pelo vírus– havia recuado mais de 40% em fevereiro, o grau em que ela está se recuperando oferece razões para uma dose de otimismo quanto à recuperação econômica e de demanda em outros mercados, como Europa e América do Norte”, afirmou Burkhard.

Os valores de referência do petróleo também se recuperaram em meio ao relaxamento dos “lockdowns”, com os contratos futuros do Brent registrando rali de 50% e os preços do petróleo dos Estados Unidos (WTI) saltando mais de 90% desde 1º de maio.

Embora analistas do setor concordem quanto à recuperação da demanda chinesa, as estimativas diferem em termos de grau e duração.

A Wood Mackenzie espera que o consumo de petróleo da China cresça 2,3% no segundo semestre em relação a igual período do ano passado, para 13,6 milhões de barris por dia (bpd), guiada pelo aumento no consumo industrial e para transportes.

“Até o terceiro trimestre, a demanda por gasolina na China terá superado em 3% o mesmo período do ano passado, a 3,5 milhões de bpd”, disse a consultoria, enquanto o consumo de diesel pode avançar em 1,2%, para 3,4 milhões de bpd, novamente em comparação anual.

Por outro lado, a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) disse em seu relatório de maio que a demanda na China terá recuo de 5%, para 13,2 milhões de bpd no segundo semestre.

Ainda assim, há um forte consenso de que os consumos tanto de gasolina quanto de diesel devem acelerar, à medida que mais pessoas e empresas retomam movimentações.

“A China liderou a recuperação de demanda até aqui. Depois disso, outros países, como Coreia do Sul, Austrália e Vietnã, onde os casos do vírus estão amplamente sob controle, verão uma melhora na demanda por petróleo”, disse Sri Paravaikkarasu, analista da FGE.

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