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China pede testes sobre exposição à incorporadora Evergrande

08 jun 2021, 8:36 - atualizado em 08 jun 2021, 8:36
Bandeira da China
Os títulos em dólar da Evergrande subiram no final do ano passado e eram negociados em uma faixa relativamente estável até começarem a cair novamente no final de maio (Imagem: Pixabay)

Reguladores chineses recomendaram que os principais credores da China Evergrande realizem uma nova rodada de testes de estresse sobre sua exposição à incorporadora mais endividada do mundo, segundo pessoas a par do assunto.

Autoridades lideradas pelo Comitê de Estabilidade Financeira e Desenvolvimento, principal regulador do setor financeiro da China, disseram recentemente a credores, que incluem o Industrial & Commercial Bank of China (ICBC), para avaliar o possível impacto no capital e liquidez caso a Evergrande tenha problemas, disseram as pessoas, que não quiseram ser identificadas. Não está claro se os resultados levarão a alguma ação do governo.

Não é a primeira vez que reguladores solicitam que os bancos divulguem sua exposição à Evergrande, mas a diretiva sugere que a preocupação com a saúde financeira da empresa é séria o suficiente para mais uma vez chamar a atenção das lideranças do governo chinês.

Os títulos e ações da Evergrande despencaram nas últimas semanas em meio a notícias negativas, como atrasos nos pagamentos de dívidas de curto prazo de algumas de suas afiliadas e um artigo na mídia de que as autoridades estariam examinando as negociações da incorporadora com um banco no qual possui uma participação significativa.

A preocupação em relação ao endividamento da Evergrande ressurge cerca de nove meses após o último susto de liquidez envolvendo a gigante do setor imobiliário controlada pelo bilionário Hui Ka Yan, que chegou a um acordo com investidores em setembro para evitar pagamentos que teriam colocado pressão significativa no balanço patrimonial da empresa, cuja nota de crédito tem grau especulativo.

Os títulos em dólar da Evergrande subiram no final do ano passado e eram negociados em uma faixa relativamente estável até começarem a cair novamente no final de maio.

Em resposta a perguntas da Bloomberg, a Evergrande negou que os reguladores tivessem pedido aos bancos para realizar testes de estresse, mas não explicou como obteve a informação. A empresa acrescentou que suas operações continuam normais, repetindo uma declaração do início desta semana.

Credores da Evergrande, entre eles ICBC e China Minsheng Banking, não responderam de imediato a pedidos de comentário.

O Banco Popular da China (PBOC, na sigla em inglês) e a Comissão Reguladora de Bancos e Seguros também não comentaram.

A Evergrande preocupa reguladores chineses há muito tempo. Em 2018, o PBOC destacou a incorporadora, ao lado de HNA Group, Tomorrow Holding e Fosun International, entre as empresas que podem representar riscos sistêmicos para o sistema financeiro da China.

A complexa rede de passivos da Evergrande – como títulos em dólares, empréstimos bancários e entradas de compradores de imóveis – cresceu para 1,95 trilhão de yuans (US$ 305 bilhões) no final do ano passado, cerca de 77% dos quais venciam em 12 meses, de acordo com relatório anual. Até 81% da dívida da Evergrande com vencimento em 2021 está na forma de empréstimos bancários, segundo Kristy Hung, analista da Bloomberg Intelligence.

Com mais de US$ 20 bilhões em títulos offshore, a Evergrande, assim como a China Huarong Asset Management, é um dos mais prolíficos emissores chineses de dívida em dólares.

Como a Huarong, também é considerada um teste decisivo sobre a disposição do governo em apoiar emissores em apuros enquanto tenta equilibrar objetivos às vezes conflitantes de manter a estabilidade financeira e reduzir o risco moral.