Relações Internacionais

China põe Milei na geladeira e congela crédito de US$ 6,5 bi à Argentina

19 dez 2023, 18:57 - atualizado em 19 dez 2023, 18:57
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“É verdade esse bilete”: carta de Javier Milei não convenceu China a liberar empréstimo para Argentina (Imagem: Facebook/ Javier Milei)

A China decidiu congelar um empréstimo de US$ 6,5 bilhões à Argentina, até que seu novo presidente, Javier Milei, prove que seus gestos de aproximação com Pequim são sinceros. O dinheiro sairia do acordo de swap cambial mantido pelos bancos centrais do dois países desde 2009.

Nos meses finais em que presidiu a Argentina, o peronista Alberto Fernández e seu colega chinês, Xi Jinping, acertaram a renovação do acordo de swap, e a China colocou à disposição dos parceiros uma linha adicional de crédito.

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Milei, que assumiu o governo no último dia 10, e seu ministro da Economia, Luis Caputo, contavam com a liberação desse dinheiro para pagar compromissos que vencem nas próximas semanas. O principal deles é uma parcela de US$ 2,6 bilhões do empréstimo concedido pelo FMI (Fundo Monetário Internacional).

Sem o socorro da China, Milei conseguiu um crédito de US$ 900 milhões com a CAF (Corporación Andina de Fomento), considerada uma espécie de banco de desenvolvimento sul-americano.

Segundo o site Infobae, o governo chinês não está convencido de que Milei é sincero em seus acenos ao seu maior parceiro comercial. Durante a campanha presidencial, o economista ultraliberal e anarcocapitalista hostilizou diversas vezes a China, prometendo cortar relações institucionais com países “comunistas” e que não seguissem os princípios da “democracia liberal”.

Na época, Milei afirmou que a Argentina se alinharia aos Estados Unidos e a Israel, e atacou duramente o Brasil, seu segundo maior parceiro comercial, entre outros países.

Javier toma gelo da China e Argentina espera por dólares

Prometendo dolarizar a economia de um país com escassez de dólares e fechar o Banco Central (BCRA), Milei tomou um choque de realidade ao ser empossado. Dois dias depois, recebeu um enviado especial de Pequim, a quem pediu que entregasse uma carta para Xi Jinping, na qual o novo presidente argentino pediu a renovação do acordo de swap.

Inicialmente, o swap era usado apenas para os bancos centrais dos dois países liquidarem obrigações comerciais nas moedas locais, sem a necessidade de convertê-las para dólar. Com o agravamento da situação argentina, o então presidente Maurício Macri decidiu, em 2017, utilizar parte das reservas em yuanes para quitar dívidas com o FMI e outros agentes econômicos.

Desde então, os dólares obtidos da conversão dos yuanes gerados pelo swap cambial se tornaram uma das principais fontes de moeda americana dos hermanos. Segundo estimativas de consultorias argentina e do próprio BCRA, mais de 80% das reservas internacionais do país estão em yuan.

De acordo com o Infobae, Pequim só descongelará o crédito de US$ 6,5 bilhões, quando Milei fizer, pelo menos, dois gestos. O primeiro, mais simbólico, seria uma visita à China ou um encontro em outro lugar com Xi Jinping.

O segundo, mais concreto, seria a confirmação de que a Argentina comprará caças chineses JF-17 para renovar sua frota. O negócio foi encaminhado pelo governo anterior, mas o Ministério da Defesa de Milei sinalizou, nesta semana, que pode comprar caças americanos F-16 operados hoje pela Dinamarca.

Para piorar, enquanto aguarda atitudes mais pragmáticas de Milei para desfazer o mal-estar causado pelos ataques durante a campanha presidencial, a China decidiu chamar de volta seu embaixador em Buenos Aires, Wang Wei. Na etiqueta da diplomacia mundial, isso equivale a uma baita geladeira.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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