Argentina

Javier Milei beija a mão da China: Presidente argentino quer ajuda de Xi Jinping para pagar FMI

12 dez 2023, 17:09 - atualizado em 12 dez 2023, 17:09
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Caindo na real: Javier Milei, novo presidente da Argentina, recorre à China para pagar o FMI (Imagem: Divulgação/ Casa Rosada)

Bastaram apenas dois dias desde sua posse para que Javier Milei, o novo presidente da Argentina, abandonasse uma de suas promessas mais histriônicas de campanha: a de não se relacionar com “países comunistas”. O ultraliberal quer a ajuda da China, hostilizada durante toda a campanha eleitoral, para pagar o FMI (Fundo Monetário Internacional), além de outras obrigações.

Segundo o site Infobae, Milei encontrou-se ontem (11) com Wu Weihua, enviado por Pequim para sua posse no domingo (10), e lhe entregou uma carta endereçada ao presidente chinês, Xi Jinping. Trata-se de um pedido para que a China renove o acordo de swap cambial que mantém com a Argentina.

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Caso o pedido seja aceito, Milei poderá converter parte das reservas em yuanes, a moeda chinesa, em dólares para pagar uma parcela do empréstimo concedido pelo FMI, bem como quitar importações.

O acordo de swap cambial foi selado entre os dois países em 2009, quando Christina Kirchner presidia a Argentina. Desde então, foi renovado cinco vezes. Inicialmente, a parceria visava apenas pagar as transações bilaterais, dispensando a necessidade de converter yuans e pesos argentinos para o dólar.

Foi durante o governo de Maurício Macri, que se tornou um dos grandes fiadores do governo de Milei, que os swaps chineses ganharam uma nova função. Em 2017, logo após assumir a presidência, Macri autorizou o Banco Central da Argentina (BCRA) a converter parte dos yuanes em dólares para quitar compromissos e recompor as reservas internacionais.

A partir daí, esses derivativos de câmbio passaram a ser cada vez mais importantes para estabilizar a moeda e sossegar o mercado. O problema é que a Argentina precisa negociar autorizações especiais da China, sempre que recorre à conversão de yuanes em dólares para quitar outros compromissos, que não sejam o pagamento das importações chinesas.

Esse mecanismo se tornou tão importante, que, atualmente, cerca de 80% das reservas argentinas são compostas pelo yuan.

Milei pede ajuda à China: Suspense sobre empréstimo de US$ 5 bilhões

Um problema adicional para Milei é que, como a balança comercial é favorável à China, mesmo o acordo de swap cambial encontra-se, atualmente, deficitário do lado argentino. Traduzindo: o BCRA não conta com yuans suficientes para pagar converter em dólares e pagar o FMI.

Pouco antes de encerrar seu mandato, o então presidente Alberto Fernández fechou um acordo para Pequim emprestar o equivalente a US$ 5 bilhões. Xi Jinping, contudo, decidiu reter a remessa do dinheiro até o desfecho das eleições argentinas.

Assim, além de pedir permissão dos chineses para converter yuanes em dólares, Milei precisa, também, convencê-los a liberar os US$ 5 bilhões prometidos a Fernández. Para quem passou a campanha toda hostilizando o maior parceiro comercial da Argentina, e prometendo que não manteria relações institucionais com “comunistas” ou que não seguissem o ideário da democracia liberal, Milei está tomando um choque de realidade.

Economistas e analistas políticos argentinos dão como certa a concordância da China, que tem se comportado e modo muito pragmático para expandir sua influência global. De qualquer modo, a situação deixará uma amarga lição para o anarcocapitalista que comanda nossos vizinhos.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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