Economia

China também vive risco de racionamento de energia (o que pode abalar recuperação econômica)

16 set 2021, 13:12 - atualizado em 16 set 2021, 13:12
China
A segunda maior economia do mundo pode não ter carvão e gás natural suficientes – usados para aquecer residências e operar fábricas (Imagem: REUTERS/Tingshu Wang)

A China corre o risco de enfrentar outro inverno de escassez de energia que poderia abalar a recuperação econômica do país em meio à escassez global que impulsiona os preços dos combustíveis.

A segunda maior economia do mundo pode não ter carvão e gás natural suficientes – usados para aquecer residências e operar fábricas – apesar das medidas no último ano para estocar combustível.

Ao mesmo tempo, rivais no norte da Ásia e na Europa competem por suprimentos cada vez mais limitados. A demanda por aquecimento aumentará quando as temperaturas caírem nos próximos meses no hemisfério norte, o que pode levar a um racionamento de energia semelhante ao observado no inverno passado e no verão.

Um déficit de energia e preços muito altos podem prejudicar indústrias chinesas, abalando ainda mais o frágil crescimento econômico depois que controles rigorosos para combater o coronavírus reduziram gastos e viagens dos consumidores.

Na pior das hipóteses, famílias podem não conseguir aquecimento suficiente para ondas de frio, embora analistas digam que o governo sacrificaria a produção das fábricas para manter o abastecimento de residências.

“É provável que algumas províncias do sudeste da China enfrentem outra onda de cortes de energia durante os dias mais frios”, disse Hanyang Wei, analista da BloombergNEF, por e-mail. “O suprimento de carvão mineral foi apertado ao longo do verão de 2021 e ainda não está normalizado.”

Os preços da energia de Pequim a Londres dispararam com a retomada das economias após os lockdowns da pandemia, impulsionando a demanda justo quando a oferta está diminuindo.

O rali global deve se acentuar no inverno, quando a demanda no hemisfério norte atinge o pico, o que pode prejudicar a recuperação econômica global e acelerar a inflação.

No início da semana, o Goldman Sachs quase dobrou sua previsão para o preço do carvão asiático de referência de outubro a dezembro. Parte do motivo é um combustível rival: a taxa à vista do norte da Ásia para o gás natural liquefeito quintuplicou no último ano e é comercializada no nível sazonal mais alto já registrado.

“Se os preços do carvão e do gás permanecerem em níveis elevados durante o próximo inverno, o risco de uma crise de energia será alto”, disse Lara Dong, analista da IHS Markit.

bloomberg@moneytimes.com.br