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O que a Cielo está fazendo para tirar o atraso em relação à concorrência?

17 jul 2021, 11:15 - atualizado em 19 jul 2021, 22:27
Cielo
Apesar disso, o analista vê a Cielo como uma empresa menos ágil do que os novos entrantes (Imagem: Cielo/Youtube)

A Cielo (CIEL3) enfrenta uma concorrência avassaladora de maquininhas de pagamentos sem taxas que invadiram o mercado nos últimos anos, perdendo a soberania que detinha. Mas a companhia dá mostras de que não quer ficar para trás.

O BTG Pactual conversou com o CEO Gustavo Sousa sobre o futuro da empresa e os principais desafios para torná-la mais moderna e tirar o atraso em relação aos concorrentes.

“Cielo definitivamente melhorou muito nos últimos anos, uma vez que anteriormente estava atrasado em relação aos outros operadores históricos. Nós realmente gostamos da mensagem do executivo de que “a Cielo é dona do seu destino” e que não há “tabus” ou limites ao que pode fazer em relação a possíveis conflitos de interesse com seus bancos de controle (Bradesco e Banco do Brasil)”, aponta o analista Eduardo Rosman.

Apesar disso, ele vê a Cielo como uma empresa menos ágil do que os novos entrantes, com vários desafios e dificuldades em atrair talentos, enquanto a estrutura acionária pode continuar a ser um problema.

O BTG tem recomendação neutra para as ações, com preço-alvo de R$ 4,20.

Diminuir para crescer

O desinvestimento de sua subsidiária nos Estados Unidos, a MeS, é sempre citada como um fardo para a Cielo. O executivo afirmou que a recuperação da empresa (turnaround) já está concluída e que a prioridade da companhia será as operações do Brasil.

“Então, de nosso entendimento, é possível que o MeS esteja à venda, representando um gatilho positivo para o estoque”, afirma.

Tirando o atraso

O analista lembra que a Cielo costumava ficar atrás de outras operadoras em termos de qualidade de serviço. Mas ao longo dos últimos anos, conseguiu empregar um novo ritmo aos seus negócios.

“A empresa é possivelmente o adquirente mais eficiente em termos de custo por transação, e um caminho pode ser buscar serviços mais caros, mas com melhor qualidade”, aponta.

Até o momento, a Cielo tem trabalhado para oferecer aos clientes o chamado “valor-serviços agregados”, que são basicamente soluções de software para segmentos específicos de varejo, o que pode melhorar a retenção de clientes e a lucratividade no futuro.

Economia começa a alçar voo

Um dos principais gatilhos de crescimento para a empresa deverá ser a retomada econômica.

De janeiro a abril, o varejo certamente lutou com bloqueios, mas muito menos do que o que os vistos no ano passado, e a situação começou a tender para a normalização a partir de maio.

Ao mesmo tempo, a agressividade da concorrência sobre os preços aumentou no segundo trimestre.

“Isso eleva a “sensação de urgência” para melhorar a qualidade do serviço, o que ajudará a Cielo a reter clientes sem ter que competir apenas em preços”, aponta.

Whatsapp Cielo
Em relação ao pagamento via WhatsApp, até o momento, a experiência tem sido boa (Imagem: Divulgação/WhatsApp)

Cateno controlada e WhatsApp rendendo bons frutos

Segundo o executivo, os custos da Cateno diminuirão para os próximos trimestres.

Além disso, em termos de receita, a recuperação da economia também será um importante impulsionador dos resultados da joint venture com o Banco do Brasil.

Em relação ao pagamento via WhatsApp, até o momento, a experiência tem sido boa. No entanto, não espere nenhum grande impacto para a Cielo, já que o aplicativo está adotando uma postura cautelosa para oferecer o serviço à sua base de usuários.

“Lembramos que o Banco Central ainda não aprovou transações P2M (o pagamento entre pessoas e empresas) no aplicativo, o que significa que a Cielo pode perder a vantagem de ser pioneira no projeto”, argumenta.

Ameaça do PIX?

Sobre o PIX, que já caiu na graças dos brasileiros, o CEO afirmou que a modalidade não resultou em receitas menores, já que é apenas um entre vários meios de pagamento.

Ele não espera que o PIX reduza o volume do cartão de débito nominalmente, mas, a longo prazo, poderia trazer menor crescimento para a linha, eventualmente canibalizando até 30-40% do débito TPV a longo prazo, conclui.

Errata: o encontro ocorreu com o CEO Gustavo Sousa e não com o conselheiro que renunciou Gustavo Souza. O texto foi corrigido às 17h30.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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